Procurador de coisas

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

MUDANÇAS DE VIDA, NÃO DE PERSONALIDADE

Uma vez me disseram que eu teria que resolver minha separação judicialmente. Fui, resolvi e continuei sendo o mesmo. Uma vez, disseram que eu ficaria legal se frequentasse a academia. Tentei seis vezes, algum resultado apareceu e continuei sendo o mesmo. Por um tempo, fiz corridas e caminhadas e continuei sendo o mesmo. Diziam que eu era inteligente e que tinha capacidade para passar em um concurso público. Estudei, fiz e passei. Hoje, sou funcionário federal e continuo o mesmo. Fui casado com uma mulher que mudou minha visão de como me vestir, ajeitar o cabelo e ter estilo. Mudo de estilo conforme a moda e continuo sendo o mesmo. Resolvi cuidar da minha saúde e um pouco mais da aparência e continuo sendo o mesmo.

Pra tudo isso, recebi apoio e aceitei cobrança de amigos e familiares. Nunca me ofendi com isso. Nunca achei que essas mudanças fariam de mim outro Cris. Não perdi personalidade, não fingi ser quem eu não sou em nenhum instante. Em essência, sempre fui o Cris. No máximo, agreguei valores a minha vida. As cobranças e incentivos me fizeram perder medos e acreditar um pouco mais em mim. E se eu fiz muitas dessas coisas, foi consciente que era para o meu bem.

Realmente, não entendo o que é perder a naturalidade quando mudanças boas assim acontecem com a gente. E o que as pessoas que amam de verdade a gente querem é o nosso bem. Não sei qual o medo de evoluir. Acho que se alguém não se propõe a boas mudanças e não aceita conselhos e incentivos a pretexto de que são cobranças demais e que não querem deixar de ser como são, fazem disso muleta para o seu próprio comodismo.

Eu? Quero mais é ouvir dos meus amigos o que eu não gostaria de ouvir. Incentivar meus próprios anseios seria fácil demais. Falar pra mim o que eu gostaria de fazer é mole. Quero ver é aconselhar olhando nos meus olhos e me apresentando os defeitos que atrapalham a minha vida. Pode ser que eu fique chateado na hora ou por um tempo, mas aquilo vai refletir em mim em algum instante e vai me fazer despertar, mesmo que pra isso eu tenha que aprender com a vida, real e cruel.


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

MUDANÇAS, CONSEQUÊNCIAS, PREÇO E SATISFAÇÃO

Duas coisas eu sei sobre os meus defeitos. A primeira é que são muitos e a segunda é que eles despertam diferentes reações em cada pessoa. Até existe uma terceira verdade: alguns deles nunca vão mudar.

Não vejo nenhum demérito em mudar. Até porque algumas mudanças, claro, digo pra melhor, vão trazer benefícios pra nós mesmos. Eu tive um amigo que achava o cúmulo mudar, que isso era falta de personalidade, que a gente tinha que ser a gente mesmo. Sinceramente, nunca entendi isso. A gente está sujeito a mudanças durante a vida toda. A gente entra empolgado num primeiro emprego, sai, entra em outro e de empresa em empresa vai vendo que as coisas não são um mar de rosas e passa a ser mais cuidadoso na hora de lidar com colegas de trabalho, chefes... Então, mudamos. Mas deixamos de ser nós mesmos?

Mas mudar exige esforço e um esforço todo nosso. O mundo não vai mudar por você. As pessoas não vão agir diferente pra eu ter mais paciência. Eu é que vou precisar relevar um pouco mais as coisas. e pessoas. Claro que não seremos "Lara e Diana", acumulando características avessas, mas absorver e perder faz parte.

Cada um sabe o meio que vive, sabe a relação que está com seu amor, com sua família e deve avaliar se as mudanças valem a pena por si e pelos outros. Se alguém não quer mudar é sinal que está satisfeito consigo mesmo e com as reações das pessoas a sua volta. No final, importa se o resultado vale a pena, se a vida que isso vai te propor é boa, é ideal. Se é, ótimo, sigamos nosso caminho. Se não, o esforço da mudança é algo a se pensar.

Eu tenho minha personalidade definida e certamente, a essa altura da vida, muita coisa não vai mudar. Mas até hoje eu aprendo lições e vou me moldando para as próximas experiências. Garanto que para que eu me torne melhor, mudarei. Se for para o meu benefício, também. E, mudando por mim, atinjo as pessoas que estão comigo. Eu mudo, sim. Só não quero perder coisas e pessoas por puro orgulho.

Acho engraçado que numa relação a dois a pessoa não quer mudar. Nesse caso, eu acho que é porque não vale a pena pela outra pessoa. Porque na maioria das vezes a relação acaba e tudo que essa mesma pessoa faz é promover as mesmas mudanças que poderia ter feito antes. Quem nunca reparou alguém sair de uma relação e passar a se arrumar, correr atrás de uma vida melhor nos estudos, no trabalho, correr atrás disso e da daquilo? Se era assim, porque não o fez antes? Na minha cabeça é porque realmente não valia a pena mudar por aquela pessoa. E se o fim chega nesses casos, nenhum dos dois perdeu.

Pra tudo existe um preço a se pagar. Às vezes, é o fim da relação, em outras custa o seu emprego ou uma relação instável entre você e sua família ou um melhor amigo passa a nem existir mais pra você. O que acho que devemos pensar é no resultado das mudanças e da falta delas. O preço do arrependimento é grande. Tem gente que não aprende com as escolhas erradas da vida e repete os mesmos erros. Eu prefiro fazer do meu presente uma referência pro futuro. O meu presente é resultado do meu passado, das escolhas que fiz lá atrás. Tenho menos do que deveria ter porque não mudei coisas a tempo. Perdi muito e hoje, no presente, não quero ser orgulhoso pra dizer que não vou mudar pra quando chegar o futuro eu ter que me arrepender mais do que já me arrependo hoje.

Tudo tem um preço, tudo tem consequência e resultado. Mas existe algo que se chama satisfação. Se alguém trabalha pra beber todos os dias e acha isso satisfatório, ótimo. Eu acho medíocre, mas se a pessoa escolheu, fazer o que? Se alguém pensa que poder sair pra onde quiser é ter liberdade, bom! Se a leveza está em curtir a vida sem ter que dar satisfação às pessoas, que legal! Se as pessoas trabalham pra ficar em casa trancados no fim de semana com os filhos mesmo tendo carro e boas condições, ótimo! Se a satisfação está presente, não existem realmente argumentos pra que se mude mesmo. Eu posso falar por mim. Quero mais pra mim e se isso exigir algumas mudanças, mudarei. Se isso exigir esforço, vamos lá, na medida do possível. O que eu não posso é perder oportunidades por coisas que realmente valem a pena.
























segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

AS RELIGIÕES NÃO SE ATUALIZAM... E ESTÃO CERTAS!

BLINDADAS!
Sinceramente, não sei porque existe tanta polêmica em cima da inflexibilidade da religião. Existe uma insistência de que a religião deve "evoluir", mudar conforme o mundo muda, se adaptar às novas práticas do ser humano. Uma coisa é achar ruim acreditar em religião, achar burrice. Eu acho que existe argumentação pra isso e os ateus o fazem bem. Outra é achar que religião A ou B está errada, acreditar parcialmente naquilo.

Independente do que se possa dizer sobre certos temas que dizem ter várias interpretações, alguns temas são bem definidos, condenáveis ou aceitáveis dentro da religião. Se isso variar conforme a modernidade, aí sim a religião perde o fundamento. O que muda é lei humana e não doutrina teológica. Quem tem que falar de usar camisinha é o Estado porque é dever dele se preocupar com a saúde pública. O Papa não tem que dizer que o jovem tem que usar porque é melhor evitar doenças e gravidez não planejada do que não usar o preservativo. O Papa tem que dizer que sexo é depois do casamento, não importa se para o mundo moderno isso é ultrapassado. Ele tem que se manifestar contra da mesma forma que deve se manifestar contra o assassinato, o adultério e a homossexualidade porque tudo isso é condenável segundo o Cristianismo.

Falei do Papa porque geralmente se associa a intolerância contra essas práticas ao pastor e à Igreja Evangélica. O cerne de uma dessas polêmicas desnecessárias gira em torno do pastor Silas Malafaia, apontado como homofóbico. Que me perdoem os católicos, judeus, muçulmanos e outras religiões que, em seus fundamentos doutrinários, também condenam tais práticas, mas a posição do pastor em questão é corajosa e deveria ser a mesma dos líderes de suas religiões. Ficar em cima do muro é admitir que sua religião se flexibiliza, ou seja, se enfraquece. As religiões têm suas bases doutrinárias em seus livros sagrados. Se alguém quer saber se andar nu pelas ruas é condenável no Brasil, consulte a Constituição Brasileira. Se você quer saber se o divórcio é lícito pros cristãos, consulte a Bíblia, para os judeus, a Torá e para os muçulmanos, o Alcorão.

Uma das coisas que se confunde muito no que diz respeito às leis religiosas é se alguma prática faz mal ou não àquela pessoas ou às que a cercam. A jugular atual dessa polêmica está em torno da homossexualidade. É preciso entender que, para a religião, algo condenável não está em fazer bem ou mal. É uma determinação crida pelos seus seguidores e criada pelo suas divindades. A condenação da prática homossexual também não tem a ver com seu direito social de exercê-la. Em resumo, um homem pode ser gay, a mulher pode ser lésbica e, socialmente isso não causa mal. Mas é direito de cada um crer nas suas convicções. Lamento aos gays que não concordam com as doutrinas evangélicas contra o homossexualismo mas querem concordar com todo o resto porque isso é incompatível. Hoje existe a Igreja Contemporânea, cujos pastores são gays. Não, eles não são certos porque adaptaram as necessidades atuais de homossexuais se encaixarem na Igreja. Eles estão errados porque se a religião se molda ao resto, então a pedofilia, principal polêmica acusadora contra os padres, corre o risco de ser adotada daqui uns anos. Aqui geramos sempre a polemica do que disse antes: o que é condenável por causar mal ou não. Legislação diz que ser gay é lícito e ser pedófilo, não. Religião não. Para o Cristianismo, as duas práticas são condenáveis e ponto final. Claro que (será?) que a pedofilia não será admitida porque é crime. Mais que isso, sabemos que moralmente é errado, que é covarde e repugnante. Parece um exagero, mas ilustra bem.

Aqui no Brasil, não se pode agenciar mulheres para a prostituição. Na Holanda, isso é legalizado, é profissão. E o que um judeu diria a respeito disso aqui no Brasil? Errado. E lá? Também. Mas a prostituta está prejudicando alguém? Ela está usando o corpo, que é dela, legalmente dela e proporcionando prazer, ganhando seu dinheiro com seu talento. Mas o pastor, o rabino, o papa e o mufti (acho que chamam assim no islã) devem ser veementes: está errado e pronto.

Quando na referida entrevista o pastor cita os pecados condenáveis dizendo que ama o homossexual, o homicida, o idólatra, o adúltero, a entrevistadora logo interveio: "Mas você está colocando homossexual junto com assassino". E voltamos ao ponto do que dizem lei e religião. Digam o que disserem, essas práticas são igualmente condenáveis na bíblia, a dos católicos e na dos evangélicos, na torá e no alcorão. Como minhas raízes filosóficas são cristãs, só posso falar dela. Eu resumiria em poucos tópicos a associação da prática e de como se deve conduzir um cristão com relação a isso.

Primeiro, o homossexualismo é condenado pelo Deus da bíblia. Quem não concorda, lamento, mas deve procurar outra religião que o aceite ou uma igreja que se diga evangélica que aceite tal prática, mas que vá sabendo que essa condenação é explícita na lei que rege o Cristianismo. Isso é ponto pacífico.

Segundo, independente disso, existe a diferença entre ser certo e de como se agir em relação a isso. De novo, sem querer comparar causar mal com algo que não causa dolo, podemos usar o exemplo que o próprio Silas deu. Uma mãe visita o filho numa cadeia, que é um assassino. Ela ama aquele filho 100% e, certamente, não concorda com o que ele pratica, nesse sentido, 100%. Para a religião, um gay e um homicida estão igualmente errados no que diz respeito ao aspecto moral. Moral para a religião não é a mesma do senso comum da humanidade, lamento. Assim como o aspecto moral religioso não está relacionado ao caráter, ou seja, ambos errados moralmente mas o assassino com caráter ruim.

Outra coisa é o que a mesma bíblia diz de forma geral. O segundo maior mandamento é amar ao próximo como a ti mesmo. Outro trecho diz que não devemos fazer acepção de pessoas. Uma mulher estava para ser apedrejada por ser adúltera dizendo aos que a cercavam que atirassem a primeira pedra aqueles que nunca tinham pecado. E disse a ela: ninguém te condenou? Nem eu te condeno. Vá e não peques mais. Então, Jesus não a condenou, a perdoou mas o que disse a ela no fim nos informa que ele não concordava com aquela prática. Não peques mais, ou seja, não cometa essa ERRO de novo. Jesus a tratou com dignidade e amor, mas mostrou que não concordava com aquela prática. Jesus separou o que se deve ser levado em conta sob cada aspecto. Perguntaram a ele se era lícito pagar tributos a César. Ele perguntou: essa cara estampada na moeda aí é de quem? Responderam que era de César. E Ele disse então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus. Ou seja, você deve ter um comportamento religioso mas vive em uma sociedade que cerca tudo isso. 

Mais um aspecto é que a bíblia diz que devemos respeitar e obedecer às autoridades, mas o crente de verdade deve fazer isso pelo amor que tem a Deus. Ou seja, para o que diz cristão, seria desnecessário dizer que a lei proíbe a discriminação, já que isso é explícito nas leis cristãs. 

Infelizmente, não tenho como falar sobre as outras religiões e nem vou pesquisar a respeito. Penso apenas que a religião deve ser blindada, contra toda mutabilidade. Se é pra se moldar de acordo com o tempo, que se dissolva porque ela perde o sentido. Acho que poder variar segundo algumas culturas, mas isso jamais deve envolver os aspectos morais. Vestir-se com decência pode ser um costume no sul do Brasil e outro no norte da Angola. Vejo igrejas que se deve usar terno e gravata. Eu não concordo porque acredito nisso como uma importação desnecessária de uma cultura de países de temperaturas mais amenas. Mas é aquilo: não concordo, então jamais farei partes de comunidades cristãs que são regidas por essa disciplina. Já fui a igreja onde se podia usar bermuda. Dentro daquela comunidade, aquilo era comum e decente. E, pensando bem, no máximo que podemos achar de um terno no calor ou de uma bermuda num templo é se é adequado ao ambiente ou não, porque um terno não deixa ninguém indecente e se a bermuda assim o é, então ela deve ser em qualquer lugar.

Meu comportamento com relação aos amigos que tenho independe se eu concordo ou não com suas escolhas. Eu não escolho as pessoas que convivo por opção sexual, cor, idade, gosto musical religião ou qualquer outro aspecto nesse sentido. Socialmente falando, estou unicamente preocupado com o caráter de cada um e se aquilo vai me atingir. Se a convivência é necessária, busco me defender do tipo. O cristianismo me ensinou a ter a base moral que tenho hoje. Segundo minhas convicções religiosas sou contra o homossexualismo assim como segundo minhas convicções musicais odeie pagode, mas convivo normalmente com gays e pagodeiros. Aliás, minha namorada é pagodeira, tenho amigos assim. Gosto não discute, opção sexual também não. Fiz amigos gays e não me envergonho de estar perto deles por isso. Pensar em "ele é homo mas eu gosto ele assim mesmo". Gostar de alguém que é homossexual não deve estar num contexto do "apesar de" porque essa distinção não é social, e sim religiosa. Da mesma forma, a gente convive com gente de outras religiões e não fica pensando em "ah, o cara é "macumbeiro" e eu convivo com ele normalmente." (nota> eu sei que macumbeiro não é o mesmo que umbandista).

A única coisa que deve ficar clara é que as escolhas de cada um não devem ser impostas às religiões. Não tente impor seus costumes e práticas a uma comunidade religiosa, até porque isso seria a contramão disso, ou seja, não aceitar que a religião o condene mas condenar a religião pelo mesmo motivo. Se um casal de homens quer se casar na igreja pra realizar um sonho, lamento, devem procurar um cartório, porque na igreja não vai rolar. Não se sintam ofendidos por não poderem fazer parte da membresia de uma religião que não aceita tal prática. É só procurar uma religião que os aceite e na qual se sintam bem. Eu não posso entrar num templo budista falando alto e nem uma mulher pertencer ao islã sem usar a burca. Se o cara não quer usar aquele gorrinho de judeu, que procure outro lugar pra servir a Deus porque lá é assim. Se a pessoa não quer dar dízimo, não seja crente porque na igreja evangélica o dízimo é sagrado e ponto. Ah, mas é absurdo, ah, mas pastor rouba... Cara, isso não é contigo. Isso é problema do pastor que rouba e vai ser cobrado segundo Deus e segundo a bíblia, é problema de quem dá o dinheiro. No umbandismo as pessoas raspam cabeça, tomam banho de sangue, têm que ficar sem tomar banho. Aí, eu resolvo frequentar e fazer cabeça mas imponho: sem nada disso. Eu posso? Claro que não! Mas se eu fosse gay, poderia ser? Poderia porque lá isso é permitido e não é condenável. É ponto pacífico, pronto.

Então, acho que se gira muita polêmica nisso. Ah, que o Silas Malafaia é homofóbico! Que nada! Ele tá defendendo a religião dele e seus costumes. Ele é um pastor e, independente se acham o cara arrogante ou não, se ele enriquece à base do dinheiro dos crentes ou não, isso é problema dele, de quem o sustenta e, se for algo ilícito, o Estado e próprio Deus no qual ele acredita o julgarão. Ele não é político. O Jair Bolsonaro sim, se mostra homofóbico porque ele não tem que interferir se alguém quer ser homossexual ou não. Ele representa o poder público e o povo. Ele sim, deveria ter uma posição neutra. Aliás, ele e qualquer líder religioso que se proponha a ser governante deve deixar de lado as convicções religiosas e governar para o melhor do povo, no que for relevante para tal.