Procurador de coisas

domingo, 20 de fevereiro de 2011

PESSOAS IMPORTANTES - PARTE I

Escrever é comigo mesmo. E é um privilégio ser livre para usar as palavras, falar sobre o que eu quiser, afinal, aqui não é um espaço democrático. É um planeta cujo dono é um ditador, mas um ditador bonzinho. E como falar sobre o que gosto sem falar das pessoas que gosto, das que são relevantes na minha vida? Então, resolvi começar a falar sobre essas pessoas aqui.

Rodrigo de Mendonça Pereira. Esse roqueiro não estereotipado é meu melhor amigo. Nós nos conhecemos no início de 1992, no Colégio Técnico da Universidade Rural do Rio de Janeiro. As afinidades foram aparecendo aos poucos. Os gostos musicais, o fato de os dois tocarem violão. Aliás, essa parceria rende até hoje frutos, mostrados em composições. Diga-se de passagem, o cara é fera. Sabe aquelas letras que a gente canta como se aquela história fosse nossa? Pois é. Rodrigo, que eu sempre chamei por Mad, tem esse dom, e sabemos que isso é inerente aos grandes poetas da música, como Renato Russo, por exemplo. Eu sou fã desse cara nesse sentido e em muitos outros.

Amigos passam bons e maus momentos, claro. Lembro-me dos sufocos que passamos ficando, às vezes, horas esperando uma carona pra voltar pra casa. A falta de grana nos fez viajar quilômetros de ônibus e andar por eternos outros em uma estrada dentro da mata, onde até árvore voando a gente viu lá pelas tantas da noite. Participei de alguns dos seus momentos mais difíceis e ele dos meus. Lamento não ter participado de mais, pois por um tempo nos distanciamos por circunstâncias da vida.

Mas não é só como músico que sou fã dele. Não conheço sujeito mais persistente e que acredita que vai dar certo do que ele. Mais ainda: ele segue firme, mesmo contra as possibilidades. É um homem de fibra e iniciativa. Sempre foi e, em muitas vezes, remava contra a maré. Meu amigo é um exemplo pra mim. Queria ser como ele. Eu deveria ser como ele.

Falar em dever, eu devo muitas coisas a esse cara. Meu primeiro emprego foi por causa dele, o segundo também. Parece mentira, mas hoje estou em uma empresa boa há mais de sete anos por causa dele, em mais uma nobre atitude de amigo. Ele seguiu sua vida e cresceu profissionalmente, conseguiu reconhecimento. Agora, depois de algumas coisas realizadas pela necessidade da vida, resta ainda uma coisa.

No final da adolescência, iniciamos a Falciforme, banda de pop/rock que teve minha ausência nos seus momentos de auge. Enquanto eu abandonei o sonho de ter uma banda reconhecida, ele seguiu, persistiu, pra variar, e conseguiu um pouco disso. Hoje, ele se volta para o mesmo projeto mesmo estando do outro lado do oceano. Eu não "tive outra alternativa" senão embarcar no mesmo sonho novamente, pois foi algo que idealizamos juntos. Fico pensando como pude abandonar isso... Agora, me esforço pra ter a mesma iniciativa, pois o sonho é o mesmo e a vontade de dar certo, idem. Queria que isso fosse proporcional às minhas atitudes.

Amigos também vacilam e eu tive meus momentos. Amigos decepcionam. Talvez porque se espera sempre deles. Eu queria não ter sido tão errôneo, mas como não posso voltar no tempo, quero aprender com os erros cometidos. Tenho feito assim com as outras áreas da minha vida e espero não repetir os mesmos erros com as pessoas importantes.

Lá se vão 19 anos de amizade, onde não se pressupõe plena afinidade. Ao contrário, temos muitos, eu disse muitos pontos em que discordamos. Coisas de filosofia de vida, mesmo, de princípios. Mas e daí? Apesar disso, estamos aí nessa estrada, ou melhor, nas diversas estradas que nossas vidas percorreram. Mais que um amigo, ele é um irmão pra mim. Seguramos o choro um do outro quando a dor vinha. Sabemos dos sofrimentos, das rejeições, das injustiças, das besteiras, dos arrependimentos. Ele me conhece mais do que meus próprios irmãos, pois temos algo chamado cumplicidade.

Mas é claro que temos afinidades. E muitas. A inteligência, por exemplo (rs), a capacidade de fazer piadas inteligentes, as quais nem todos entendem, e de rir de tantas outras sem qualquer graça. A aptidão pra música é meio óbvio dizer, mas a sensibilidade pra ela, pra ouvir e pra compor é raro entre amigos, né?

Sabe, é um orgulho pra mim ter um amigo por tantos anos. Sempre olhei os mais velhos dizendo "fulano é meu amigo desde não sei quando" e pensava: será que um dia terei um amigo de longa data assim? Pois é. São quase duas décadas com alguns altos e baixos, sufocos e alegrias, orgulhos e decepções, dores e consolos. E nossa amizade resistiu às coisas ruins e se fortaleceu nas boas. Aliás, se fortaleceu em todas elas. É uma grande satisfação ter como amigo esse homem, que já teve cara de nerd e já teve o mesmo peso que eu, embora bem mais alto, que desenha mal e tem péssima caligrafia. Mad pra mim é mais que um amigo, é um ídolo no qual em algumas coisas eu deveria me espelhar mais. Desejo que nossa amizade dure outras duas décadas e que as histórias se acumulem sempre.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Máquina do Tempo

Hoje eu vou ter que disfarçar a alegria
E fingir que não houve qualquer sintonia
Tive a sensação que, às vezes, o tempo voa
E isso nunca acontece quando estou à toa
Bem que eu poderia ficar mais uns meses por aqui
Pra fazer valer tudo que eu já senti
Queria tanto perder a noção do tempo e do espaço
Eternizar momentos de carinhos, beijos e abraços

Quem dera eu não precisar voltar
Quem dera não ter satisfação a dar
Tudo que eu queria era ver o tempo passar
Pra tudo que eu sinto poder demonstrar

E dessa vez, quando eu tiver que ir embora
Vou ter a sensação que o tempo demora
Novamente semanas pra contar
Uma saudade que eu não quero nem pensar
Só torcendo pra que haja alento
Enquanto não invento uma máquina do tempo
Que me faça permanecer onde sempre quero
Sem ter que esperar tudo que eu espero

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Escrevi isso em Breves, no sofá da casa da minha amada. Assim, eu quis expressar o que eu desejava no período que passei lá. A letra já virou música. Aos mais chegados, enviarei por e-mail.
Saudade é uma palavra que só existe na língua portuguesa mas a dor causada por ela certamente não tem fronteiras. Uma vez experimentada a presença de quem se ama, pode se preparar: essa coisa voraz chamada saudade vai perturbar. Parece uma mera palavrinha inocente mas é capaz de deixar a gente tonto, sem norte. Sentir saudade é dar vazão à emoção e conter a razão. A saudade permite que os mais loucos e insanos pensamentos invadam a mente. Saudade é pedir: por favor, me deixe louco para que eu possa cometer atos intuitivos sem culpa. É tentar vencer o impossível com o que parece mais óbvio ao coração.

Ouvi dizer que saudade não tem plural. Não sei se é, mas deveria. Sua singularidade já desmonta, faz esmurrarmos as paredes, dá vontade de gritar o mais alto possível. Saudade só não é singular no seu sentido, pois é um conglomerado de sentimentos, de desejos e loucuras. É uma mistura tão louca que entender fica impossível. Ela causa miragens e faz escorrer pelos olhos os seus excessos. Causa uma lágrima amarga que vai se adocicando à medida que a imagem da pessoa se forma e que as lembranças boas invadem o pensamento.

Mas a saudade, a minha saudade, poderia ser pior. Lá longe, tem alguém sofrendo a mesma dor. Sorte que a matemática da saudade é diferente, pois quando se juntam duas saudades de pessoas que se amam, elas não se duplicam, mas se dividem. Melhor ainda é saber que dela se subtrai quando o tempo passa e se aproxima o momento de que ela desapareça. Expectativa e esperança são antídodos eficazes contra esse terrível mal, desviando a atenção da mente e do coração para desenharem com traços cada vez mais fortes os momentos que serão revividos ou criados. Sorte que existe o tempo, que aos poucos vai esfarelando esse mal e transforma a dor em prazer aos poucos, sem que a gente perceba, mesmo que o tempo pareça eterno entre um momento e outro.

Mas a saudade se ri, tem sua vingança sobre o tempo, pois esse se apressa enquanto nós, desapercebidos, nos entregamos profundamente aos bons momentos até que ele nos dá o aviso de que sua generosidade está se esgotando. A saudade espera pacientemente o momento certo de o tempo sair de cena, pois mesmo que quisesse, nada poderia fazer. Enquanto isso, a saudade está ali, se alimentando da alegria alheia e sintetizar numa triste despedida enquanto o tempo, fraco, nada pode fazer senão voltar a se arrastar lentamente. E então, vem ela, avassaladora.

Agora, eu me rio dela, pois da mesma que me causa dor, tiro as certezas de que ela é um sintoma de felicidade. Ah, saudade! Você quase me derrubou, quase me fez pensar sua maldade me faria um grande mal. Não foi dessa vez e nem adianta tentar de novo, pois o tempo sempre me dará a certeza de que vez ou outra você fraquejará.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Finalmente estive lá. Foram exatas 24 horas de viagem pra ver de perto a mulher que despertou em mim as sensações que eu só senti na adolescência. Um dia de viagem, avião, barco e lá estava eu no Porto de Bom Jesus, em Breves-PA. Foi uma semana intensa porque aproveitei cada minuto, marquei cada momento com a mulher que está me fazendo feliz. Ela não permitiu que eu desacreditasse no amor e nem na possibilidade de ser feliz com alguém.

Isso deveria me deixar inspiradíssimo com as palavras e deixou. Acontece que são tantas que me vêm à mente que elas se embolam nos pensamentos. Só posso dizer que aqui está um homem feliz, amando novamente e louco pra fazê-la feliz da mesma forma.