Procurador de coisas

sábado, 23 de julho de 2011

PRAGMÁTICO

Sou pragmático, não tem jeito. Por eu estar hospitalizado, muitos amigos, dos quais dependo e os quais amo, insistem em mandar mensagens de pensamento positivo. Por que as pessoas insistem em algo que não dá certo?

Ninguém para pra pensar que, de fato, isso não resolve. Tudo bem, ser negativista e pessimista não resolve mas não quer dizer que o pensamento positivo vá resolver porque ele sequer ajuda. Falando assim parece até ingratidão minha pois rechaço a ideia do positivismo enquanto todos torcem pela minha melhora. Mas não é.

Não sei em que as pessoas se baseiam para crer com tanta certeza no pensamento positivo. Na prática, nunca funciona. Está chovendo lá fora e mesmo que todos os praianos pensem positivamente ao mesmo tempo, o Sol não surgirá. Todos os que me amam pensam positivo desde que cheguei aqui e eu ainda estou no meu leito, quase da mesma forma que entrei. Dois times entram em campo confiantes no título, pensando positivo, mas só um ganha. Muito pensamento positivo, de uma nação inteira, em 1994 mas após um acidente, perdemos nosso melhor piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna, no mesmo ano em que a mesma nação torceu pelo tetra, que veio.

A chuva vai passar quando muitos fatores climáticos forem favoráveis a isso. Eu vou melhorar quando antibióticos e corticoides fizerem efeito e meu organismo começar a reagir, o que envolve um monte de fatores bioquímicos. Além do que, a recuperação é sempre, sempre lenta. O time campeão será o mais empenhado e com mais sorte. As pessoas morrem porque têm sua hora e se dependesse de torcida pra algo, a China seria a maior potência mundial desde sempre.

No campo da fé, meu cristianismo não se baseia em declarações nem em poder de palavras ou no chamado "profetizar". Deus faz quando quer e cabe a nós apenas pedir humildemente que ele faça algo. Dependesse de declararmos algo, nossas vidas seriam livres de doenças e problemas. Como não vou "aceitar" uma doença que é minha já? Sim, tenho uma doença crônica como outras milhões de pessoas têm e convivem com isso durante toda a vida e se Deus quiser fazer o milagre de curar, ótimo. Se não, Ele vai me dar força pra suportar. É assim que funciona. Não somos nós que determinamos as coisas aqui, não. Desde quando isso aconteceu? Desde quando o cristianismo foi levado dessa forma? Se o próprio Jesus disse que a gente teria aflições e se Paul, apóstolo, disse que estava apto a padecer todo tipo de revés (aliás, contexto usado para a famosa frase "tudo posso nAquele que me fortalece"). Então, declarar coisas não tem nada a ver com o cristianismo. Eu vivo conforme Deus vai dando condição. É Ele quem determina o meu presente e o futuro. E fim de papo.

Claro que não sou ingrato. Encaro o pensamento positivo dos meus amigos como uma torcida pelo meu bem, pelo desejo de eu melhorar rápido, por imaginarem que estou sofrendo aqui (e estou). Então, encaro isso como uma demonstração de amor por mim, seja em que nível for. Isso me deixa feliz demais.

Acho que a tônica do positivismo é ver isso nos resultados, quando acontecem. Uma hora vou ter que sair daqui e, quando isso acontecer, vão atribuir isso ao pensamento positivo, eu sei. Isso nunca vai mudar, tenho certeza. As pessoas vão continuar acreditando nele mesmo que sua eficácia nunca se mostre presente, pois e fosse, transformaríamos o mundo num piscar de olhos. Já viram a propaganda da Coca-Cola? "Existem razões para acreditar. Os bons são a maioria." Ainda assim, tantas pessoas que preferem a paz não evitam a guerra porque isso não depende de pensamento e sim de atitude. É isso que faz diferença: atitude.

Peço mil perdões por parecer ingrato, mas não sou. Ao contrário, o apoio que me dão todos os dias, as mensagens de incentivo, os desejos de melhora, os telefonemas, as visitas, entre outras coisas me fazem sentir amado e aí sim, tudo isso monta uma forte estrutura emocional pra mim, fundamental para minha melhora, pois o que sofro depende diretamente disso. Essa atitude, sim, atitude de vocês me trazem um bem, efetivamente. Amo todos vocês e todos são importantes pra mim.

domingo, 17 de julho de 2011

MAL NECESSÁRIO... E INÚTIL...

Mais de três semanas sangrando e qual seria o plano? Mais uma vez, com muito esforço, me levantar cedo após uma noite mal dormida e tentar ir trabalhar. Levar isso torcendo, durante a semana, que o remédio faça efeito enquanto "me recupero" no trabalho. Isso evitaria muitas coisas: eu não entraria pelo INSS, não ficara dois meses sem salário e não sofreria com a recuperação hospitalar. 

Funciona assim: a prednisona, que serve para conter o sangramento, não faz efeito via oral em algumas vezes. Então, o indicado é a internação para a administração por via venosa. Um problema: meu médico não atende no hospital onde me interno. Além disso, ele está viajando. O que acontece? Dou entrada na emergência onde um clínico geral ouve meus relatos enquanto pede exames de sangue. No resultado, eu já sei: taxa de leucócitos alta e proteína C reativa alterada, apontando um quadro inflamatório. Nada que eu não saiba, afinal, já aconteceu sete vezes. Então, até aparecer um gastro no plantão (não tem) ou na enfermaria (nunca aparece), um tratamento seguindo cartilha acontece: antibióticos.

Mais um problema: depois de tantas vezes internado, cadê veia que resista à aplicação dos medicamentos? Não tem. Quando se encontra, são várias tentativas até se achar. Multiplique isso pelos dias de internação, uma comida que não consigo comer, noites que não consigo dormir, fora o simples fato de se estar em um hospital... Lá fora, a vida continua, as contas seguem para serem pagas. Tudo isso para uma doença onde o equilíbrio emocional afeta diretamente a recuperação causa o efeito contrário que deveria fazer. Aí, meus amigos dizem que "é o melhor pra mim, apesar do sofrimento". Pra quem já passou por várias estadias lá, digo que não. Nas duas últimas internações, saí meio que pedindo pra isso, até omitindo um quadro ruim. Loucura? Dois dias depois a melhora em casa foi maravilhosa.

Paro um pouco aqui e penso em todos os tormentos de uma, mais uma internação. Como sei que não será feito o tratamento adequado desde o começo, isso será inútil. Pior que é necessário. Meus prazos de abono pela empresa já se esgotaram e agora, com meu médico só voltando no mês que vem, dependo completamente do hospital para a emissão de um laudo para eu dar entrada no auxílio doença, pelo INSS, coisa que só vai acontecer depois que eu sair de lá. Ah sim: antibiótico significa uma quantidade mínima de dias para tratamento: sete ou dez. Depois, vai-se repetindo os prazos.

Não dá nem muito pra mentir porque os exames de sangue são feitos a cada dois dias e lá aparece o quadro que estou.

Um esforço a mais para ir trabalhar num estado em que até ficando em casa está punk é algo arriscado. Além de passar mal na rua, posso agravar o estado clínico e ter mais demora para reverter o quadro mais tarde. Escolher o hospital parece fácil, por ser uma escolha óbvia, por causa das opções que se apresentam pra mim. Todo sofrimento que tive nos últimos episódios hospitalares causam uma força contrária ao caminho da enfermaria.

Já acertei de receber meus contrabandos: torradas, sucos, geleia de mocotó, biscoitos. Sem isso, é impossível matar a fome por lá. 

Embora tudo isso, deve ser o caminho a ser trilhado por mim. Estarei munido de um netbook, mas não tenho mais um modem. Não sei se o hospital disponibiliza uma rede wireless, mas a gente dá um jeito de usar o celular como modem, embora isso seja irritantemente lento.

Fazer o que? Pelo menos apoio não vai faltar.

sábado, 16 de julho de 2011

ODEIO PAGODE

Acho ótimo ter um planeta só meu. Repito sempre que aqui não é democracia. Lê quem quer, comenta quem quer, amigo ou não, gostando ou não. Pode comentar o que for, aqui tem liberdade pra isso, mas a minha opinião está aqui pra ser dada porque é um lugar meu. Se algo parecer discriminatório, azar. Meu espaço não foi criado pra agradar, mas pra expressar meus sentimentos, raivas, alegrias, tristezas, manias e tudo mais que eu achar conveniente.

Rock ouvido em volume baixo é horrível, embora eu consiga perfeitamente curti-lo dessa forma. A maioria dos rockeiros acha que não, mas acho desnecessário. Eu não gosto de som estrondoso, que faz a gente gritar pra conversar. Quando quero ouvir música, e só música, coloco meus fones de ouvido com meu MP4, ambos de boa qualidade, e pronto.

Mas apesar do rock estar associado ao barulho, eu pergunto: alguém aí costuma ver rodas de rockeiros na rua com suas guitarras fazendo barulho que o resto da vizinhança não é obrigado a ouvir? Alguém já viu um grupo de rockeiros sentar num bar e colocar moedas naquelas malditas máquinas de música no último volume e ouvir suas músicas? Por acaso é comum quem gosta de rock sentar na calçada com som alto e churrasquinho com cerveja?

Vou dizer onde vejo rockeiros: em seus redutos. Quando ouvem suas músicas, o fazem dentro do seu quarto, nos seus ipods, em pubs ou onde mais gostam: nos shows. Rockeiros, apesar de muitos radicais acharem que só o seu tipo de música presta, entendem que nem todos têm o mesmo gosto musical e não obrigam o resto do mundo a ouvir suas distorções de guitarras.

Agora, a praga do pagode não tem jeito. Tô eu aqui na casa da minha mãe num sábado e ouvindo pagode alto de tudo que é lugar. Fui à padaria e vi dois grupos com músicas altas, pertos um do outro. Daqui, de onde digito, ouço mais um, vindo da rua de trás. É uma praga mesmo...

E é em qualquer lugar. A gente entra num ônibus ou van e qual é o som ambiente? Agora, nem precisa ser o motorista pra colocar o som, não. Por várias vezes já vi gente com o celular sem o fone ouvindo a porcaria do pagode. Ô, raça!

Nada a ver aqui com o ser humano, com o jeito de ser de cada um, personalidade, caráter, ser ou não trabalhador. Gostar de pagode não impede ninguém de ser bom, honesto, legal, amigo e muitas outras coisas que quem gosta de todos os outros tipos de música está apto a ser. É que a raiva bate em momentos como esse, onde o desrespeito total é apresentado a gente quando esse tipo de música idiota, que qualquer imbecil entende e canta, que não força o raciocínio é tocado.

Estava até comparando o nível intelectual de rockeiros e pagodeiros. Em geral, quem gosta de rock se liga muito na letra, portanto, é muito mais crítico, desenvolve muito mais (ou gosta porque tem isso desenvolvido, pode ser) o poder de interpretação (errado ou não). Fora que quem gosta de rock não se prende só aqui no Brasil. O rock é internacional, portanto, quem o ama se interessa pela língua inglesa, pela cultura da banda, do país, de sua história. A execução do rock é mais virtuosa individualmente e como conjunto. Leva-se tempo até ser um bom músico no rock. O que dizer do pagode?

"Eu te amo, quero ficar com você". Algo um pouco diferente disso como "fazer amor", "fica comigo essa noite" é cantado nos pagodes, além das letras de cunho afro-religioso. Quem gosta de pagode não precisa ter nível intelectual elevado. A letra não exige raciocínio, é só cantar. Vários percursionistas se juntam para fazer o que um baterista faz com o pé nas costas. Tudo que o pagodeiro faz é marcar ritmo, cada um no seu bate-bate. 

Não tem jeito. Eu não tenho como não associar o nível cultural ao de educação, se é isso que a realidade me mostra todos os dias. Pagodeiro tem, sim, menor nível intelectual que rockeiro. E pagodeiro acaba sendo mais mal educado, mais desrespeitador do espaço alheio.

Claro: é perfeitamente possível que alguém que gosta de pagode ser inteligente e bem educado, mas isso tudo se desmancha quando uma roda de pagode aparece. Aí a pessoa pensa que o mundo é do samba! Saco isso!

Infelizmente, aqui é o país do samba. Fazer o que? Minha opinião é essa. Eu odeio o pagode e todo o meio que o cerca. Não odeio as pessoas, apenas acho que deveriam respeitar um pouco mais o espaço alheio e, principalmente, o ouvido alheio.

A Fernanda é pagodeira (e flamenguista) mas eu a amo!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

CANSADO

Dezenove dias. Esse é o tempo exato que estou perdendo sangue. Se eu não melhorar até domingo, o caminho será o de outras sete vezes (ou oito, até perdi a conta): internação. Na verdade, isso nada resolve. O hospital me faz mal, me faz perder noites de sono, me faz comer mal. Nem tenho mais acessos pra receber os antibióticos desnecessários mas de praxe, porque até que um gastro venha me visitar, os leucócitos e a tal proteína C reativa apontam um paciente genérico com algum tipo de inflamação avançada. E eu só precisaria de uns dias de corticoide na veia. "Só" é modo de dizer. Isso já é demais, mas lá, por causa do antibiótico, tem período mínimo, dez dias, até me libertarem novamente.

Eu não quero passar por isso, não. Espero, sinceramente, melhorar até domingo, meu prazo limite pra decidir os próximos dias, inclusive entrar pelo INSS.

São 13 anos nessa vida de idas e vindas. A cada vez me sinto mais cansado, mas sempre buscando forças pra seguir em frente, afinal, tem que ser, né? Mas é bom que quem não passa por isso saiba que é enfrentar uma crise é uma remada contra a maré. Ser veterano na doença e ter consciência de todos os efeitos dela e dos remédios não me credencia a ser forte sempre, nem durante toda a crise. Dentro de mais sofrimento, há que se lembrar que aqui é um ser humano, propenso a estar fraco de vez em quando e forte pra variar.

Eu estou acostumadíssimo com incentivos e palavras de amigos de que vai melhorar. Sempre melhora, eu sei. O apoio dos amigos e amigas é fundamental pra enfrentar o problema, mas foi mal... nem sempre é suficiente. Quase nunca é. Os amigos são incríveis e nada seria de mim se não fossem eles. Agradeço sempre a força de quem quer meu bem, as palavras de apoio e carinho... e peço desculpas porque nem sempre vou reagir bem ao incentivo, àquela força e desejo de que eu melhore logo. Infelizmente, dependo que os remédios façam efeito, que Deus seja bom comigo pra encurtar o sofrimento da crise. Se dependesse do pensamento e da vontade, ninguém, garanto, deseja ficar bom tanto quanto eu.

Tomara que eu não pareça egoísta ou ingrato aos que me amam, mas tem horas que o sofrimento encobre tudo de bom que me é feito. A gente cansa às vezes e cansa de novo e de novo. Tem horas que, por mais que a gente acredite na melhora, a gente pensa que vai demorar, porque pra quem tá com dor, tudo demora mais. Passo por isso há 13 anos e posso assegurar que pensamento positivo não melhora ninguém. É puro pragmatismo mesmo. De prático, um bom acompanhamento médico, os remédios fazendo efeito e o organismo reagindo direitinho. Isso faz a diferença de verdade. Tudo como Deus quer pra cada vez que isso acontece.

Espero estar bem logo até domingo e que nada disso seja necessário. Quero ficar bem por mim, pra não preocupar os meus e todo mundo ficar bem. Não quero que desistam de mim, que me ajudem sempre. O carinho é fundamental pra que eu não desanime em muitos momentos. Mas como eu disse, toda minha humanidade me permite reagir mal ou não estar tão disposto a acreditar que as próximas horas serão melhores. A minha humanidade e a experiência, né? Sendo pragmático e prático, são anos e anos sabendo exatamente quais as possibilidades do dia seguinte. Não houve avanço na medicina, nenhuma nova droga ou técnica surgiu em tantos anos então, embora o apoio de quem amo, a experiência de longa data me permite desanimar mesmo assim.

São quase três semanas sem reagir ao remédio e não existe nada que mostre que amanhã ele vai fazer efeito. Pode acontecer, e isso é verdade. Pode mesmo, mas a gente entende que o mais provável não é isso. Infelizmente, o "certo" é ruim e o duvidoso seria surpreendentemente bom. Meu pensamento fica no desejo de que melhore e não na confiança de que isso aconteça porque somos passivos nesse sentido. Engolimos os comprimidos e deixamos ele agir como têm que agir. E se fosse por pensamento, eu nem estaria passando por isso de novo...

Tomara que não desistam de mim porque preciso das pessoas, muito ainda fora da crise. Amigos são sempre amigos e gosto deles comigo em todas as horas. Preciso deles.

E AINDA SE SUPREENDEM

Inicio a meados dos anos 90 e os funks e raps disso e daquilo começam a tomar conta do Rio e do Brasil. Dentre eles, o Rap das armas, onde cada tipo é citado na "música". Paralelo a isso, jovens cada vez mais jovens ostentam armas nas favelas e a violência cresce. Meninas cada vez mais jovens aparecem grávidas, não antes de sairem com meia dúzia de carinhas durante a semana. Hoje, se ouve que vai se roçar isso naquilo, chupar, lamber, esfregar...

Não, os raps que faziam apologia a várias coisas e as "melôs" de hoje com todos os Mc's e mulheres tudo que é tipo não estão restritos a um certo tipo de público. O brasileiro é idiota mesmo. Não tem critério pra nada. O que introduzem goela abaixo é bom só porque um cara famoso o fez conhecido de alguma forma. Se eu sentar aqui e juntar meia dúzia de palavras com um tema bem idiota, as pessoas vão gostar se isso cair na mídia. Brasileiro não tem critério pra votar, pra comprar, pra escolher nada. Todos os grupos disso e daquilo que surgirem serão bons o suficiente porque pra isso basta que eles apareçam, não precisa mesmo ser bom.

Luan Santana foi um achado. Uma mina de ouro. O carinha bonitinho que canta sertanejo pop e faz sucesso. Bom pra ele. As pessoas nem percebem que o cara faz 300 shows por ano, em média, e que em cada lugarzinho desses aí toca três músicas e vai embora. Bem, o Luan Santana, coitado, não tem nada a ver com isso. É só mesmo pra apontar um pouco da falta de critério do brasileiro em saber o que é bom. Se bem que, no caso dele, ele não causa nenhum mal a não ser a histeria adolescente. Isso vem desde Elvis e Beatles.

Voltando ao lado podre da "música" brasileira, criancinhas de três, quatro anos dançam funk e rebolam até o chão. Repetem os versos que se fossem falados em vez de cantados todo mundo ficaria "Ohhhh!". Interessante isso. Na música é engraçado, mas na vida real, nem tanto. Quando um pivete tá de pistola e mata um pra virar notícia no  Brasil Urgente, todo mundo se revolta. As mesmas pessoas que, anos atrás se divertiam anos atrás com o Rap das Armas. Daqui um tempo, os pais que acham tão engraçadinho a menininha dançando e cantado também vão achar o máximo ela "gravidinha" adolescente, atrasando a vida, atrapalhando os estudos, antecipando as coisas, criando um filho quando ainda teria que ser só filha.

Talvez isso seja uma grande viagem e essas coisas que a gente ouve por aí não influenciem em nada o comportamento das pessoas. Eu acho muita coincidência esse tipo de funk acontecer por aí na mesma época em que as mulheres vão ao baile sem calcinha, mas se a galera acha que é caretice, deve ser.

Santo? Eu? Nem de longe! Mas num mundo moderno, onde os padrões morais têm se individualizado, acho que cada coisa tem sua hora, seu lugar apropriado. O tal mundo moderno "exige" que se fale abertamente sobre sexo e socialmente tem que ser assim. Liberdade que é confundida com total liberalidade. O assunto sexo, se não tratado com o tema "responsabilidade", é inútil porque sexo é tão inerente ao bicho homem que falar e incentivar é desnecessário.

Mas esse assunto é tão comum aqui que ele se tornou tema de tudo e se tornou cultural. Que apareçam as mulheres um monte de coisas da vida e cantem seu "chupa isso" e "lambe aquilo". Deixem as crianças ouvirem, liguem os rádios, comprem CD's, baixem da internet, usem como toque do celular. Mas também, que achem a coisa mais normal do mundo quando tudo isso acontecer na vida real, fora de hora e de lugar.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

SEM AUDITORIA

Depois de dias ajudando a uma pessoa com sua monografia e com muita saudade de escrever no meu Planeta, cá estou. Aí fiquei pensando sobre o assunto que tratei no trabalho acadêmico e sobre os últimos acontecimentos em minha vida e na vida de amigos.

Gestão de processos, qualidade... até que cheguei ao capítulo onde se tratava das auditorias. Interna, externa e de qualidade e gestão. Em qual delas um de nós já foi auditor na relação alheia? Aposto que muitos de nós empenha conselhos com todo amor do mundo, querendo o bem de quem direcionamos as nossas sábias palavras. Se fosse assim, teria gente rica com isso e as relações seriam mais duradouras em vez de cada vez mais desmancháveis.

Se você acha que tem aquele conselho ideal porque passou pela mesma situação, esqueça! Suas experiências tiveram seu tempo, envolveram outras pessoas, envolveu você, que lida com as coisas diferente de como seu amigo ou amiga o faz. Os românticos sempre o serão, os passionais, idem. Os céticos no amor seguirão vidas desvairadas. Mais do que essas "lógicas" genéricas, dos tipos de pessoas, cada momento se constrói ou se destrói e pronto. Se você se envolveu com alguém que tinha um filho e agora quer aconselhar mostrando o caminho das pedras, pense ao menos que as crianças são, no mínimo, imprevisíveis. Os e as ex reagem diferente. Tem pai que não liga pra filho, tem pai que não vende fácil o "passe" da cria.

Se sua ex-mulher te disse exatamente as mesmas coisas que agora seu amigo ouve da sua atual que quer sair fora, eles que se entendam. Você não viveu os anos com eles, não sabe das suas intimidades, nem sabe se seu amigo está conseguindo ter liberdade e sem constrangimentos de ser completamente sincero a você e nem ao menos se está contando as coisas de forma imparcial. E mesmo que as palavras sejam as mesmas, as circunstâncias são únicas em todas as vezes e com todas as pessoas. Pode haver semelhanças mas o resultado vai depender de toda essa combinação entre os únicos seres com tantas variações nesse mundo.

Seu casamento deu certo? Você superou muitas coisas pra isso perdurar? Ótimo! Isso é maravilhoso mas se fosse regra, ou melhor, se houvesse fórmula seria simples demais. E se o seu não de certo, ora, deixe quem quer ser feliz ser. Não cerque seu amigo com seus critérios nem os aprisione nos que ele um dia disse que tinha. A vida é dinâmica e as pessoas são surpreendentes. Uma mulher mais velha pode ser uma impossibilidade absoluta pra mim até que eu conheça uma que desfaça essa teoria. A vida é assim mesmo. E tem mulher que escolhe o erro absoluto (nota mental: erro absoluto segundo um senso comum) de se juntar a alguém que a espanque e tem homem que se submete à mulher como se fosse filho. Nesses casos nem adianta falar. A verdade está ali, nua, crua e dolorosa.

As relações não são empresas, não são auditáveis porque o parecer do auditor, mesmo devidamente documentado, pode ser ter a mesma utilidade de um papel toalha, que absorve uma gordura e depois é jogado fora, mas a gordura vai reaparecer numa nova fritura, apresentando uma solução aparente ou temporária.

Seja na iniciativa de ter alguém, a de continuar com ou seguir sem, amigos devem apoiar no que precisar. Amigos concordam ou não, ajudam ou não. Os conselhos são bem-vindos até, mas o fato de não serem ouvidos não pode, jamais, ser critério para se deixar de estar ao lado de quem a gente quer bem.