Procurador de coisas

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

CAIXINHA

Fim de ano chegando e todos os dias, em vários lugares, nos deparamos com aquela caixa de sapatos envolta em papel de presente com motivos natalinos e um rasgo em cima. Algumas com mais caprichos, outras menos, mas elas estão lá. São as famosas caixinhas de Natal.

Quem teve essa ideia brilhante (temos aí também o livro ouro e coisas semelhantes), quem a difundiu e os milhões de adeptos não se deram conta do quão ilógico é a tal. Primeiro porque cada um ganha o seu salário e não existe um motivo no mundo que justifique uma contribuição de fim de ano. Alem disso, é injusto, uma vez que só alguns segmentos teriam o direito de receber. Qual a diferença entre um lojista, um garçom e um servidor público que prestam um bom serviço? Como fazem os que trabalham em fábricas, confecções, escritórios, os que não lidam com o público diretamente? O motorista e o cobrador recebem caixinha e o mecânico da empresa não? É uma maneira de levantar uma grana no fim do ano sem ter nenhum mérito especial por isso. Sei lá qual a justificativa. Ganhar pouco?

Outra coisa é que a gente "deve" contribuir com tantas caixinhas que haja contribuição! Posto de gasolina, restaurante, padaria, gari, carteiro, motorista do ônibus, motorista da van, aviário, mercadinho do bairro, oficina, guardador do estacionamento... E tem lugares que frequentamos todos os dias e rola aquele constrangimento pra contribuir sempre. Onde frequento pra almoçar todos os dias, a cada contribuição a mulher do caixa grita "caixinha!" e todos os funcionários emitem um sonoro "uhuuu!". A gente fica até sem graça de não contribuir tamanha a simpatia do pessoal... Posto de gasolina, se a gente não vai sempre ao mesmo, tem que ter paciência. Aliás, mesmo naqueles que a gente não frequenta o frentista pede na cara de pau.

A coisa é tão sem lógica que eu posso pensar somente na perda por não fazer parte dos privilegiados pela caixinha, mas imagino um vendedor que recebe caixinha. Das duas, uma. Ou ele tem dois pesos e duas medidas ou perde boa parte dos seus ganhos distribuindo dinheiro pelos comércios, afinal, é justo dar caixinha pra ele. Por que pros outros não?

Caixinha é algo chato, constrangedor. Certamente a grande maioria deve comentar coisas do tipo "pão-duro! O que custa uma moeda?". Ou seja, o errado é quem não contribui. Eu sou contra. Nego na cara grande. Faria o contrário com grande prazer se essas caixinhas tivessem outra causa, como comprar brinquedos pra crianças de abrigos ou dar um frango assado pra uma ceia de família pobre. Mas somos (todos) egoístas demais pra isso. Bom seria se a gente juntasse as moedinhas dessas caixinhas e fazer o fim de ano de uma criança mais feliz. Isso sim faz sentido.