Procurador de coisas

domingo, 30 de dezembro de 2012

MAIS UM MARCO. MAS SÓ.

Mais um ano se encerra e os discursos se repetem. A palavra "esperança" toma corpo, vira moda e vira combustível para as mensagens de fim de ano e nos pensamentos de autoanálise.

Eu mesmo nunca acreditei nisso. Pelo menos não na magia do Ano Novo, em algo que torne a virada, a mudança de ano em uma ferramenta de transformação. Na quarta-feira, as rotinas voltarão, o trânsito seguirá mais engarrafado, as filas nos bancos vão estar grandes, o Datena vai continuar com seu sensacionalismo de más notícias. Em 2013 haverá campeonatos, novos programas de entretenimento, políticos corruptos impunes, falta de saneamento básico, desigualdades. O oriente médio vai continuar naquela interminável guerra, as crises afetarão os países e o ser humano... bem, o ser humano não muda. Quanto mais se fala em esperança no mundo melhor, mais ele piora por causa do egocentrismo de cada um de nós.

Obviamente, longe desse blogueiro com poucos, mas importantes leitores, querer transmitir uma imagem de pessimista resmungão. É que as belas mensagens desaparecerão antes que janeiro complete sua primeira semana. A rotina nos sufocará. O que resta pra gente, então?

Fazer a diferença para o mundo é uma ideia um tanto utópica. A gente tem mesmo é que modificar a nós mesmos e o finito mundo que nos cerca. Fazer diferença até onde nos for permitido. 

Mas a passagem de ano não é inútil. Serve ao menos para referência. Eu posso olhar pra trás e ver coisas. Fui demitido depois de mais de oito anos de empresa e o que parecia ser motivo de desespero logo se tornou algo bom, porque depois de 18 anos, passei em um concurso público. Voltei a ter meu cantinho, embora meu, meu ele não seja. Comprei coisas pra mim, estreitei minha relação com Vanessa e Eloá. Foi um ano decisivo para medir algumas amizades. Perdi amigos, ganhei amigos, enquadrei alguns em níveis maiores, outros, em menores.

Acredito nisso apenas como um mero balanço. É como uma empresa. Ela faz o balanço anual, mas em janeiro quer lucrar novamente. Ela não espera chegar dezembro pra fazer algo a respeito. É bonitinho esse negócio de "Ano Novo, vida nova", mas soa meio como começar regime na segunda. Os erros que cometemos não precisam esperar o dia 31 para se tornarem promessas que serão sufocadas pela nossa rotina. Aliás, nem existe prazo pras tais mudanças. A gente pode levar um solavanco da vida e se consertar no dia seguinte, mas tem erros de 2012 que a gente só vai se dar conta em 2020 e isso é a coisa mais natural do mundo, desde que o mundo assim o é. Vem a sensação de tempo perdido, de que poderia ter sido diferente. Isso não tem a ver com réveillon, nem com aniversário, nem Natal. Tem a ver com a nossa capacidade de mudar, da maturidade pra cada fase e âmbito da nossa vida, das circunstância permitirem.

O ano de 2013 vem aí e eu não espero nada diferente do que em 2012, o que não quer dizer que não vai melhorar e muitas coisas, mas vai piorar em outras tantas. Sem magias, eu espero que 2013 demore a chegar pra que esse feriado se prolongue ao máximo. Só isso...

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

VOCÊ TEM QUE ME AMAR

O irritante Baby, da Família Dinossauro, sempre dizia: você tem que me amar. O amor é um lindo sentimento que deve ser cultivado todos os dias. Deixar que rotina e microproblemas se proliferem na vida do casal é não perceber as pequenas fissuras que vão se formando até ruir.

Achamos que, uma vez o amor despertado, a pessoa tem obrigação que esse amor dure apesar de qualquer coisa. Relaxamos do nosso físico e não buscamos manter o encantamento. O corpo, a saúde, a maneira de se vestir, a questão de ficar juntos sempre. Essas coisas vão ficando pra trás e ainda assim achamos que quem está junto de nós deve nos querer com a mesma intensidade.

A gente conhece uma pessoa de um jeito e, conforme a relação se desenvolve, as pessoas mudam, como se absorvessem outra personalidade. Às vezes se casam e se tornam alguém dentro da relação e outra fora. É claro que o amor envolve algo dentro da gente, mas é mais que certo que a gente se atrai pelo conjunto. Fico imaginado, sei lá, o André Marques, o apresentador do Video Show. Lembro dele dos tempos de Malhação, magro. Desconsiderando o fato de ele ter muito dinheiro, o que certamente seria um argumento forte para se manter alguém, fora a fama, penso que se alguém estivesse com ele há muito tempo e ele nem aí pra aparência.

Claro, isso é uma suposição bem aleatória. Mas se fosse pensar no meu caso. Gosto de me arrumar bem, de ficar perfumado, de estar com barba feita e cabelo cortado, arrumado com gel. Então, depois de alguns meses de namoro eu começo a relaxar. Compro qualquer roupa, engordo, deixo o cabelo crescer, a barba sempre por fazer. Não acho justo fazer isso. Penso que, em vez de se dizer que ela deve me amar apesar de tudo e se não quiser que vá embora, deveria me cuidar ao máximo para que Vanessa continue a me admirar, a se sentir atraída por mim e que tenha por mim sempre o encanto que a fez se interessar por mim. Claro que um monte dirá que eu deveria me cuidar independente de ela gostar disso ou não, aquele velho papo que se deve fazer por mim mesmo e não pelos outros. Pode até ser. Mas fazer por nós mesmos pode ser perigoso. O que pode ser bom pra mim pode não ser pra ela e vice-versa. Relação é isso, é pensar em si, mas no outro também. Se a vida é a dois, então deve-se pensar nos dois.

A gente precisa mudar, sim, quando necessário. Não existe esse papo de "você tem que me amar do jeito que eu sou". Se um conjunto faz alguém se interessar por alguém, a descomposição dele pode gerar desinteresse, pois cada um tem seu gosto. Tem mulher que gosta de homem sarado, conhece o cara sarado e se o cara relaxa nisso, ela pode, sim, perder o interesse por ele. A mulher que deixa de pintar os cabelos ou de se arrumar por causa do corpo, por exemplo, pode fazer com que o cara não tenha tanta atração.

É linda a história que o amor vem de dentro e acontece pelo que o outro tem por dentro. Pode ser. Tem casos em que isso permanece apesar de qualquer coisa. Mas algo pior pode acontecer. A relação se arrastar por anos com uma frieza tal que pode gerar problemas maiores, como traição. Obviamente a culpa não está em quem não se cuida, mas se facilitar, acontece, sim.

Aliás, demonstrar amor também é se cuidar pelo outro, sim. A gente pode muito bem se enganar sobre o que é suficiente para manter aquela pessoa do nosso lado com toda intensidade inicial. Estar barbudo pode não ser nada demais pra mim, mas pode fazer com que eu deixe de ganhar beijos, beijos que podem gerar carinhos, que podem levar a um momento mais íntimo. Esse detalhe que parece ser sem importância pra mim pode significar um afastamento gradual quase imperceptível.

O cotidiano é que faz a solidez da relação e não momentos programados chamados especiais. Aliás, a realização desses depende do que se recebe. Eu gosto de agradar, sim. Não vejo atender algum pedido de minha namorada com relação a minha aparência como perda de personalidade. Posso estar incorporando algo a ela, isso sim. Tenho amigos cabeças-duras que acham que não se deve mudar nada por ninguém.

Acho que a gente tem que se cuidar, sim. Por nós mesmos e pelos outros. Se a gente relaxa, é porque pra gente tá bom, mas na vida a dois será que tá bom pra quem está conosco? Eu prefiro não arriscar e me cuidar.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

PESSIMISMO?


Depois de saber da morte de Niemeyer, andei pensado sobre otimismo. Geralmente confundem otimismo com positivismo. Positivismo é simplesmente achar que algo bom vai acontecer ou tem que acontecer por pura magia ou desejo do pensamento. Geralmente pensar o contrário disso pressupõe rabugice ou pessimismo. Mas o pessimismo não se opõe ao positivismo.

Aliás, o pessimismo é sempre visto como algo ruim. Pessimismo não é algo ruim. Ele pode atrapalhar se isso for característico em alguém, mas o pessimismo, ao contrário do que se pensa, é bom. A gente sai mais cedo de casa porque pode enfrentar engarrafamento. Quem não gosta de se admitir pessimista acaba usando a frase feita "Sou realista.".

Mas lembrei disso porque imagino o otimista e o positivista falando com o mestre da arquitetura. Penso em Niemeyer, com 104 anos, já doente e internado dizendo:

- Já estou no fim da vida, meu filho.
O otimista diria: O senhor superou muitas coisas. Pode superar essa também.
O positivista diria: Imagine! O senhor ainda tem muito pra viver...

Vi, na reportagem, que antes de ser internado, ele discutia a respeito de futuros projetos. Isso é otimismo, mas não que ele achasse que viveria mais uns 20 anos, mas discutir a respeito é achar que amanhã estará vivo, é achar que, mesmo morrendo, os projetos vão adiante, é saber que a vida não para quando se morre um gênio. O otimismo dele não o fez viver 104 anos, mas o fez trabalhar até essa incrível idade.

O desejo sem a consistência da realidade é mero pensamento positivo. Acho que o positivista arruma tudo para ir à praia com tempo chuvoso e previsão igual para o dia seguinte. O verdadeiro otimista acredita porque a meteorologia disse que poderia fazer um dia de sol. O positivista faz  a prova, o otimista se prepara pra ela.

Eu prefiro abraçar a realidade. E nisso, pessimismo e otimismo acabam sendo nada mais que apostas. A gente arrisca e isso leva os dois rótulos. Só isso. Se saio mais cedo, aposto que o trânsito estará ruim, então, sou pessimista. Se saio tarde, aposto na estrada livre, portanto, sou otimista. Coloca-se uma carga muito negativa ao pessimismo, como se ele fosse decisivo nas coisas. Em 2009, meu time foi rebaixado. Eu assistia aos jogos do Vasco e, meu Deus, como eram ruins! Era a realidade atraindo meu sentimento para o pessimismo total. Um time daqueles deficiente tecnicamente, com total indisposição, crise política... e aí a culpa é do pensamento negativo? Ah, faça-me o favor...

Eu acho que não vou agradar na minha postagem. Estou pessimista quanto a agradar...

sábado, 1 de dezembro de 2012

TINHA QUE SER

Tinha que ser preto. Tinha que ser pobre. Tinha que ser mulher. Tinha que ser gordo. Tinha que ser viado. Tinha que ser velho. Tinha que ser flamenguista. Tinha que ser taxista. Tinha que ser funcionário público. Tinha que ser crente. Tinha que ser, tinha que ser, tinha que ser...

Lendo as postagens e reportagens a respeito de Joaquim Barbosa, negro e pobre que venceu na vida sem cotas, sem bolsa, sem pró isso, pró aquilo, me lembrei desse tipo de expressão que falamos o tempo todo. Quem nunca disse isso? Mas é o que realmente pensamos? É preciso separar as coisas. É que quem ouve procura entender como ofensa. Acredito que na maioria das vezes não ocorre racismo ou bullying. Quase sempre é um (injusto) desabafo.

Eu mesmo já mencionei várias frases dessas. Imagine eu dizer que alguém fez algo de errado por ser velho, tendo eu pais velhos. E claro que ser gay ou flamenguista não denota falta de caráter. Quantas vezes já disse "tinha que ser funkeiro!" mas os funkeiros trabalham comigo, assim como os pagodeiros e eu não tenho problemas com nenhum desses. Mas é óbvio que se eu quiser paz e sossego na minha casa eu vou mandar um bom e sonoro "tinha que ser funkeiro", sim! Óbvio que se eu tomar uma fechada de carro de um cara com a camisa do Flamengo eu vou relacionar o fato ao time dele, pois sou vascaíno. Mas eu sou rodeado de flamenguistas que dirigem bem, mal ou não dirigem. Não se trata de preconceito, mas de uma ofensa.

O ser humano é assim. Se defende tentando diminuir os outros. Humilha o garçom, o balconista,  o operador de telemarketing. Penso que a coisa, quando dizemos o famoso "tinha que ser", na verdade, estamos atribuindo a característica ruim ao fato de ela ser gorda ou crente. Aí fica esse ciclo sem fim. O vascaíno falando que é porque  sujeito é flamenguista, o flamenguista dizendo que o motivo é o cara ser gordo, o gordo acusa o seguinte por ser preto, o preto colocando a culpa na mulher... Quando na verdade a culpa é porque somos seres humanos, essencialmente imperfeitos.

Claro que não é nada bonito ficar apontando as pessoas e atribuir erros por cor, religião, time ou que quer que seja. Mas acho que essas atitudes não são preconceito porque acusamos pessoas que são do mesmo tipo que nos rodeiam. Acho que a dimensão deve ser dada a cada situação. Embarreirar a entrada por ser negro ou judeu é preconceito, sim. Atribuir defeito pelo mesmo motivo é ofensa. Uma ofensa isolada, eu diria.

Podem me dizer o que quiserem. Aliás, pro que forem me acusar, podem dizer: tinha que ser Cristiano.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MULHERES DA MINHA VIDA

Juro que nem pensei em Martinho da Vila quando resolvi escrever.


Na minha vida existem muitas mulheres. Por incrível que pareça, a mulher também é um ser humano e, como tal, varia com uma infinidade de combinações. Piadas machistas à parte e como não acredito nem um pouco em astrologia pra reger as diferenças e semelhanças, pensei em tipificar os tipos de acordo com as que me rodeiam, no bom sentido.

Existem mulheres Paulinha Schiavo, meigas e incapazes de levantar a voz ou usar de grosseria, que são extremamente dedicadas ao que acreditam. Existem mulheres Thamyres Guimarães, que carregam todo ar de sarcasmo possível, o tom de deboche que se entende com humor. Mulheres irreverentes tipo Karen de Sá, debochadas que só e sempre atentas a fazer humor com o cotidiano, com gente esquisita. Tem o tipo Patrícia Mendes, que se entrega completamente ao amigo, aos filhos, ama a profissão, é guerreira sofredora e, portanto, vencedora. Tem o tipo Lu Flor, que ri de desastre de trem, o tipo Fernanda Moraes, que faz questão de mostrar o amor que sente.

Também tem o tipo Geisa, vida louca e disposta sempre a dar o sangue por alguém que ama. O tipo Semil Soares é o que demora entender a piada, mas quando descobre o sentido, perde o ar de tanto rir, mesmo que seja sem graça. O tipo Romina Longo é aquela apaixonada pela vida, pelas pessoas e com coração de ouro. O tipo Isis Paganini  é a mulher guerreira, que vai à luta, se esforça pra ter o que quer e não desperdiça seus dias. Tem o estilo Suelen Rodrigues, que é turrona, diz sempre a verdade, doa em quem doer. O tipo Beth Martins, que é extremamente caseira, o tipo Karen Romano, que tem o tom de bobice fora do tom.

O tipo Vanessa Sodré tem aquela preguicinha de quem acorda cedo ao mesmo tempo que não sossega um instante. E, claro, o tipo Maria da Glória, o estilo melhor mãe do mundo. 

Claro que cada uma dessas mulheres não se resume ao que disse a respeito. Tudo isso se mistura em todas elas, em algumas mais, em algumas menos.

Também não sou injusto se não menciono muitas outras. As que aqui estão representam todas as outras com diferentes graus de importância e presença na minha vida. Gosto de todas, pois as que não gosto não participam da minha vida. Se isso é privilégio ou não, elas que têm que dizer.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

PACIÊNCIA

Aprendi que paciência é algo relativo. A gente aprende a ter paciência com muitas coisas no passar do tempo. Pra outras, a gente perde.

Eu aprendi a tolerar muitas coisas, a entender muitas pessoas, muitos tipos de relacionamento que tenho. O tempo me ensinou a falar menos, agir na medida certa. Aprendi a relevar muitas coisas, a perceber a dificuldade alheia.

Tão engraçado isso. Ter paciência pra esperar acontecer, pra persistir em muitas coisas mas abdicar da mesma e justamente não insistir com certas coisas, certas pessoas. Não tenho paciência pra me justificar a todo instante e nem pra ouvir justificativas.  Se digo que sim, é sim. Se digo que não, os porquês só interessam a mim, bastam que sejam plausíveis pra mim. Então, vamos equilibrar as coisas. Insisto com proximidades até certo ponto. Se hoje não dá pra alguém, e amanhã também não, e depois, idem, então, vamos esquecer. 

Tem quem diga que é só dizer não e pronto. Mas se a gente diz não, a pessoa insiste até ouvir um falso sim pra encurtar a conversa. Pior, considera o sim da insistência  como confirmação. Gosto de perguntar e até insisto, mas pouco. Penso que, se não me atendem, por algum motivo não querem falar, não querem responder, não querem ir. Isso de ficar insistindo em ligar, aí liga pra um celular, liga pra outro, liga pra casa, pra casa dos pais, da namorada, do amigo, liga de outro número pra disfarçar... só torna o sujeito chato. 

Minha paciência pra insistir nisso acabou. Não chamo pras coisas quem foge as primeiras vezes. Não forço mais proximidade. Ao mesmo tempo, não quero que insistam comigo. Cada um que meça o quanto vale a pena estar próximo de mim e me deixe usar minha fita métrica também.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

ECLÉTICO?


Quando se fala em música, muitos se dizem ecléticos. Imagine uma mesa cheia de variadas delícias doces e salgadas e alguém ter a iniciativa de comer sempre o mesmo prato mas dizer que gosta de todos.
Isso me fez pensar um pouco. Fica a impressão que o termo “eclético” é usado para combater a conhecida intolerância dos roqueiros radicais. Pra não dizer que não gostam de um determinado ritmo, como o pagode por exemplo, as pessoas se dizem ecléticas. “Não, eu gosto de tudo, ouço tudo numa boa. Cheguei à conclusão que existe o eclético e o falso eclético.
Imagine alguém que vai limpar a casa e coloca um som pra animar. Então, coloca pagode. Vai lavar o carro e ouve um pagode. Um churrasco e o que rola? Pagode. Comemorar aniversário... pagode! Concluo que o verdadeiro eclético tem a inciativa de ouvir outros ritmos e não simplesmente ouve de tudo só pra não se dizer “intolerante” aos outros ritmos. Esses dias ouvi de uma pessoa que ela iria dormir com as músicas que tocavam. E tocava rock...
Não sou um cara que gosta de todos os tipos de música. Eu não curto pagode, axé, forró e similares. Funk sequer eu considero música. Mas não é preconceito aos ritmos tupiniquins. Não gosto de reggae, nem hip hop, nem rap. Embora eu curta mais rock, não são todos os tipos. Os mais pesados eu não gosto. Mas posso me considerar eclético se comparado ao tipo que mencionei antes. Eu gosto de rock, mas no meu carro ouço Sandy, Ivan Lins, Colbie Caillat, Nora Jones, Marisa Monte, trabalhos solo de Renato Russo...
Talvez eu fique no meio termo, mas tem quem ouça muito mais estilos que eu considero esses os verdadeiros ecléticos. 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

É PRECISO SABER VIVER

Doença crônica intestinal. Não adianta explicar o que é isso pra quem não sente. Não adianta pedir pra multiplicar uma dor de barriga por mil, não adianta dizer que a dor é igual à do parto, não adianta dizer nada. As DIIs transcendem a dor e as complicações e afetam todo o lado social. Quantas vezes rejeitamos convites para lugares mesmo perto? Quantas vezes cedemos ao esforço de comparecer em eventos sociais tendo que sair mais cedo depois de ter suportado o quanto se pôde? 

Eu tenho retocolite e, assim como meus irmãos de sofrimento social, já sofremos muitas privações e prejuízos. Já me custou sair de uma faculdade e me tirou de um emprego depois de oito anos. Custar é a palavra exata quando falamos em dinheiro. Remédios caros, consultas caras... 

Tempos atrás, me questionei: até que ponto a retocolite iria me atrapalhar? Que limites iria me impôr? Sim, porque na empresa eu fiquei travado como funcionário. Vivia doente e esse tipo de coisa engessa qualquer possibilidade de crescimento. Na faculdade, eu perdia aulas, faltava semanas. 

Mesmo eu olhando em volta e vendo outros crônicos intestinais vivendo suas vidas, crescendo profissionalmente, concluindo seus cursos, isso não me inspirava, não me animava. Como sempre achei que cada um tem a sua medida, fixei que o meu sofrimento não me permitia ir adiante. Por outro lado, sempre achei que a vida, o tempo todo, nos apresenta uma balança na qual devemos pesar o que vale e o que não vale a pena. Mesmo não estando lá muito bem, passei a me dedicar ao estudo para o concurso da Caixa Econômica. Dedicação recompensada. Passei em 35° na minha região, fui convocado três meses depois de fazer a prova e já passei pelo processo de admissão.

Escrevo esse post por duas razões. Primeiro, pra mostrar que eu olhava mais pras minhas restrições do que pras minhas capacidades. É claro que somos limitados em alguns momentos, mas em outros podemos dar o máximo de nós pra que a vida melhore. Segundo, pra dizer que é possível fazer acontecer como qualquer outra pessoa sem DII, que aliás, tem outros problemas crônicos restritivos como o nosso. Melhor ainda, ouvimos tantos incentivos de que é possível dos amigos que nos cercam e não nos compreendem que sequer agimos (ou reagimos) pra dar razão da nossa "fraqueza", mas quem conseguiu uma grande conquista (pra mim é) foi alguém que sofre tanto quanto muitos portadores de retocolite, crohn, síndrome do cólon irritável e outras mazelas do trato digestivo.

É uma merda ter que ir ao banheiro 10, 15, 20 vezes ao dia, sentir dores capazes de nos fazer pedir pra morrer. Uma crise debilita o corpo, a alma, o espírito e derruba até algumas convicções. Eu não via nos outros um exemplo suficiente pra me animar. Precisei ter meu momento, minha situação pra me impulsionar a conquistar essa vaga.

Não quero só compartilhar a alegria de ser um empregado público federal. Aliás, esse é um primeiro passo. Quero mostrar que eu, que sempre desacreditei nas boas possibilidades, consegui e, por isso, acredito que todos podemos, cada um no seu objetivo. Com um pouco de incentivo, dedicação e uma boa dose de enfrentamento, a gente pode. Sem positivismo, mas com ação, com iniciativa. Não façamos da nossa vida um constante sofrimento. Ele apenas faz parte da nossa vida e é preciso ter jogo de cintura pra seguir em frente.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

VALE A PENA

Fundamental é acreditarmos na nossa capacidade. Eu discordo quando dizem que somos capazes de tudo. Pelo menos não em condições normais. Eu, por exemplo, não sei vender. Aí me falam que, na hora do aperto, eu acabo aprendendo. Mas assim não conta, não é? Fosse assim, eu diria: então vai lá e come raiz de árvore, bebe água suja e come urubu cru. Pois é, fosse na guerra ou em uma grande tragédia, isso seria possível, ou não?

Mas, falando de situações comuns, somos, sim, capazes de desenvolver coisas dentro daquilo que nossas aptidões  permitem.  Nisso, precisamos ter a perfeita noção do que podemos mais ou menos. Eu adoro escrever, adoro música, tecnologia, computador...  Mas pra falar a verdade, eu não tinha essa noção antes, ou, se tinha, a preguiça de reagir a tudo imperava. Aí, entram em cena peças fundamentais pra que nossa vida vá pra frente: os amigos.

Amigos são bons pra isso. E amigo é um termo geral, pois ele pode estar embutido em um namorado, numa esposa, nos pais, enfim, não precisa ser o que chamamos de amigo que se diferencia de parente. Independente de quem seja o amigo, é preciso que se saiba que, embora toda ajuda seja incondicional, os resultados são fundamentais. Se alguém faz coisas por mim e eu não mostro meu esforço, aos poucos essa pessoa vai desistindo de mim. Pode nunca deixar de gostar de mim, de me amar, mas acredito que não aproveitar todo apoio recebido é desconsiderar a ajuda e minimizar a condição de amigo.

Como eu disse, não acreditava muito em mim e foi por causa dos amigos que obtive algumas conquistas. A gente aprende muita coisa e uma delas é que não estamos prontos pra tomar todas as decisões sozinhos. Essa autonomia é ilusória em muitos pontos. Claro que tem coisas que eu mesmo decido, mas prefiro fazer meus amigos participarem das minhas escolhas. É uma questão de quebra de orgulho também e isso independe de idade. Sim, porque quem é mais velho acaba se achando no direito de "impor" sua experiência.

Conheço pessoas que foram ajudadas antes e agora não são mais. Motivo? Sempre fez o que quis ou achava que as pessoas se metiam de mais na vida delas. Resultado? Bem... o resultado é terem a vida que escolheram. 

Eu estou convicto que não me esforcei e nem me esforço o suficiente pra melhorar o quanto eu queria. Existe um pequeno abismo entre o que quero e a força pra mudar as coisas. Esse abismo aumenta porque a idade restringe, a gente perde a paciência pra muitas coisas, outras responsabilidades se criam, outras prioridades aparecem e, conforme desperdiçamos as chances, muitas preciosas, os amigos desistem da gente.

Outra lição aprendida está aí. Mostrar interesse, esforçar-se e valorizar o seu próprio esforço e toda ajuda recebida. Assim, os amigos sempre nos apoiarão. E, obviamente, reciprocidade com isso. Nada de só receber. Há que se procurar ajudar sempre. Aliás, isso é gratificante quando os resultados aparecem. Porém, não sei com os outros, mas é frustrante quando toda ajuda dispensada vai pelo ralo.  Na minha juventude (já posso falar assim?) desperdicei tantas chances que me deixariam numa "zona de conforto" e me arrependo. O problema é que arrependimento não volta o tempo. Claro que uma mudança de atitude faz diferença.  E muita. Mas quanto mais o tempo passa, mais fica a sensação de fracasso e na balança da vida isso dói um pouquinho. 

Eu espero corresponder a ajuda dos meus amigos, assim como seguir ajudando as pessoas que amo. Espero não decepcionar nem sofrer decepção. Devemos lembrar que quando recebemos ajuda, apoio, as pessoas estão dizendo: você vale a pena!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

CONTANDO NOS DEDOS

Muita empolgação pelo dia do amigo. Muitas mensagens de celular, em redes sociais, figurinhas coloridas em e-mails... Isso me faz lembrar a palavra "milagre". Fala-se hoje  no nascimento como o "milagre da vida". Isso não é milagre. Isso é comum, acontece a cada segundo em todo o mundo com gente e com bicho. Assim, banaliza-se a palavra milagre. Da mesma forma, ser amigo passou a ter outro status.

Hoje, a gente mal simpatiza com alguém e faz algum desabafo e logo estamos amigos. Algumas semanas de contato e poucas afinidades são suficientes pra aquela nova pessoa adquirir o status de amigo.  As pessoas fazem um cursinho preparatório de dois meses e faz novos amigos. Começa em uma empresa e na primeira confraternização já tem ali um novo ciclo de amizades.

Há tempos ando revendo meu conceito de amizade e cada vez percebo que, em cada decepção, ser amigo é ser diferente do que era antes.  A gente sofre alguns golpes e vê naquilo um conceito novo, um item negativo que a gente tem que inverter pra saber que virtude um amigo precisa ter pra não agir daquela forma com a gente.

Outro dia, uma amiga de anos fez um julgamento tão precipitado ao meu respeito que percebi que aquilo não era apenas sobre a situação mas o que a pessoa pensava sobre o meu caráter. E lá se foi mais uma amizade. Outra pessoa disse algo a uma namorada minha que causou o fim da relação. E nisso, a gente vai se cercando de cuidados pra não encontrar isso nas outras pessoas. Um amigo não pode julgar e precisa saber guardar segredos.

Agora, percebo que uma pessoa que eu estimava por muitos anos me fez perceber o quanto estou longe de ser uma prioridade da vida dela. Sem pretensão, num hall de grandes amigos ou melhores amigos, acredita-se um pouco e estar na frente em relação aos outros "amigos mortais", pelo menos é assim que trato. Mas percebi que existe uma grande facilidade em se aproximar de alguns enquanto o esforço é zero quando se trata de termos apenas alguns momentos de boa conversa. E nem sei se é pior saber que pra se aproximar desses outros houve grande esforço em vez de isso acontecer naturalmente. O fato é que só está perto da gente quem quer porque vi que, quando se quis, essa pessoa logo procurou estar perto desse outro amigo. Eis aí, então, mais um critério: amigo quer estar perto e se esforça pra que isso aconteça.

Engraçado isso. A gente deveria acumular amigos ao longo da vida mas percebo agora que isso acontece mesmo só por pura falta de critério ou pelo nível de exigência cair, minimizando a palavra "amizade". Mas comigo tem acontecido o contrário. Cada vez mais tenho a certeza de que conto os amigos nos dedos. Já tive que usar os pés pra somar esses. Hoje, talvez não precise das duas mãos...

Com tudo isso, espero muito mais do que saber escolher os verdadeiros amigos. Espero saber agir para que esses mesmos critérios se apliquem a mim. Tenho noção do quanto sou falho mas de uma coisa não abro mão, que é demonstrar o quanto as pessoas são importantes. Quando a gente não vê isso traduzido talvez não em atitude, ou nem sempre em atitude, ao menos em gestos. Isso eu vejo em raras pessoas. Olha que isso não tem a ver com distância. Taí  minha amiga Patrícia. que mora a mais de 400 quilômetros de distância e está sempre pronta a chorar com a minha dor e senti-la comigo. Sem falar no meu amigo irmão Rodrigo que sempre esteve ao meu alcance mesmo do outro lado do oceano. Amigos trocam segredos irreveláveis, como os que Semil e eu temos. Amigos ouvem, desabafam, aconselham, oram e apoiam como Reinaldo.

O "feliz Dia do Amigo" eu desejo a todos, afinal todos têm seus amigos, seja lá o que isso signifique. Agora, "Feliz dia do amigo, MEU AMIGO" não dá pra dizer a todos.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

SABER AMAR

Palavras soltas, perguntas, telefonemas, mensagens. Tudo isso parece tão simples pra quem quer cuidar de quem ama. Quem quer cuidar da pessoa amada faz isso tão naturalmente que pode nem perceber que está incomodando, talvez nem sempre, mas está. O cuidado pode parecer controle, obsessão, desconfiança. Tudo depende de como se fala, como se recebe.  Depende se alguém quer ou não ser cuidado, se acha ou não a preocupação importante.

Talvez, a melhor coisa seja deixar que a pessoa sinalize, mostre reagindo bem ou mal, respondendo com atitudes às suas preocupações. A sintonia entre o motivo e a preocupação é complicada.

Particularmente, o fato de eu ser uma pessoa extremamente intensa em sentimentos dificulta um pouco as coisas porque mostro uma preocupação constante. Eu não sei dosar, ou ainda não aprendi. Meu caso tem que ser, por enquanto, corrigido com um corte radical. Ou eu assumo o controle dos cuidados, ou dou toda liberdade. Não sei afrouxar a corda. Ou seguro firme, ou desamarro. Acho isso errado, mas enquanto não aprendi a lidar com isso, a corda pode enforcar.

Cuidar de quem se ama pode parecer simples e uma bela virtude, se pensado individualmente.  Porém, se colocada numa relação de duas pessoas, seja em que âmbito for, pode se tornar um defeito tão relevante que transforma cuidado em problema.

terça-feira, 24 de abril de 2012

FLEXÃO SEM REFEXÃO

Achei que fosse mentira, mas realmente a Dilma sancionou a lei que flexiona o gênero das profissões. Como ela quer ser chamada de presidenta, achou que todos tinham o mesmo direito. Depois de conferir no site do planalto, vi que era verdade.

A presidenta sofre do mesmo complexo de inferioridade que alguns das chamadas minorias. Tanta coisa importante que deveria virar lei e nossa mandatária se preocupa com a flexão de gênero das profissões e títulos. Andei pensando em algumas dessas coisas:

Presidenta, tenenta, almiranta, brigadeira, caba, majora; estudanta...

Agora, se ela quer que as mulheres tenham o direito de flexionar, os homens também. Então:

Servente: servento e serventa
Dentista: dentisto
Segurança: seguranço
Presidente: presidento e presidenta
Atendente: atendento e atendenta
Assistente: assistento e assistenta

Se a gente estendesse  isso pra fora das profissões, teríamos católico praticanto e católica praticanta. Em uniões homoafetivas, teríamos pai e paia; mãe e manho. No basquete, teríamos a cestinha do jogo. Mas e os homens? O cestinho, né? Daqui um tempo, meia tonta vai estar certo também...

Presidenta, se a senhora queria assim ser chamada, não precisaria sancionar uma lei. A norma padrão da língua portuguesa já admite há muito tempo a variação presidenta. Da mesma forma que não é necessária nenhuma lei específica que combata a discriminação de homossexuais e negros - já que a própria constituição já prevê isso - tal decreto estendendo isso era desnecessário. O Brasil tem tantas prioridades. Além disso, foi feito um acordo ortográfico agora depois de anos e anos de conversa entre países falantes do português. Até ajustarem e concordarem com as mudanças demorou muito. A mudança atinge a língua que não é propriedade brasileira. 

Dilma, tudo bem, quer flexionar? Pode ser. Mas faz um favor? No masculino ou no feminino, cuide pra que médicos e médicas sejam em número suficiente pra atender uma população já sofrida. Remunere bem os professores e não os deixe faltar nas escolas, afinal, como as crianças vão aprender a aplicação dessa nova lei? E moralize o senado e a câmara. Lá tem outros e outras como a senhora, que se preocupam mais com os supérfluos que com as reais necessidades da nação.

Cursei quatro períodos de Letras. Prezo em escrever sempre bem. Fiz questão de aprender sobre as mudanças do novo acordo ortográfico, mas me recuso a ceder a essa lei inútil. Eu, que já não simpatizava muito com o termo presidenta, continuarei a usar presidente. Só não entendo pra que tanta questão disso. Não é por causa de uma letra que a senhora deixará de comandar o país.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

DANILO GENTILI

ESSA EU TIVE QUE COPIAR DO FACEBOOK PRA CÁ

Eis o perigo de mexer com pessoas inteligentes....



O humorista Danilo Gentili postou a seguinte piada no seu twitter:

"King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?"

A ONG Afrobras se posicionou contra: "Nos próximos dias devemos fazer uma carta de repúdio. Estamos avaliando ainda uma representação criminal", diz José Vicente, presidente da ONG. "Isso foi indevido, inoportuno, de mau gosto e desrespeitoso. Desrespeitou todos os negros brasileiros e também a democracia. Democracia é você agir com responsabilidade" , avalia Vicente.

Alguns minutos após escrever seu primeiro "twitter" sobre King Kong, Gentili tentou se justificar no microblog:

"Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?" (GENIAL) "Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com o cara porque é famoso. A cabeça de vocês é que têm preconceito."

Mas, calma! Essa não foi a tal resposta genial que está no título, e sim ESTA:

"Se você me disser que é da raça negra, preciso dizer que você também é racista, pois, assim como os criadores de cachorros, acredita que somos separados por raças. E se acredita nisso vai ter que confessar que uma raça é melhor ou pior que a outra, pois, se todas as raças são iguais, então a divisão por raça é estúpida e desnecessária. Pra que perder tempo separando algo se no fundo dá tudo no mesmo?

Quem propagou a ideia que "negro" é uma raça foram os escravagistas. Eles usaram isso como desculpa para vender os pretos como escravos: "Podemos tratá-los como animais, afinal eles são de uma outra raça que não é a nossa. Eles são da raça negra".

Então quando vejo um cara dizendo que tem orgulho de ser da raça negra, eu juro que nem me passa pela cabeça chamá-lo de macaco, MAS SIM DE BURRO.

Falando em burro, cresci ouvindo que eu sou uma girafa. E também cresci chamando um dos meus melhores amigos de elefante. Já ouvi muita gente chamar loira caucasiana de burra, gay de v***** e ruivo de salsicha, que nada mais é do que ser chamado de restos de porco e boi misturados.

Mas se alguém chama um preto de macaco é crucificado. E isso pra mim não faz sentido. Qual o preconceito com o macaco? Imagina no zoológico como o macaco não deve se sentir triste quando ouve os outros animais comentando:

- O macaco é o pior de todos. Quando um humano se xinga de burro ou elefante dão risada. Mas quando xingam de macaco vão presos. Ser macaco é uma coisa terrível. Graças a Deus não somos macacos.

Prefiro ser chamado de macaco a ser chamado de girafa. Peça a um cientista que faça um teste de Q.I. com uma girafa e com um macaco. Veja quem tira a maior nota.

Quando queremos muito ofender e atacar alguém, por motivos desconhecidos, não xingamos diretamente a pessoa, e sim a mãe dela. Posso afirmar aqui então que Darwin foi o maior racista da história por dizer que eu vim do macaco?

Mas o que quero dizer é que na verdade não sei qual o problema em chamar um preto de preto. Esse é o nome da cor não é? Eu sou um ser humano da cor branca. O japonês da cor amarela. O índio da cor vermelha. O africano da cor preta. Se querem igualdade deveriam assumir o termo "preto" pois esse é o nome da cor. Não fica destoante isso: "Branco, Amarelo, Vermelho, Negro"?. O Darth Vader pra mim é negro. Mas o Bill Cosby, Richard Pryor e Eddie Murphy que inspiram meu trabalho, não. Mas se gostam tanto assim do termo negro, ok, eu uso, não vejo problemas. No fim das contas, é só uma palavra. E embora o dicionário seja um dos livros mais vendidos do mundo, penso que palavras não definem muitas coisas e sim atitudes.

Digo isso porque a patrulha do politicamente correto é tão imbecil e superficial que tenho absoluta certeza que serei censurado se um dia escutarem eu dizer: "E aí seu PRETO, senta aqui e toma uma comigo!". Porém, se eu usar o tom correto e a postura certa ao dizer "Desculpe meu querido, mas já que é um afrodescendente, é melhor evitar sentar aqui. Mas eu arrumo uma outra mesa muito mais bonita pra você!" Sei que receberei elogios dessas mesmas pessoas; afinal eu usei os termos politicamente corretos e não a palavra "preto" ou "macaco", que são palavras tão horríveis.

Os politicamente corretos acham que são como o Superman, o cara dotado de dons superiores, que vai defender os fracos, oprimidos e impotentes. E acredite: isso é racismo, pois transmite a ideia de superioridade que essas pessoas sentem de si em relação aos seus "defendidos"

Agora peço que não sejam racistas comigo, por favor. Não é só porque eu sou branco que eu escravizei um preto. Eu juro que nunca fiz nada parecido com isso, nem mesmo em pensamento. Não tenham esse preconceito comigo. Na verdade, SOU ÍTALO-DESCENDENTE. ITALIANOS NÃO ESCRAVIZARAM AFRICANOS NO BRASIL. VIERAM PRA CÁ E, ASSIM COMO OS PRETOS, TRABALHARAM NA LAVOURA. A DIFERENÇA É QUE ESCRAVA ISAURA FEZ MAIS SUCESSO QUE TERRA NOSTRA.

Ok. O que acabei de dizer foi uma piada de mau gosto porque eu não disse nela como os pretos sofreram mais que os italianos. Ok. Eu sei que os negros sofreram mais que qualquer raça no Brasil. Foram chicoteados. Torturados. Foi algo tão desumano que só um ser humano seria capaz de fazer igual. Brancos caçaram negros como animais. Mas também os compraram de outros negros. Sim. Ser dono de escravo nunca foi privilégio caucasiano, e sim da sociedade dominante. Na África, uma tribo vencedora escravizava a outra e as vendia para os brancos sujos.

Lembra que eu disse que era ítalo-descendente? Então. Os italianos podem nunca ter escravizados os pretos, mas os romanos escravizaram os judeus. E eles já se vingaram de mim com juros e correção monetária, pois já fui escravo durante anos de um carnê das Casas Bahia.

Se é engraçado piada de gay e gordo, por que não é a de preto? Porque foram escravos no passado hoje são café com leite no mundo do humor? É isso? Eu posso fazer a piada com gay só porque seus ancestrais nunca foram escravos? Pense bem, talvez o gay na infância também tenha sofrido abusos de alguém mais velho com o chicote.

Se você acha que vai impor respeito me obrigando a usar o termo "negro" ou "afrodescendente" , tudo bem, eu posso fazer isso só pra agradar. Na minha cabeça, você será apenas preto e eu, branco, da mesma raça - a raça humana. E você nunca me verá por aí com uma camiseta escrita "100% humano", pois não tenho orgulho nenhum de ser dessa raça que discute coisas idiotas de uma forma superficial e discrimina o próprio irmão."

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

DISCRIMINAÇÃO, SIM!!!

Antes que as pedras e paus voem em minha direção, não é o que se pensa, em princípio. Qualquer discriminação, segregação ou tratamento inadequado a alguém por nacionalidade, naturalidade, cor, raça, religião ou qualquer fator inato ou adquirido que não cause problemas ao próximo  deve ser repudiado e punido severamente. E nem falo só da lei, não. Punido pelo grupo em que vive também.

Mas eu sou, sim, a favor do preconceito com gente que faz as coisas por opção. E isso vale pra qualquer coisa. Hoje mesmo, estava eu curtindo um ar gelado no ônibus, tentando prolongar o meu sono. Sabe, é pra isso que acordo mais cedo: ônibus vazio, trânsito mais livre e descanso o que não consigo descansar na cama. Aí, vem um sujeito e para em pé do meu lado com o celular ligado, ouvindo música (pra piorar, pagode) sem os malditos fones de ouvido. Ninguém tem culpa de ser preto, branco ou amarelo. Ninguém tem culpa de ser nordestino, gaúcho ou paulista. Ninguém tem culpa de ser crente ou católico. Tratar alguém mal por isso é ridículo. Agora, ser mal educado é opção. Faltar com o respeito do espaço alheio é ser ignorante, no sentindo mais literal da palavra, que realmente ignora o mundo momentâneo que o cerca. Outro dia, nessa mesma linha, o ar condicionado não dava vazão, principalmente pra quem estava sentado. Aí, sem perguntar nada, o sujeito vem e abre a janela, fazendo entrar um bafo quente dos infernos ônibus a dentro. O pouco ar fresco que tinha no ônibus foi pro espaço. Se quer vento, pegue um ônibus de passagem modal, sem ar!

Outro exemplo clássico é o vizinho que coloca o som no último volume. Sabe, uma festa que se dê, beleza. Existem leis que regulamentam horário e tudo, mas tem gente que qualquer coisa é motivo pra irritar, te fazendo ouvir uma música que você não quer. A mulher vai dar faxina na casa, música alta. O cara vai lavar o carro, musica alta. Você, em casa, não consegue dormir, não consegue ouvir sua TV e nem a música que gostaria.

Não quero saber. Esses eu segrego mesmo, trato com indiferença e de cima pra baixo. Discrimino gente que é chata por opção, por deselegância, por pura falta de educação e consideração mínima pelo desprezível ser que está por perto. Coincidência ou não, o sujeito de hoje ouvia pagode. Um dia, quem sabe, vão entender que, embora aqui seja o Brasil, embora estejamos no Rio, nem todo mundo gosta de pagode e quem gosta nem sempre quer ouvir pagode. Eu adoro rock, adoro Legião, mas não coloca isso pra eu ouvir quando quero dormir e não coloque porque as pessoas em volta não querem ouvir também. Isso independe do meu gosto, tem a ver com respeito, só isso.

Aliás (e no meu caso, menos mal), até agora só ouvi funk, pagode e gospel nesses malditos celulares. Funkeiros e pagodeiros acham que o mundo ama o que eles ouvem. Crentes, não sei. Como sou um e não ajo assim, penso que eles devem achar que vão evangelizar, passar uma mensagem de amor fazendo alguém ouvir algo que não quer. Outro dia quase reclamei com uma mulher que ouvia David Quinlan. É bom? É. Eu gosto? Gosto... mas não ali, pau da vida com o calor e trânsito da Av, Brasil. Entendam que esse tipo de coisa causa efeito contrário. Por acaso o que passa pela cabeça das pessoas quando querem ouvir um trecho importante da novela ou do filme e, justo naquela hora, passa o carro de som anunciando sacolão, ainda com "ai se eu te pego" ou "entra na minha casa". Primeiro, eu passo a colocar esse sacolão como última opção de compra. Segundo, a música que toca gera mais desprezo ainda.

Então, se você ouve música em ambientes públicos, se você fura filas, tenta ser malandro, se acha que pode passar os outros pra trás, se engana ao passar um orçamento, se fica na aba dos outros, se aparece em momentos inconvenientes e não se manca, se fica empatando os outros, se faz das pessoas trampolins, se é mala... desculpe, essas coisas são feitas por opção e eu vou te discriminar sempre. Mais ainda, vou falar mal de você pros outros. Mal, não. A verdade. Faço questão de queimar seu filme, de te expor ao ridículo, de te segregar, ignorar e te considerar inferior. Lamento, mas se não sabes os limites, não conheces direitos e respeito, certamente você não merece respeito. Até porque, não deve fazer diferença mesmo. Você não sabe o que é isso de verdade.





terça-feira, 17 de janeiro de 2012

NÃO ME DIGA ISSO

"Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso"

Jamais eu teria a loucura de me tornar ateu. Podem dizer que o teísmo é insano e ilógico. Cada um raciocina como quer, inclusive ateus, pois Deus os deu capacidade intelectual pra pensarem.

Mas na boa. Não me falem de milagres, de curas, de conforto. Há anos sofro com essa maldita doença sem alento. Ouço tanto falar de cura, já ouvi isso pra mim e de mim. Não quero pensar mais nisso. Continuo crendo no poder divino e no milagre, mas na vida dos outros porque na minha já me conformei que isso não vai rolar. São 14 anos e não estou mais disposto a esperar por isso sob o risco de me tornar frustrado. Eu não tive nada amenizado durante esses anos. A dor é intensa, é forte de fazer desmaiar quase, de pedir pra morrer, de querer desistir. Sofri como qualquer ser humano da face da Terra pode sofrer. Não tem porque eu ter qualquer privilégio diante de Deus pra ter o benefício da cura. Não que dependa de mim, claro, depende de Ele querer. Fato é que eu me convenci que essa concessão não está nos planos de Deus. Ponto e basta.

Por favor, amigos crentes, não me digam que Deus vai me curar porque Ele não vai. Não me diga que a dor vai ser menor porque não será e nunca foi. Vou passar o resto do que puder suportar dessa vida com esse problema que me parece maldição. 

Não me julgue se você não sofre assim. Não tente achar erros em minhas palavras, me reprovar se você não tem a mínima ideia do que um ser humano como eu precisa suportar a cada dia. Não me chame disso ou daquilo sem poder entender a intensidade da dor, de ver a vida se esvair pelo esgoto, de perder noites de sono, de ter que se levantar na marra e sair pra trabalhar porque se ficar em casa a coisa piora, pois o mundo é cruel, muito cruel.

Então, na boa, antes de falar em ceticismo ou em qualquer outra coisa que se refira a uma possível cura, antes de achar que estou desacreditado em Deus e que minhas palavras são insanas, peça a Ele que te dê um pouco da minha dor, um dia que seja. Talvez você nem suporte. Deixe-me sentir essa porcaria de dor que me acompanha do meu jeito, assim, sem esperança de que um dia as coisas vão melhorar porque não vão mesmo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

DEU SAMBA

Samba nunca foi meu gosto musical mas não dá pra ser contrário ao bom gosto. Esse grupo aí em cima é a prova de que a música pode ser feita com excelência. Note que todos participam ativamente, completamente envolvidos com a música. Eles simplesmente se divertem com seus instrumentos.

É suspeito eu elogiar porque eles estão trazendo o rock pra dentro do samba. Mas percebe-se todo um cuidado pra que não se agrida o original e que tudo seja feito de forma bem detalhada. Não é uma levada só do início ao fim. Dá pra ver que os arranjos foram bem pensados e que se gastou tempo ali.

Não vou virar sambista por causa disso. Apenas aprecio quando algo é feito de um jeito que se percebe que a preocupação é fazer música. Sambô mostrou o quanto a música pode ser infinita de opções, o quanto pode nos surpreender. Nesse caso, tenho que render ao talento do grupo que soube integrar rock e samba, guitarra e pandeiro, voz rasgada de rockeiro, inglês e batuque. Quem dera o Brasil exportasse esse tipo de coisa em vez da pobreza do "Ai, se eu te pego." Certamente nossos artistas teriam conquistado muito mais se fizessem trabalhos sérios como esses aí.


DESNECESSÁRIO

Quanta polêmica tem aparecido ultimamente na mídia. Acabo de ler sobre declarações do Papa e da posição da Igreja Católica sobre o casamento gay. É um tal de gente argumentar pra lá, outros falam pra cá. E o povo segue complicando mais um assunto que já é de pacote fechado.

Eu queria muito ter o direito de trabalhar de bermuda e camiseta. Com esse calor e sem ar condicionado no meu ambiente de trabalho, muito quente por sinal, seria ideal pra fugir um pouco dessa quentura. Mas eu trabalho numa empresa e vivo numa sociedade que impõe regras. Aqui trabalha-se de calça e camisa mesmo e, no meu caso, guardapó. Por mais que eu ache absurdo não poder, tenho que seguir as regras. Até mesmo pra não virar piada (lembro-me de um arquiteto que trabalhou fiscalizando a empresa de conservação de áreas verdes que trabalhei e era conhecido como "bermudinha").

Acho tudo isso tão desnecessário. Aliás, diga-se de passagem, na contramão do que acontece hoje. O que as pessoas menos procuram é casar. Instituiu-se a tal união estável com a qual se aquire os mesmos direitos de um casamento formal. Fato é que querem impor isso às igrejas, às religiões. Acredito que alguém pode ser aceito onde os direitos devem ser iguais. Negros, mulheres e homossexuais têm o mesmo direito a transporte e saúde pública de qualidade. Devem ser tratados com todo o respeito como cidadão que contribui para a sociedade e governo com tanto imposto. O absurdo de tudo isso é tentar impor isso a um religião.

Eu não gosto de funk e pagode e não quero ser aceito num ambiente assim. Querem se casar em uma instiutuição que condena o homosexualismo, querem que a igreja aceite isso. Igreja não é governo. Quer ser católico e andar condizente com suas leis? Quer ser devoto de santo? Desculpem, mas isso não é compatível com ser gay. Se alguém quer pertencer a uma igreja tradicional ou neopentecostal que usa terno e gravata e não se submete a usá-lo, me desculpe, procure uma igreja que aceite suas ropuas e condiga com seus hábitos.

O papa, seja ele qual for, vai sempre se posicionar contra o homossexualismo e está certo em fazer isso porque padre não é presidente. O mesmo papa que é contra o homossexualismo certamente é contra a discriminação do mesmo e esses princípios religiosos andam juntos, sim. Jesus defendeu uma mulher adúltera, deu valor a ela, apesar de não concordar com suas atitudes. Ele disse pra ela não pecar mais.


Eu não fico em cima do muro. Pela minha convicção religiosa, me posiciono contra o casamento homossexual religioso. Agora, se existem religiões que permitem isso, então que seja. Se no âmbito jurídico isso é permitido, tudo bem. Inconformismos como esses geraram a igreja contemporânea, onde os pastores fundadores são gays (e "casados", acho). Não acho absurdo uma religião que permita o homossexualismo. O absurdo é criar uma denominação cristã cujos princípios não permitem tal coisa.

Eu convivo normalemente com homossexuais, homens e mulheres. Convivo com negros, pobres. Não vejo porque tratar de maneira diferente qualquer pessoa por opção sexual, cor, raça, sexo ou qualquer rótulo discriminatório. Eu discrimino, sim, gente chata, gente prepotente, gente que não sabe respeitar o próximo. Desses, sendo o que for, eu deixo de lado, sim porque ninguém é obrigado a aturar mala. 

Se o homossexual quer casar e a religião não te permite isso, paciência, fique apenas com a parte civil, cujas regras vão variando conforme a sociedade muda. 

Não sou católico. Não importa o quanto a igreja católica errou ou erra ou o que fizeram seus líderes. Se existe hipocrisia, se enriquecem com o povo, sei lá. Não importa o quanto os pastores de hoje em dia têm sido safados. Não importa a vida do rabino ou do líder muçulmano. Fato é que todos esses têm princípios a seguir ensinar e isso não vai variar com a modernidade dos tempos. Os princípios são baseados em seus livros sagrados - bíblia, torá, acorão - e lá é que se deve ler e ver se você está disposto a seguir seus princípios. Templo religioso não foi feito pra se realizar sonho, foi feito pra contemplação dos seus devidos deuses. Tentar impor novas regras a isso é que é desrespeito.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

INSUBSTITUÍVEL

Sabe aquelas frases que as pessoas repetem como verdade absoluta? Uma das mais conhecidas é "Você não deve se arrepender do que fez, mas do que não fez". É a frase mais arrogante que o ser humano pode dizer porque isso é não admitir erros. Mas a questão é uma outra frase que se repete aos montes por aí e em todos os segmentos: ninguém é insubstituível. Será?

A modernidade, a correria e a disputa acirrada pelo próprio espaço fizeram da rotatividade uma moda. Essa declaração separa a capacidade do ser humano. Frase moderníssima, mostrando que o mercado está aí com cobra comendo cobra e com alta concorrência. Aí, bons funcionários, bons namorados, bons músicos são tratados com mera peça que pode ser reposta a qualquer momento. Claro que se levarmos em consideração a capacidade humana para o trabalho, o amor ou qualquer outra coisa, outro pode assumir nossas funções, mas consideram isso demais e o ser humano vai perdendo valor.
Somos dotados de personalidade, temperamento, crença. Reagimos de maneira diferente entre nós e para uma mesma situação em ocasiões diferentes, com pessoas diferentes. Somos únicos. Creio que muitos outros têm a capacidade de exercer minha profissão de maneira até mais eficaz. Os músicos com os quais toquei recentemente certamente são bem melhores que eu. Na empresa onde estou e na banda que participei sou comediante, faço rir, sou resmungão e exijo bom tratamento e direito cumprido. Não se trata só do músico ou do colaborador da empresa, mas de toda a maneira única que lido com cada um, com cada coisa. Claro que existe alguém que toque mais violão que eu mas esse alguém também seria um dedicado legionário para buscar detalhes do que se toca? Eu duvido. E na empresa? Alguém tem a mesma capacidade de elaborar um bom relatório, sem erros de português, organizado?

Todos somos insubstituíveis. Pergunte a uma mãe se ela ficaria consolada em ganhar outro filho depois de perder um. Duvide que alguma mãe aceite trocar um por dois ou três. Eu sou insubstituíveis e as pessoas a quem prezo também são. Todos tem uma forma exclusiva de lidar comigo e eu tenho o mesmo com elas. Pra alguns, sou confidente e sei segredos que deixariam qualquer pessoa de queixo caído. Pra outros nem confiança eu inspiro.


Creio que devemos respeitar as pessoas pela sua essência e não meramente pelas capacidades que têm. Patrícias, Rodrigos, Anas, Luanas, Paulas... Quem pode fazer por mim o que meus amigos fazem? Eu posso falar sobre a minha doença com qualquer pessoa, mas ninguém me entenderá como Patrícia. Posso me queixar dos meus fracassos com qualquer pessoa, mas ninguém me apoiará incondicionalmente como Rodrigo. Posso receber boas orientações para a vida, mas minha psicóloga amiga sempre será Ana. Eu posso fazer muitos rirem mas ninguém demonstrará tanta graça com o que faço como Flor. E posso revelar muitos segredos e falhas mas ninguém me conhece tão intimamente como Paula.

Por aí vai. Eu posso até ter mais amigos, conhecer mais pessoas. Mas as que entram já cumprem papel exclusivo na minha vida. São todos insubstituíveis.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

VAMOS TRABALHAR

E a rotina continua. O ano de 2012 promete. Promete ser como o de 2011 ou o de 2010... Obviamente, coisas diferentes acontecem. Um curso novo, uma faculdade, algo que se terminará, algo que se começará. Mas na essência, tudo será o mesmo. Alegiras, tristezas, frustações, superações, saudades, comemorações, medos, encorajamentos, desafios, rotinas.

Parei pra observar as mensagens de ano novo dos artistas da TV e nada pode ser tão clichê. Fora a velha musiquinha de "Adeus, ano velho, feliz ano novo...". Alguns me acham demasiadamente prático e sei lá se deve ser melhor acreditar no abstrato. Eu prefiro acreditar no trabalho e nele bem feito. Um amigo acaba de me contar sobre uma briga generalizada em família, onde irmãos se espancaram e alguns sairam com cortes profundos de facadas. Essas pessoas estavam trajando branco, bebendo felizes da vida. Ninguém para pra perceber que o símbolo, no caso a cor, não funciona sem o gesto mas o gesto funciona sem o símbolo. 
Ontem, um humorista de stand up falava, num tom bem humorado sobre as pessoas se vestirem de branco: "Até quando as pessoas vão perceber que isso não adianta?". Pior que é verdade mesmo, mas sei lá porque as pessoas não se dão conta disso. Todo ano estoura uma guerra, a violência apresenta números alarmantes, as famílias entram em conflito. E paz nem é só isso. Acredito que quando se fala em paz, isso corresponde a harmonia. Passeatas acontecem com milhares de pessoas vestidas de branco. Falam de uma paz que é o antônimo de guerra mas dentro de suas casas não conseguem ser tolerantes com seus cônjuges, filhos, pais, irmãos, vizinhos... Resumem o conceito de paz ao desarmamento. Que mané paz...

Eu não uso branco no ano novo. Não por implicância nem provocação. Não uso porque não vejo necessidade. Até já usei, mas não pelo branco e porque ele iria me trazer um ano novo de paz. O que não dá pra entender é que as pessoas repetem isso ano após ano realmente acreditando que será diferente dessa vez, como se acreditar fosse realmente mudar o mundo. Tem quem nem coma ave com a história de que ela cisca pra trás. Alguem acha que se o Bill Gates ou o Eike Batista passarem o Ano Novo de azul ou lilás ou comerem perdiz assado no ano novo a vida deles não vai prosperar? Ou se eles deixaram de comer aves e usaram branco durante todos esses anos, seria esse o motivo do sucesso?

Vi uma entrevista do Golçalves, ex-jogador botafoguense, reclamando das camisas dadas ao Botafogo num campeonato de Showbol, pois a torcida botafoguense era supersticiosa e isso atrapalharia o desempenho do time. Aí, me lembrei de uma antiga entrevista com o Zico, ídolo rubronegro, perguntado se ele acreditaria em superstição no futebol. Ele foi prático: "Eu acredito no trabalho, no trabalho bem feito." Aliás, se fôssemos julgar pela superstição, o Botafogo teria muito mais títulos que os demais e o que o ocorre é exatamente o contrário.

Meu révellion começou ótimo. Creio que foi o melhor dos meus 35 anos. Foi diferente e mágico, mas tenho noção de que foi só um dia bem planejado, onde as coisas saíram bem. Não vou pensar que isso é um prenúncio de que o ano será maravilhoso. A gente vive um dia de cada vez e está sujeito ao imprevisível.

O que vai reger esse e todos os anos que vão se seguir é isso: o inesperado. Não tem roupa, nem comida, nem figa que mude o rumo das coisas. É só olhar pra trás e perceber que nada se faz por isso.

O que eu quero pra 2012? Ser prático, mas não no sentido da não superstição. Quero fazer mesmo coisas por mim e pelas pessoas que eu puder alcançar. Alimentar e vestir a quem eu puder. Nada de ser bom samaritano, mas fazer o que puder ser feito, quando puder ser feito e jamais fugir das opornunidades. Acho que, em vez de nos prendermos às coisas que nada serão práticas, deveriamos fixar metas e cumprí-las.