Procurador de coisas

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pra ser sincero...

Recentemente, passei por um processo para a retirada de um cálculo renal. É algo que não gostaria de ter passado. É um processo incômodo, doloroso, tem sonda, tem catéter, tem ardência, dor... O que me conforta é saber que agora os incômodos passaram e que isso foi necessário pra que eu não sentisse uma dor maior e consequências piores.

Creio que a sinceridade é um pouco assim. Ela pode ser apontada como um preço a ser pago. Palavras verdadeiras, com as cartas colocadas na mesa de fato, às vezes doem. A verdade incomoda, machuca. Às vezes, dói dizer, às vezes, ouvir, às vezes, ambos. Dizer palavras sinceras quase sempre é uma decisão difícil a ser tomada porque temos a tendência a manter o conforto pelo maior tempo possível, contando com que as coisas se resolvam por elas mesmas. Fazemos isso porque, em muitas vezes, as coisas se diluem mesmo no tempo, mas tem vezes que isso não acontece. A pedra no rim pode ser pequena demais e ser eliminada naturalmente. Ela vai causar dor por um instante, mas vai embora. Mas a pedra pode atravancar todo o sistema e causar dores piores. As consequências a gente vê lá na frente...

Não ser sincero com alguém é fazer com que a pessoa caminhe com olhos vendados, pisando onde não se deve. A sinceridade mostra às pessoas as atitudes que devem tomar, as condutas a seguir, as palavras a dizer, se ela deve ter iniciativa ou se conter, se deve se aproximar ou se afastar. Isso pode deixar ambos atordoados no começo, mas certamente as coisas vão se encaixar.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mas quais são as palavras que nunca são ditas?

Cuidado, muito cuidado quando for cobrar algo de alguém. Aprendi mais essa lição. E de lição em lição a gente vai melhorando, ou tentando. Ontem, estava eu agoniado sem saber porque. Acho que toda vez que se aproxima o meu aniversário vou ficando assim, numa espécie de TPA. Foi um dia difícil. Senti muita dor física durante todo o dia, o calor estava insuportável. Banhos não davam jeito, analgésicos também não. Corpo cansado se aliava a uma mente ansiosa, cansada e um coração que, momentaneamente se sentiu vazio. Tudo que eu precisava naquele momento eram algumas palavras, umas poucas palavras que fizessem a diferença no meu dia.

Tem horas que tudo que precisamos é ouvir umas poucas palavras sem importância, sem profundidade, sem eloquência, sem peso de sentimentos, sem romantismo, sem nada. Apenas palavras comuns como "estou aqui". Eu cobrei isso, eu quis isso, o mínimo. Mas a gente aprende mesmo, né? Momentos ruins como esses deletam das nossas memórias todo e qualquer bom momento que preencheu os nossos vazios. Putz! Que egoísmo. Eu ali, querendo algo que me fizesse levantar de um já suado colchão pra dormir cultivando um discreto sorriso ocultado em metade pelo travesseiro. Mas me bastava olhar pra trás e perceber que ela sempre esteve lá pra quando eu precisasse. Ela estava ali naquele momento em que eu precisei e eu me preocupando com palavras exatas, como em um receituário para a alma. Respirei, pensei por um instante e abri bem os olhos. Tive vergonha de não perceber que ela sempre esteve perto. Ela sempre está.

Antes de cobrar de alguém algum carinho especial, uma atenção a um momento difícil, seria conveniente parar e pensar se essa mesma pessoa não nos sustentou até o presente momento. Mais ainda: essa mesma pessoa, objeto do seu amor, deve ser suficiente pra você sem que você tenha que dizer a ela o que fazer. Apaixonar-se por quem a pessoa é e pode dar é o mais justo. Não quero mais cometer o erro de idealizar as boas reações que meu amor deve ter. Ela me faz bem, sempre fez, sempre esteve ao meu lado, jamais me negou o que precisei. Precisamos mesmo buscar em quem amamos exatamente o que podem nos dar e isso ser bom e suficiente. Certamente, sabendo que pode suprir as nossas necessidades, elas se aproximarão cada vez mais e estarão sempre mais disponíveis. Cobrar só vai causar o efeito contrário.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Dedilhada

Alguns dizem que a voz é enjoadinha e que a música é chata. Eu sempre gostei. Sandy é bonita, canta bem, é afinada, tem carisma. Como gosto e como sou músico, resolvi ouvir o álbum "Manuscrito". Muito bom. Peguei no Terra a letra, que está creditada a ela. Não sei, se for, foi boa. O que mostra que não se deve rotular cantores. A letra condiz com o meu momento, além de ser uma bela canção. Eis aí a primeira música do álbum.

Dedilhada (Sandy)

O céu, o chão
Nunca vejo o meio
Qual a razão
De ser o meio termo
Na minha mão
Guardo o meu destino
Eu abro e vou

Eu só sei que não
Quero viver
Uma vida dedilhada
Cansei de pensar demais
E os erros meus
Não são iguais aos erros
Que deixei pra trás
E aqueles velhos medos
Não assustam mais

Meus passos vão
Firmes no caminho
Em direção ao que
Não foi escrito
Intuição
Sopra em meu ouvido
Escuto e vou

Eu só sei que não
Quero viver
Uma vida dedilhada
Cansei de pensar demais
E os erros meus
Não são iguais aos erros
Que deixei pra trás
E aqueles velhos medos
Não assustam mais

sábado, 22 de janeiro de 2011

Tem dia que a gente não quer falar de sentimentos. Hoje é um dia desses. Confesso que tem horas que parece ser inútil expressar o que se sente. Inútil porque parece não atingir o coração da pessoa amada. inútil porque parece forçar nas pessoas um sentimento que elas não têm. Inútil porque isso só afirma as minhas certezas e pra essas eu não preciso de declarações. Minhas certezas tenho no fundo do peito em um lugar bem organizado e seguro, fácil de ser encontrado, no entanto.

Minhas convicções são altamente voláteis. Um mecanismo de defesa e dependência que desenvolvi pra sobreviver. Eu me defendo quando as questões mínimas não são correspondidas, e então, desato o laço que prende todo aquele turbilhão de sentimentos loucos e apaixonantes. Mas isso seria suicídio, pois dependo de tudo isso pra seguir em frente. Então, num movimento ágil de um cowboy, endireito novamente o laço e puxo pelo pé um novo começo.

Hoje, eu não vou confessar o amor, não vou manifestar a paixão, não vou expor a saudade. Hoje eu tô achando essa história de amar uma grande bobagem. Hoje eu quero ficar sozinho no meu quarto sem ouvir o som do telefone. Hoje eu acho amar algo inútil, acho o desejar perda de tempo e a saudade com alto teor de sofrimento. Hoje eu quero sentir tudo isso por mim mesmo, aguentando a dor física e a do coração. Se amanhã eu estiver vivo, talvez eu volte a ser o que era antes.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Amizade

Agora estou profundamente triste. Muitas coisas ruins aconteceram na minha vida nesses quase 35 anos de vida, mas até agora, nenhuma se compara ao que acaba de acontecer. É difícil mesmo.

Amigos há quase 19 anos, como que irmãos, tivemos uma discussão a respeito de um tema do qual meu melhor amigo ficou extremamente chateado, e com razão. Sem precisar expor motivos, só posso dizer que é uma sensação horrível, pois em tantos anos jamais houve tamanho desentendimento. É triste brigar com um cara que sempre foi pra mim exemplo em muitas coisas e de outras com as quais nunca concordei. Esse cara me acompanha desde os tempos de colégio técnico, nas caronas, nos almoços, nas peladas, nas baladas, nas durezas. Dois empregos juntos, duas bandas de rock juntos. E agora, estou aqui, triste por tê-lo decepcionado, não de todo, mas de parte. Somos adultos e isso há de passar. A amizade não vai se abalar, pois existem mais coisas na vida além de um assunto que envolve banda de rock. Na verdade, não é uma mera banda, trata-se de um sonho que eu estava tentando ver como palpável enquanto ele já via as luzes brilhando.

Tudo vai ficar bem. É que realmente estou triste por isso ter acontecido.

"E no meio de tanta gente eu encontrei você"

Pois é. É estranho isso. No meio de tanta gente, não necessariamente chata e sem graça, mas no meio de muita gente. Talvez meu amor se pergunte por que fui escolher alguém tão longe, tão complicado de se ver, de se comunicar. Apesar de nossa vida ser feita de escolhas, eu não escolhi isso. Fui naturalmente sugado pra esse furacão chamado Aracely. Hoje, um furacão. Mas de início, soprou como a agradável brisa do mar batendo sobre mim, deitado em uma  rede sob sombras de Casuarinas. Eu não escolhi Aracely, talvez nem ela a mim. Mas alguém tão agradável, tão meiga, tão doce, tão linda acabou se tornando um natural convite ao deleite. Os impactos da vida foram facilmente absorvidos pelas tranquilas e refrescantes águas da sua alma de menina. Ela não sabe, mas ela me trouxe uma tranquilidade no coração que há anos não sentia.

Outro dia, com muito medo, eu disse que a amava. Foi um dia tenso. Eu me arrependi de ter dito aquilo. Fiquei assustado, assustei. Mas era apenas um copo transbordando. Um copo que ela foi enchendo, enchendo, gota a gota e o transbordar se transformou em palavras que não pude evitar. Ah, minha Aracely, ah, amor meu. Por que se assustar se você mesma viu esse copo se encher e percebe que o seu se enche da mesma forma, faltando apenas transbordar? E esse transbordar é suave, que faz escorrer gota a gota, sem que todo o conteúdo se agite. Não. Nada de tempestade em copo d'água. As tempestades se foram. Agora quero que a calmaria se assente ao nosso lado.

Meu amor não tem noção do realmente é. Parece não se dar muito a limpar espelhos, pois não consegue enxergar a própria beleza. São sabe o quanto é raro o seu cabelo, o quanto é lindo o seu sorriso, o quão singelo é seu rosto e como são perfeitas suas medidas. Medidas: ela se preocupa um pouco com isso. Ah, meu amor. Você é uma mulher completa, verdadeiramente sob medida. A medida certa pra dar e receber amor. Você comporta o conteúdo exato do melhor que alguém tem a dar. Um pacote de virtudes e defeitos, beleza e imperfeição, simplicidade e sofisticação. Você tem a medida certa pra cada coisa.

Talvez, amor meu, você leia tudo isso dando boas risadas, pensando. Ele é louco? Como pode ver tudo isso em mim? Ah, meu anjo. Eu não te vejo como você se vê, menos ainda como os outros te veem ou te viram. Eu vejo um linda mulher, mas não só isso. Eu vejo uma mulher especial, mas não só isso. Eu vejo uma boba enciumada, uma tímida que não diz "eu quero", mas não só isso. Vejo, sim, uma mulher gostosa, uma delícia, mas não só isso, até porque, isso muitos podem ver. Eu não vejo uma mulher perfeita, mas ideal apesar dos defeitos. Eu vejo em você, Aracely, a chance de ser feliz e fazer você feliz, porque eu vejo em você o que realmente importa e gosto de demonstrar isso, mesmo que eu pareça um ridículo, mesmo que eu me exponha ao choro.

Ah, eu quero fazer essa mulher feliz, quero fazer parte do seu mundo e que ela faça parte do meu. Quero consolar seu choro, dar bronca nas malcriações, quero que ela me deseje não só nos momentos carência, quero andar de mãos dadas por aí, simplesmente falando sobre a vida. Quero ser seu porto seguro, alguém em quem ela possa confiar, chorar comigo, sorrir comigo. Quero fazer cócegas, mesmo sem saber se ela sente. Quero dizer besteiras só pra ouvir o seu ra-ra-rá. Quero que ela sempre seja a inspiração das minhas canções. Quero preparar jantares à luz de vela, piqueniques com direito a invasão de formigas, caminhar no parque, viajar. Quero fazer com ela todas as coisas normais e loucuras anormais que um casal feliz é capaz de fazer.

Aracely. Um nome, pra mim, diferente. Uma situação diferente, um amor diferente, sensações diferentes, saudades diferentes. Aracely, por essas e muitas outras coisas se tornou especial pra mim. É tão contagiante que se tornou especial pras minhas amigas, pro mundo que me cerca. Ela me deixa feliz, muito feliz. Ela tem medo de mostrar o que sente, um pouco. Isso é dela, e faz parte do seu encanto e charme. É um tempero que dá ao mistério de amar. Só espero duas coisas do meu amor. Que ela aceite o meu pedido e diga a frase que eu, ansiosamente, espero. Vou me comportar até lá, cultivando cada momento e valorizando cada frase ouvida ou escrita. No dia que isso acontecer, as fronteiras se abrirão e um novo livro dará origem à uma linda história que desejo viver com esse amor até o final dos meus dias.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Palavras agradáveis são sempre boas de serem ouvidas. Pequenos gestos fazem a diferença. Atitudes nos disparam o coração. Sexo é uma expressão do pleno prazer corporal. Mas tem algo que gosto demais e acho que tem grande valor num relacionamento.

Eu adoro beijar e por isso me "especializei" em beijar bem. Eu não falo de beijo casual, daqueles que a gente dá em balada. Eu falo de beijo entre duas pessoas que tem recíproco sentimento. O beijo tem o poder de transmitir. É possível fazer sexo sem beijo, pois o sexo em si é uma "mera" expressão de prazer corporal. Muitos casais mantém uma vida sexual sem beijos, como se fosse mera obrigação. Isso porque o beijo é capaz de transmitir toda a intensidade de sentimentos. Isso é muito fácil de se saber. Quem nunca deu aquele beijo apaixonado? Aquele beijo tão suave que chega a fazer cócegas. É só pararmos um pouco pra lembrar um beijo que tivemos com aquela ou aquele que foi o grande amor da nossa vida.

Parei por uns instantes agora e fechei meus olhos pra imaginar como será o meu primeiro beijo com minha amada de Breves. Aí eu paro pra imaginar a textura, o sabor, a suavidade, o calor da boca dela. Posso imaginar um lugar um silêncio envolvendo todo o ruído externo e prestar só atenção nos mínimos sons promovidos pelos suaves toques de nossas bocas enquanto ouço sua descompassada respiração, percebendo seu suave hálito de mulher entregue ao momento prazerozo do beijo. Os olhos fechados enquanto minhas mãos se entrelaçam em seus cabelos lindos, e negros, conduzindo sua nuca aos movimentos mais singelos, procurando cada espaço de nossas bocas.

Voltando à realidade, infelizmente, como um verdadeiro amante do beijo, digo que ele é o transmissor dos sentimentos. Não existe forma mais íntima e não verbal de se dizer "eu te amo". Experimente responder à pergunta "você me ama?" pedindo à pessoa que feche os olhos e a surpreenda com um beijo bem apaixonado. Duvido que não será convincente!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

E quando acho que estou quase chegando...

"Em você eu confio. Não confio é nele(a)". Quantas vezes a gente já ouviu ou falou isso, né? Ciúme, puro ciúme. Sejamos honestos, o ciúme nada tem a ver com a pessoa alheia e sim com  a que gostamos. Essa história de transferir para a uma terceira pessoa a culpa do nosso enfurecimento amoroso é pura fuga. O que realmente nos incomoda é o que se passa na cabeça da pessoa que amamos. Ficamos loucos só de imaginar que essa terceira pessoa passeia pelos mais vagos pensamentos do nosso amor. Piramos com a possibilidade de a pessoa amada seja balançada com qualquer que seja a atitude desse terceiro elemento.

Percebi isso quando enfim, depois de 35 anos, tive ciúme de alguém. A sensação não é nada boa. É uma tensão aliada ao desespero contido. É como se eu gritasse inutilmente em um casa de surdos implorando por socorro. Não há o que fazer. Não tem como invadir o pensamento da pessoa que gostamos e arrancar as possibilidades. E mesmo que houvesse como, tais pensamentos poderiam brotar novamente como mato. Eu não soube lidar com isso, por enquanto. Tenho buscado saídas desde então. Encontrei uma brecha na teoria de que o meu valor é maior do que de qualquer outro e se a pessoa ocupa o pensamento com quem não deve, a perda não é minha. Minha luta será essa: sobrepor o meu valor sobre o medo. Porque o que rola, na verdade, é medo de que um terceiro tome conta do nosso lugar no pensamento dele ou dela. Mas vou tentar me concentrar em mim.

"Posso até ficar triste, se eu quiser
É só por hoje, ao menos isso eu aprendi"

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ghost: desse lado da vida...

No momento, meu coração está angustiado. Há um castelo diante de mim. Nele há um velho e conhecido dragão. Ele tem duas cabeças, incontáveis olhos que me conhecem, não deixam nenhum detalhe escapar. Suas línguas são como chicotes elásticos, ágeis para se enrolar em minhas pernas enquanto tento fugir. O dragão eu enfrento. Embora assustador, conheço suas manhas, entendo seus macetes e sei me defender. Não fujo dele.

Tenho medo de outra coisa. Um fantasma ronda a minha cabeça e deixa que sua atmosfera de penumbras pareça real. Sua presença, aparentemente abstrata, se mostra sólida e incontida. Posso sentir o odor horripilante nos seus rastros e a frieza do seu vulto passando depressa ao lado dos meus ombros. Eu me mantenho congelado, estático, sem saber o que fazer diante de algo tão medonho. Ele sabe se fazer presente e me manter paralisado enquanto me suga as energias. Ele me envolve com sua cortina de fumaça gris e embaça minha visão enquanto resseca minha garganta. Eu fecho os olhos não só pelo medo, mas pelo ardor que sua essência transcendente causa. Ele muda de lugar tão rapidamente que não consigo proteger meu tesouro. Eu seguro firme a caixa fechada à chave onde repousa em delicada almofada o meu maior bem. Tento segurar firme mas sua névoa umidece minhas mãos e meu receptáculo precioso cai. Ele brinca comigo, zomba de mim apenas se aproximando do meu tesouro, sem tocar, apenas rodeando sem permitir que eu chegue mais perto para recuperá-lo.

Ah, eu não tenho medo de dragões, pois podem ser atingidos e posso vencê-los enquanto têm seus sonos profundos onde recuperam suas magias. Mas temo os fantasmas que vão e voltam a hora que bem entendem. Tudo que eu quero é matar esse dragão e conseguir a chave desse castelo assustador. Quero a paz de um lugar onde ninguém possa me assombrar.

Sonho: estrada pra realidade

"Nunca deixe que lhe digam
Que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos
Nunca vão dar certo
Ou que você nunca
Vai ser alguém..."

E por mais absurdo e louco que possa parecer o sonho, ele pode dar certo. A questão é essa mesmo: não se trata de "se" vai dar certo, pois o "se" não existe. Trata-se de valer a pena tentar, acreditar. A gente joga uma partida de futebol ou de buraco, a gente viaja o fim de semana sem saber se vai chover, a gente encara a montanha russa com medo, a gente se apresenta num palco sem saber o que vai pensar o público. Mas é bom jogar, é bom viajar, é bom se divertir e é bom subir num palco. Tudo isso independente do resultado.

As sensações que permeaim  o processo que leva à realização de algo são uma mistura interessante. Acreditar no sonho, às vezes é ir contra a esperança, é lutar contra as possibilidades, experimentar as expectativas, sentir o frio na barrica de arriscar, sofrer os golpes e assimilá-los. Ao mesmo tempo, sofrer tudo isso é ter a sensação de estar sempre mais próximo, mesmo que o passo seja pra trás. Os contratempos são ignorados, assim como a esperança renovada vai se sobrepondo ao cansaço.

Sonhar é bom porque nos sonhos os obstáculos nem existem. Só existe a meta e pronto. E correr atrás dos sonhos é sempre válido. Pode valer por esperar tanto e conquistá-lo, mas o sonho nem sempre é alcançado. E se não for? Como sonhar novamente? Creio que deve-se aprender com a perda e não se conformar com ela. Se não aconteceu, deve-se sentir o gosto amargo do "fracasso" como elexir restaurador. Da mesma forma que as conquistas devem nos motivar a outras, os fracassos devem nos mover a não nos conformar com as mãos vazias. Além do que, tudo que é feito pode servir de atalho para a próxima tentativa. Dessa forma, podemos ver que o esforço nunca é vão.

Eu sonho e retroalimento esse sonho sempre. Não estou perdendo tempo, não. Se tudo der certo, tudo se tornará numa linda realidade. Se der errado, saberei onde pisar melhor da próxima vez e buscarei o que quero em outro lugar. O que não dá é pra não sonhar, porque sem o sonho a nossa realidade está solta ao acaso.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Dizem que soy loco

"Se eu queria enlouquecer, essa é minha chance..."

Ah, as loucuras. Elas, às vezes, desvendam mistérios, libertam, abrem os olhos. E eis que uma grande amiga com baixíssima autoestima é surpreendida por um beijo seguido de uma declaração de amor. Se é verdade? Se foi sincero? Isso não saberei, nem ela. Ao menos por enquanto... Fato é que isso abriu seus olhos para perceber que outras pessoas poderiam, e por que não, se interessar por ela. Mesmo que não houvesse sinceridade nas palavras apaixonadas, mesmo que fosse uma mera conquista pra algo momentâneo, ainda assim, eis o interesse como mulher, valorizando sua beleza.

Tudo aconteceu num momento de loucura. Não dela, mas foi uma loucura. Numa dessas loucuras, descobri alguém muito especial, de muito longe. Está sendo bom me sentir amado novamente e poder retribuir com as mesmas sensações. Distância e dificuldade na comunicação são apenas um tempero a mais nessa relação louca e ao mesmo tempo sólida. As sensações de aceleração dos batimentos, o brilho nos olhos, a cara de bobo, o bom humor acima de qualquer coisa, o lema do "nada me aborrece"... tudo! As sensações são as mesmas, como se ela estivesse aqui. Claro que não falo das coisas de pele, de olhar, de sussurro, de respiração próxima, de abraço e de sentir juntos os corações batendo. Mas a essência do que move um relacionamento, isso eu posso sentir. Talvez haja quem diga que não é a mesma coisa. Será? Se não é, então por que sinto? Se eu, que já tive tudo isso com alguém próximo, estou tendo exatamente a mesma coisa, como pode ser impossível?

No post anterior, eu falei sobre ter certeza de sentimentos. Eu já experimentei o amor, já vivi isso e garanto que saudade, emoção, brilho nos olhos, taquicardia, risadas, prazer em conversar, desejo de estar perto... tudo isso se mantém intacto numa relação à distância. Não, amigos. Eu não estou perdendo meu tempo, estou investindo. Eu permito que chamem de loucura, porque é mesmo. Mas quero descobrir por mim mesmo a face real dessa loucura, experimentar cada momento, conhecer os prós e os contras, como em tudo na vida. Quem não cai da bicicleta não aprende a andar. Os tombos vão fazer parte perto ou longe.

Minha amiga pode descobrir, quem sabe lá na frente, que está apaixonada e que as declarações recebidas são verdadeiras. Mas sei que as decepções do passado, a fragilidade do presente e as incertezas do futuro farão com que ela meça os seus passos, até porque, as loucuras têm seu tempo, suas ocasiões. Eu me vi no meio de uma e ela me abraçou como um belo convite a uma Coca-Cola estupidamente gelada num sol de 40° da praia. Quando me vi, já estava sentado à mesa da loucura trocando com ela as mais íntimas confissões. O que essa história vai me render eu não sei. Se será ela a mulher do resto dos meus dias? Bem, eu espero que sim. A face reveladora da loucura me dirá isso. O que eu sei é que nunca vou me arrepender de tentar ser feliz.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

"Sem amor, eu nada seria"

É bom não mentir pra sua própria negação
A dúvida já é uma decisão

Esses são dois versos de uma letra que fiz e que nunca virou música. Escrevi isso pensando que em poucas coisas na vida temos certeza, fora a morte, e creio que uma delas seja o amor.

Fala sério! Quem de nós nunca amou de verdade? Se alguns de nós não sabem explicar o que é o amor é outra história. Mas querer muito alguém, pensar o dia todo, principalmente antes de deitar e na hora que se abre os olhos pela manhã... ah, isso todo mundo, pelo menos os normais, já sentiram. Diante disso, sabemos afirmar quando realmente estamos apaixonados por alguém. É a certeza que dá saudade, que faz com que o coração acelere, que nos deixa felizes com pequenos gestos. Sintomas de que realmente gostamos de maneira diferente de alguém, penso eu. Uma vez experimentado isso, pode acontecer novamente depois. O amor, nessa esfera, é uma totalidade, assim como não existe semivirgem, não existe semiamor.

Quando alguém diz não saber se ama ou não alguém, das duas, uma: ou ela está escondendo das pessoas o amor que sente, no caso, não admitindo nem a si mesmo, ou simplesmente a pessoa não ama (ou não ama mais). Podemos dizer isso baseado na experiência de já ter sentido o amor antes. Basta comparar. Isso de que por Fulano era assim, e com Beltrano é diferente é meio conversa. O amor nos fulmina, nos derrete, nos faz ficar meio idiotas, mesmo que em alguns momentos. Nem a maturidade estraga isso. Eu pensei que as borboletas deixassem de bater no estômago, mas elas batem com a mesma intensidade suas asas, colorindo nosso interior. O que muda é a maneira com a qual lidamos com isso. Somos mais contidos e tentamos nos precavir contra os infortuitos de uma possível decepção. A dor não nos faz amar menos, nem demonstar menos. A gente se joga mesmo no abismo, mas carregamos um belo paraquedas...

Penso eu que o amor é exato, é botão liga/desliga. Ele pode até variar de intensidade de pessoa pra pessoa, mas ainda assim é amor. Não entendo o medo de amar. Amar é bom e, mesmo que traga consequências, creio eu que, ainda assim, são melhores do que as de não experimentá-lo. Entre o risco de não ser feliz com alguém e a certeza de ser infeliz sem ninguém, qual opção parece mais lógica? As experiências tem que nos ajudar, não atrapalhar. Sem contar que, o que passamos foi em outro tempo, com outra pessoa, em outro lugar. O novo é sempre a oportunidade de criar uma nova página na nossa história. Eu amo e não me envergonho disso. Sempre tentarei ser feliz e pagarei o que valer a pena. E, no fundo, todos nós sabemos que o amor vale a pena.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Tolerância zero

Quem não recebe sempre aquelas perguntas idiotas? Não aquelas que indicam meramente ênfase, mas aquelas que a gente ouve durante semanas, meses, anos... A gente, que foi educado, responde numa boa. Mas tem horas que a vontade é de dizer outra coisa. Pra quem tem retocolite ou alguma outra doença específica, sempre tem alguém que faz aquela pergunta... e sempre rola o desejo de dar aquela resposta...





Você tem o que? Reto o que? Que isso?

Resposta completa: O nome é retocolite. É uma doença inflamatória intestinal  chamada de autoimune. Em resumo, é como se meu organismo não reconhecesse meu intestino como meu, mas como um invasor e o ataca. Ocorre sangramento, muita dor, semelhante à da cólica renal, além de diarreia. Não tem cura, apenas tratamento.

Resposta resumida: É uma doença crônica intestinal sem cura. Causa dor e sangramento.

O que dá vontade de dizer: Procura no google...

Você já procurou outro médico pra saber se tem outro tratamento?

Resposta completa: Já sim. Na verdade já fiz tratamento com um médico que é uma autoridade no assunto. Ele tem mais de 20 anos só de especialização em retocolite e Crohn. Já passei por vários médicos. Hoje, me trato com o Dr. Paulo Marcelo, que participa da equipe que trata o ex-vice-presidente José Alencar. O tratamento que faço é o mais adequado, são os remédios mais avançados para a doença.

Reposta resumida: Claro. Médicos especialistas na minha doença. Uso o mesmo remédio há sete anos.

O que dá vontade de dizer: Não. Há 12 anos convivo com a incerteza de que esse médico pode sequer ser formado de verdade. Na verdade, a retocolite é mais uma cisma minha, pois acredito mais no médico do Hospital Estadual Rocha Faria, quando fui à emergência. Ele disse que tenho giardíase.
(Voltando ao trabalho depois de um período de licença) E aí, cara? Melhorou?
Resposta completa: Pô, cara, nem fala! Depois de quatro meses sofrendo, tô bem melhor agora. Ainda longe de estar 100%, mas vamos ver, né? Espero estar apto para o trabalho.
Resposta resumida: Melhorando, melhorando...
O que dá vontade de dizer: Na verdade eu piorei muito, mas na perícia do INSS acharam melhor eu voltar ao trabalho debilitado e, quem sabe, não melhoraria fazendo esforço e tendo aborrecimentos? É um risco que tenho de morrer, mas e se der certo, hein?

Cara! Você pode comer isso? Não te faz mal? com a variação. Você não tem que fazer dieta?

Resposta completa: Na verdade, não tenho restrições alimentares. Não é uma doença que se comporta igual em todo mundo. Em algumas pessoas, a restrição chega a ser severa. Evito apenas comidas condimentadas, mas não sou proibido. Leite em tempo de crise não é bom também.

Resposta resumida: Posso, sem problemas. Eu apenas evito a pimenta.

O que dá vontade de dizer: Óbvio que não, mas essa é uma técnica suicida. É uma maneira de acelerar o processo da doença, sentir mais dor, causar mais internações, afinal, prefiro todo esse sofrimento do que deixar de comer carne vermelha, embutidos, café e outras comidas que fazem mal não só a mim, mas a qualquer pessoa, inclusive você que tem problemas de estômago e cardíacos.


Ah! Sei, sei. Você tem problema de estômago, né?

Resposta completa:  Não tem nada a ver com estômago, não...rs. Meu problema é mais embaixo, no intestino. Aí acaba que preciso faltar alguns dias.

Resposta resumida: Estômago, não. Intestino.

O que dá vontade de dizer: Estômago, sim. Afinal de contas, na 7ª série a gente aprendeu que o sistema digestivo se resume a: estômago!

Com suco de Aloe vera você iria ficar bom rapidinho...

Resposta completa: Na verdade, isso pode até se tornar um problema, pois uma cicatrização rápida do intestino pode engrossar suas paredes, causando constipação. Não é bom sair tomando coisas assim.

Resposta resumida: Não posso tomar suco de babosa.

O que dá vontade de dizer: Sério? E eu aqui perdendo um tempão com médicos, gastando uma baba com remédios, passando por internações, sofrendo dores e efeitos colaterais dos corticoides? Como é que a comunidade médica ainda não viu que um simples suco de uma planta espinhenta cura retocolite?

Tá gordinho, hein? com a variação Que carinha inchada é essa de cachaceiro?

Resposta completa: Eu até ganho um pouco de peso sim, porque um dos efeitos da prednisona é o aumento do apetite, e como estou em crise, estou em uso de uma dose meio que cavalar. Além disso, o corticoide causa retenção de líquidos e dá esse aspecto de inchaço. É ruim, porque além disso tem outros efeitos complicados.

Resposta resumida: Pô, nem fala... esses remédios me deixam muito inchado

O que dá vontade de dizer: Pois é. Isso é meio óbvio, né? Porque comendo mal, dormindo mal e cagando 20 vezes por dia, com sangue, dor e sofrimento, a lógica é engordar mesmo!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Vão falar mesmo...

Anos atrás, eu usava o cabelo penteado pra trás. Isso era no tempo do colégio. Um belo dia, acordei e deixei o cabelo secar natualmente e ele ficou todo pra frente. Logo começaram a me chamar de Chico Bento. Passaram-se os anos, a moda mudou e lá estou eu com um moderníssimo cabelo pra frente, todo picotado. Mas eis que um belo dia, eu resolvi pentear o cabelo pra trás, como antigamente. Então, me chamaram de Zezé di Camargo. Então, fiquei pensando na velha situação...

Imagine eu com uma nova namorada. Então, passo em frente aos meus colegas. O que fazer? Não importa! Se eu passar por eles e não falar, serei metido. Se eu falar, é pra exibir a namorada nova. Não adianta. tem horas que a gente tem que ligar o sinalzinho do (vamos usar um termo técnico) dane-se! A vida em sociedade nos "exige" uma certa postura de vez em quando, mas tem horas que a nossa conduta não faz diferença. Aliás, pode fazer sim. Pode fazer com relação a nós mesmos, mas tem vezes que a reação social será ruim de qualquer forma porque a sociedade tem a cultura pra isso, infelizmente. Seja um cara centrado no seu trabalho, não dado às brincadeiras e você será tachado de antissocial. Tente ser um cara brincalhão e logo te verão como um cara sem postura e que só serve pra mostrar os dentes. Isso se não disserem que seu sorriso é falso. Tente gostar das coisas loucas e dirão que você não tem regras. Tente gostar de moda e ser antenado e dirão que você é fútil. Se você é funcionário público, é vagabundo. Se é músico, te perguntam : "Tá, mas qual a sua profissão?". Fumando você pode tirar onda pra uns e ser ridículo pra outros. Se bebe, tem quem te pergunte se existe necessidade pra aquilo. Como diz um amigo meu, cujo pai nega sempre as coisas pelo argumento de "não tem necessidade disso": "Meu pai acha que temos que viver pra comer, mijar e cagar, só as necessidades". Não, não tem necessidade de se beber, mas e daí?  Já fui apontado por ser o único a não beber em uma roda de amigos e já fui apontado pelo motivo oposto. Hoje, sou reconhecido pela minha dedicação à música pelos meus amigos de banda, mas já houve tempo em que isso foi motivo de crítica a mim. Não com eles, mas com outro grupo. O fato de você ser alguém com nível de inteligência acima do normal pode fazer de você uma pessoa admirável ou metida a sábia. Sua maneira de conduzir seu carro pode te tornar um "roda presa" ou uma pessoa prudente. Ser responsável com seus horários pode te tornar pontual ou um intransigente. Homem de brico? Estiloso... ou viado! E por aí vai uma infinidade de coisas que darão margem a mais de uma possibilidade.

Não importa o que a gente faça, sempre haverá gente de todos os lados pra apontar, rotular. As pessoas pegam a gente e fazem um pacote fechado. Dizem que somos de um jeito e ai de nós se mudarmos. Eu uso a roupa que eu quiser, o cabelo que eu quiser, o perfume que eu quiser e isso não impedirá os comentários, as críticas e os elogios. Então, que tal ser um pouco eu mesmo?

A mais singela Flor

Eu nunca gostei de comparar sofrimentos. O fato de algumas pessoas terem câncer não alivia as fortes dores e sofrimentos que tenho na retocolite. Mas exemplos de superação são admiráveis. Eu conheço uma história assim. Embora sofresse em casa a indiferença da família, que deveria ser a base pra ela seguir com força da vida, minha amiga, a quem darei o codinome de Florinda, embora tenha se ruído um conto de fadas de um casamento que se mostrava perfeito, embora morasse longe e as aulas da faculdade acabassem tarde, embora nem sempre tivesse dinheiro pra lanchar, pras xerox, embora sofresse no trabalho a ingratidão dos chefes, embora nem sempre tivesse tempo pra estudar. Embora, embora, embora...  Florinda aprendeu a conjugar esse advérbio como um verbo, um verbo no presente, sempre presente, relutando contra um futuro que parecia não estar lá. Embora, né amiga?

Eu sempre vi Florinda sorrindo, sempre amiga, sempre engraçada, sempre arrumando espaço no seu humor pra rir das minhas piadas infames. Sempre alegrando nossas vidas com seus famosos e grandiosos micos. E foi num mico meu que a conheci. Aliás, ela me conheceu. Foi a primeira que conheci pelos lados da facul. Ali estava ela, já carregada de uma história meio complicada, mas se apresentando com toda a espontaneidade do seu sorriso. Assim ela é. Maravilhosa, apesar dos pesares.

Florinda chorava nas provas, mesmo sabendo o que fazer. Florinda dividia sua sapiência com a sensibilidade de alguém de coração nobre. Pesava a tristeza de momentos ruins e injustos em paradoxo com a leveza de sua alma, da liberdade de ser feliz. Era a superação o produto entre sofrimento e alegria. Florinda passava sufocos e atravessava cada momento já esperando o próximo de alguém que diz "eu só me arraso". E a gente via graça nisso...

Hoje, minha amiga está triste. Mais uma vez abriu os olhos e a realidade se mostrou cinza. Machucaram seu coração sem razão, sem motivos, sem dó. Mas sabe-se que o mundo dá voltas, e hão de ter suas recompensas. Mas e ela? Ela estará pronta mais uma vez. Vai derramar lágrimas pelo direito incondicional de ficar triste, vai abaixar a cabeça por alguns instantes porque Florinda não traja ferro, mas é transparente como cristal e preciosa como diamante. Ah, conheço minha amiga. Vai vencer essa e outras mil batalhas que se seguirão. Vai porque sempre foi forte, sempre se superou e sempre vai poder contar com amigos de verdade. Hoje essa flor singela está triste, e quem não fica? Quem não tem suas fraquezas? Deixe que o sol castigue, amanhã haverá de chover.

Eu quero ser um pouco como Maristela, mas queria muito ser como Florinda. Não, eu não sou forte, seus amigos não são fortes, amiga. Seus amigos te amam, mas a força é você quem tem. A gente pode te ajudar a se equilibrar, te fazer sorrir, pagar uma pizza, dar cola na prova, livrar você das coisas, mas o mérito de passar por isso tudo é seu. Não, minha querida, você não só se arrasa. Você simplesmente vence. E vence se fortalecendo pra outra. Eu não tenho essa capacidade, essa garra, essa gana, essa força. Certamente, já teria desfalecido. Mas aí está você. Lutando mais uma vez contra as circunstâncias que se apresentam. E vai vencer porque você é a Flor, assim, com maiúscula mesmo, que conhecemos.

Se não chover, estarei aqui com o regador na mão, porque, às vezes, pode ser necessário.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Língua Portuguesa

Um pouquinho de cultura não faz mal, né? Embora o conceito de cultura seja bem abrangente, falo especificamente de conhecer um pouco mais a língua. Não que seja relevante, mas importante, principalmente pra quem utiliza a fala e a escrita como ferramenta de trabalho e não mera comunicação.

Pensei em alguns erros recorrentes na língua que acabam passando despercebidos, que aliás, é diferente de "desapercebidos".

Aonde/onde - Aonde indica movimento: Aonde você vai?Onde indica apenas posição: Onde você está?

Em vez de/ao invés de - Muitos usam o segudo em todas as situações, mas o primeiro indica apenas opção: Em vez de ir à praia, fui ao cinema. O segundo sugere ideias opostas: Ao invés de esfriar, esquentou.

Há/a - Quando se refere a um tempo passado, utiliza-se há: Aconteceu há 3 anos. Para o futuro: Ela virá daqui a 20 dias.
Ao/à/no/na - Às vezes ouvimos: Fui no teatro. Mas na verdade, vamos ao teatro. Da mesma forma, quando a palavra que se segue for do gênero feminino, utiiliza-se à: Fui à casa da minha mãe ontem. Mas atenção: antes de pronome, não se utiliza o acento grave: Irei a sua casa amanhã.

Também vale sempre lembrar que mau se opõe a bom e mal se opõe a bem.

Faz/fazem - Quando se refere ao tempo, o verbo fazer torna-se impessoal: Faz (e não fazem) cinco anos que ele morreu.

Evite Há... atrás - Não é necessariamente errado, mas reduntante: Procure sempre usar Há tempos ou tempos atrás.

Cerca de - Essa expressão só deve ser utilizada para números "redondos". Nunca diga que viu cerca de/aproximadamente 23 pessoas.

Uma dica importante para a utilização ou não da preposição é o velho macete de pertuntar ao verbo.
Assisti ao jogo.
Namorei ela. (e não com ela)
Ao encontro de/de encontro a - Essas expressões parecidas são opostas. Suas ideias foram ao encontro das minhas. Ou seja, concordaram. Mas se suas ideias fossem de encontro às minhas, seria uma oposição.

Existem muitos outros vícios incorporados à língua que, pelo muito uso, são usados como certos. Quando for escrever algo, consulte. Não faça um cartaz, um relatório ou um texto qualquer, principalmente se for expôr ou apresentar. Logo eu postarei mais erros comuns.

Teste de memória da BBC

Interessante o teste de memória da BBC. Acho que serviu pra eu ver que sou um bom fisionomista...rs. Lembro-me de rostos da infância, de quando ainda tinha dois anos de idade. O teste é em inglês, então, nem todos irão entender.

Na primeira parte, são mostradas 12 fotos. Então, é sugerido que seja feita uma pausa de cinco minutos. Depois, mais 12 fotos são mostradas e mais um intervalo de cinco minutos é recomendado. Na terceira parte, são mostradas 48 fotos, onde você marca se as viu na parte 1, na parte 2 ou se nunca as viu. No final, aparecerão dois resultados. O primeiro, chamam de memória de reconhecimento, a sua capacidade de reconhecer independente de quando apareceram. O segundo fala da memória temporal, ou seja, quais e quando você as viu. Não achei meu resultado ruim, pois obtive 92% no primeiro teste. No segundo, fui pior: 77%. Fiquei satisfeito. Quer tentar? Clique aqui para iniciar.

Incentivo

Voltei a estudar por incentivo. Retomei a carreira de músico por incentivo. Recriei um blog por incentivo. Isso mostra não só a importância dos amigos, do verdadeiros, como também o quanto é fundamental sermos estimulados o tempo todo.  O estímulo encoraja a tomarmos decisões, a declaramos amor, a correr atrás dos sonhos. Estímulos nos fazer ver que vale a pena investirmos em nós mesmos.

Se você reconhece o talento em alguém, diga isso. Alguém pode estar desperdiçando uma capacidade por medo, insegurança ou simplesmente não consegue ver onde aplicar. Se você vê capacidade e potencial em uma pessoa, não hesite em dizer. Mesmo que essa pessoa reconheça seu telento, dizer isso a ela a tornará mais segura para utilizá-lo. Por fim, se amar alguém, declare isso. Às vezes tudo que a pessoa precisa é que você dê o primeiro passo e, como é primeiro, só um tem como dar. Existem pessoas que não estão aptas a fazer isso e às vezes, ouvir um "eu te amo" depende, sim, que você o diga primeiro.

Estímulos criam oportunidades. Ajude quando puder. Certamente, mesmo que por pura satisfação com a pessoa a qual incentivamos, será beneficiado.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Quem sabe, um dia, eu escrevo uma canção pra você?

TRÊS MIL E POUCOS

EU ME INCOMODO DE ESTAR LONGE
EU GOSTARIA DE ESTAR ONDE
MEU CORAÇÃO POSSA AQUECER O SEU
RECUPERAR O TEMPO QUE PERDEU

EU QUERIA APENAS A SIMPLICIDADE
DE UM AMOR CHEIO DE VERDADE
NAO IMPORTA MUITO O LUGAR
CONTANTO QUE VOCÊ ESTEJA LÁ

GOSTO DE OUVIR A TUA TUA VOZ
ME FAZ BEM O SEU "RA-RA-RÁ"
QUERO QUE O TEMPO SEJA VELOZ
PRA ESSA DISTÂNCIA ENCURTAR

EU NAO SEI SER MENOS QUE INTENSO
EU ME ENVOLVO EM TUDO QUE SOU PROPENSO
PARECE POUCO CRUZAR UM PAÍS
PRA DE UMA VEZ QUERER SER FELIZ?

NÃO ME PEÇA RAZÕES PORQUE NÃO AS SEI
NÃO LUTO CONTRA AS EMOÇÕES, MAS JÁ TENTEI
SÓ QUERO ABREVIAR ESSE TEMPO
TORNAR REAL MEU PENSAMENTO

GOSTO DE VER SUA PELE BRILHAR
SEM QUALQUER PENUMBRA PRA OFUSCAR
NÃO QUERO O TEMPO COMO ALGOZ
VAMOS USÁ-LO EM FAVOR DE NÓS


TEMPO CRUEL
DISTÂNCIA QUE ARDE
E EU SEM BROQUEL
NA LUTA COVARDE
TER MUITO A VENCER
TER TANTO A PERDER
MAS DE MENTE PLENA
POIS SEI QUE VALE A PENA

domingo, 2 de janeiro de 2011

Lições

A vida é mesmo surpreendente. Depois de muitos anos encontrar uma amiga especial pode ser bem gratificante. Foi o que aconteceu. Ana Paula, a fã número 1 da Banda Falciforme e, consequentemente, minha fã também (rs) reaparece na minha vida não muito por acaso. Uma semana: esse tempo que parece curto pra muitas coisas foi extremamente proveitoso pra mim pois em tão pouco tempo aprendi algumas lições muito aplicáveis em minha vida. A doutora Ana tem o dom de ser o espelho da gente.

Dê a si mesmo o devido valor

É impressionante como as coisas passam diante dos nossos olhos sem que percebamos. Minha vida sempre foi tornar as pessoas mais importantes que eu. Eu me privava de ter minhas coisas pra que os outros tivessem. Os melhores perfumes, as melhores roupas, os aparelhos mais modernos. Tudo era para os outros enquanto eu me contentava apenas de ver os outros sorrindo, felizes com minha demonstrações materiais das coisas que sentia. Acompanhado? Vamos ao Mc Donald's. Sozinho? Vou ao trailler da esquina. Mas a questão é: por que as pessoas são mais importantes que eu? Por que anular a mim mesmo, às vezes, pra exaltar outros? Valorizar a quem amamos é importante, mas deixemos que a pessoa objeto de nosso amor chegue, no máximo, ao nosso mesmo patamar. Colocar alguém acima de nós é tirar o tampão do ralo da nossa personalidade.

If Tomorrow Never Comes

Isso mesmo. E se o amanhã nunca chegar? Projetar nossa vida é fundamental. Sonhar, como diz minha amiga Patrícia, é o que nos impulsiona pra buscar objetivos. Mas não estamos lá. Não sabemos a realidade do futuro. "O tempo escorre pelas mãos (...) vamos viver tudo o que há pra viver, vamos nos permitir". Cada um tem sua medida, mas cada um de nós deve viver com intensidade o momento. Ama alguém? Diga! O amanhã nunca chegar não precisa pressupor morte, mas tem oportunidades que se oferecem pra gente ser feliz e não voltam. Tem, ainda, algumas que voltam, insistem, mas fechamos os olhos. Temos que focar no que é importante pra gente ser feliz. Às vezes, as circunstâncias nos amedrontam, pensamos no mundo que nos cerca e no quanto todo o nosso castelo está estruturado. Só que o castelo pode ser de cartas e, uma vez derrubado, ficamos sem nada. O amanhã pode não chegar e, se isso pressupor morte, das duas uma: ou a gente se vai, e a pessoa jamais saberá dos seus sentimentos verdadeiros, ou a pessoa se vai, e a culpa de não ter dito isso a ela pode nos atormentar pelo resto da vida. Eu acabei de dizer tudo que sinto a uma pessoa porque o amanhã pode não existir.

Sem medo de mudanças

Outro dia me disseram: "Mas você não é assim." Impressionante como as pessoas pegam parâmetros e modelam nossa personalidade. E a gente não pode se prender a isso. Daí surge aquela velha indagação: "mas o que as pessoas vão pensar?". Isso acontece porque nós mesmos estamos presos ao que achamos que devemos ser ou ao fato que as pessoas já fecharam o nosso pacote. Não somos um pacote fechado, vedado. Somos como gavetas. Entram novas roupas, saem as velhas. Cores, cheiros, tamanhos, texturas, tudo se mistura. Ser modelado por si mesmo e pelas pessoas nos desencoraja a agir como realmente gostaríamos. Obviamente, não é perder a compostura pra tudo, mas fugir do "convencional", do senso comum não é loucura. Como assim "eu não sou assim?" Tenho meu jeito e fugir à regra do que sou ou da ideia que fazem de mim tem algo de errado? Frequentadores de barzinhos não podem experimentar uma danceteria? Um abstêmio não pode beber um dia? Um homem romântico e "certinho" não pode se dar o direito de sair com algumas garotas por sair? Não me permitirei ser um pacote fechado. Não sabemos que novas oportunidades surgirão e poderemos perdê-las por nos prendermos às "regras".

Considere as possibilidades e pondere os resultados

E se a mulher que amo me disser não? E se meu curriculum não for aceito? E se não gostarem da minha música? Às vezes, estamos tão empolgados com um objetivo que esquecemos as muitas possibilidades que envolvem aquilo. Apostamos alto no que investimos, só que a resposta nem sempre vem como gostaríamos. Cabe a nós ver se vale a pena ou não prosseguir, mas jamais esquecendo que somos mais importantes do que o fato. Vale a pena lutar pelo amor de alguém? Eu penso que sim, mas temos que ser justos com nós mesmos. Não são todos os recursos que são válidos. É preciso ter cautela ao renunciar certas coisas e pensar bem porque as renúncias podem nos acompanhar pro resto da vida como uma cadeia sem grades. Resultados negativos jamais devem macular nossas convicções. Se der errado, eu ainda assim serei um bom namorado pra quem aparecer, um bom profissional pra quem quiser contratar e minha música será boa, independente se acharam ou não. Sem essas convicções, iremos desanimar e isso é deixar que as coisas se tornem mais importantes que nós.

A opinião dos outros é importante, mas...

Não devem monitorar nossas vidas. Aprecie os elogios, aceite as honras. Não rechace as críticas, mas não as absorva. Use os elogios como combustível pra se valorizar e as críticas um estímulo pra melhorar como ser humano. Mas cuidado pra isso não tocar na sua personalidade. Mudar o tempo todo pela opinião alheia nos torna alguém sem forma.



Se o Amanhã Nunca Chegar

Às vezes tarde da noite
Eu fico acordado e observo-a dormindo
Ela está perdida em sonhos pacíficos
Então apago a luz e fico na escuridão
E o pensamento cruza a minha mente
Se eu nunca acordar de manhã,
Será que ela, em algum momento,
Duvidaria do que sinto por ela no meu coração?

Se o amanhã nunca chegar,
Ela saberá o quanto eu a amo?
Eu tentei, de todas as formas,
Mostrar para ela todos os dias
Que ela é única pra mim
E se meu tempo na terra acabasse,
Ela teria que enfrentar o mundo sem mim
O amor que dei pra ela no passado
Será suficiente para durar,
Se o amanhã nunca chegar?

Porque eu perdi pessoas queridas em minha vida
Que nunca souberam o quanto as amei
Agora eu vivo com o arrependimento
Que meus verdadeiros sentimentos por elas
Nunca foram revelados
Então eu fiz uma promessa a mim mesmo
Dizer todos os dias o quanto ela significa pra mim
E evito a circustância onde não há
Uma segunda chance de dizer a ela como me sinto...

Então diga a pessoa que você ama
Exatamente o que você está pensando
Caso o amanhã nunca chegue...

Tenho um pai já idoso, de 73. Tempos atrás, talvez há uns três anos, escrevi a ele uma carta com parte dessa tradução (de If Tomorrow Never Comes), dizendo o quanto eu me orgulhava dele. Meu pai é cheio de defeitos, não é uma pessoa fácil, não. Mas invejo suas qualidades, razão pela qual escrevi a carta. Gostaria que ele soubesse o quanto eu o amo, mesmo nunca tendo coragem de dizer. Eu me sentiria muito mal se ele se fosse sem que eu dissesse a ele todas as coisas que disse, ou se eu partisse, como ele saberia exatamente o que se passa no meu coração?

Algo muito simples precisamos saber: não temos o domínio do tempo e das coisas. O amanhã pode não existir mesmo pra mim, pra quem amo. É preciso, sim, amar as pessoas como se não houvesse amanhã, com intensidade, como se fosse o último dia, mas apenas sentir isso pode retornar com peso da culpa se pra quem amamos não houver amanhã.

Sentir é bom, dizer é ideal. Sentir sem dizer é ser egoísta. Posso não estar aqui amanhã e como ela saberá o quanto a amo? E ela, se sente, porque não dizer? Porque deixar de expressar algo bom? Se o amanhã nunca chegar pra mim, ao menos as pessoas que amo saberão disso, com palavras. com declarações. E se a pessoa que amo se for, partirá convicta de que era amada.

Então, penso que a intensidade do sentimento deve ser demonstrada hoje. O amanhã nem precisa ser a morte, mas uma oportunidade que perdemos ou quando nos deixamos levar pelo senso comum e nos trancafiamos em celas sem grades.

Eu espero que o amanhã seja um lindo dia, pra eu poder dizer tudo que sinto a quem amo de verade.


sábado, 1 de janeiro de 2011

O meu primeiro post de 2011 é movido a alegria. Meus últimos minutos de 2010 foram conversando ao telefone com alguém muito especial. Além disso, outras pessoas especiais estiveram comigo, ou melhor, eu estive com elas. Embora não muito empolgado, fui ter com velhos amigos, mas já sabendo que eles fariam, daqueles, momentos especiais.

Mas começar 2011 foi excelente por saber que sou especial pra uma pessoa que pra mim tomou grande importância no último mês. Ouvir que "eu apareci no momento certo" foi muito gratificante, pois me dedico naturalmente a fazer essa mulher feliz. E me sinto orgulhoso porque consegui isso apesar de uma distância de mais de 3500 quilômetros e por fazer tudo de coração aberto.

A passagem de ano serviu pra mostrar o quanto temos a opção de nos cercar de pessoas que nos fazem bem. Nada de paparicos, mas gente que nos dá valor e a quem, naturalmente, devolvemos isso. Então, aprendi que devemos focar nossas vidas nos verdadeiros amigos. Precisando de incentivo? Amigos. Triste? Amigos. Problemas? Amigos. E ser amigo é duplamente gratificante, pois ao mesmo tempo que recebemos, nos sentimos úteis em doar.

Eu citaria aqui meus amigos novamente, mas posso esquecer algum. Então, quero que em 2011 e nos anos que se seguirem que as amizades cresçam, que os laços se fortaleçam. Eu preciso dos meus amigos e sei que faço bem a eles. Também preciso do "Amor Meu" pelas mesmas razões.

Que venha 2011! Estou pronto! Ano Novo e eu não quero vida nova. Quero, apenas, tornar melhor a que tenho e a de quem me quer bem.