Procurador de coisas

terça-feira, 24 de abril de 2012

FLEXÃO SEM REFEXÃO

Achei que fosse mentira, mas realmente a Dilma sancionou a lei que flexiona o gênero das profissões. Como ela quer ser chamada de presidenta, achou que todos tinham o mesmo direito. Depois de conferir no site do planalto, vi que era verdade.

A presidenta sofre do mesmo complexo de inferioridade que alguns das chamadas minorias. Tanta coisa importante que deveria virar lei e nossa mandatária se preocupa com a flexão de gênero das profissões e títulos. Andei pensando em algumas dessas coisas:

Presidenta, tenenta, almiranta, brigadeira, caba, majora; estudanta...

Agora, se ela quer que as mulheres tenham o direito de flexionar, os homens também. Então:

Servente: servento e serventa
Dentista: dentisto
Segurança: seguranço
Presidente: presidento e presidenta
Atendente: atendento e atendenta
Assistente: assistento e assistenta

Se a gente estendesse  isso pra fora das profissões, teríamos católico praticanto e católica praticanta. Em uniões homoafetivas, teríamos pai e paia; mãe e manho. No basquete, teríamos a cestinha do jogo. Mas e os homens? O cestinho, né? Daqui um tempo, meia tonta vai estar certo também...

Presidenta, se a senhora queria assim ser chamada, não precisaria sancionar uma lei. A norma padrão da língua portuguesa já admite há muito tempo a variação presidenta. Da mesma forma que não é necessária nenhuma lei específica que combata a discriminação de homossexuais e negros - já que a própria constituição já prevê isso - tal decreto estendendo isso era desnecessário. O Brasil tem tantas prioridades. Além disso, foi feito um acordo ortográfico agora depois de anos e anos de conversa entre países falantes do português. Até ajustarem e concordarem com as mudanças demorou muito. A mudança atinge a língua que não é propriedade brasileira. 

Dilma, tudo bem, quer flexionar? Pode ser. Mas faz um favor? No masculino ou no feminino, cuide pra que médicos e médicas sejam em número suficiente pra atender uma população já sofrida. Remunere bem os professores e não os deixe faltar nas escolas, afinal, como as crianças vão aprender a aplicação dessa nova lei? E moralize o senado e a câmara. Lá tem outros e outras como a senhora, que se preocupam mais com os supérfluos que com as reais necessidades da nação.

Cursei quatro períodos de Letras. Prezo em escrever sempre bem. Fiz questão de aprender sobre as mudanças do novo acordo ortográfico, mas me recuso a ceder a essa lei inútil. Eu, que já não simpatizava muito com o termo presidenta, continuarei a usar presidente. Só não entendo pra que tanta questão disso. Não é por causa de uma letra que a senhora deixará de comandar o país.