Procurador de coisas

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

INSUBSTITUÍVEL

Sabe aquelas frases que as pessoas repetem como verdade absoluta? Uma das mais conhecidas é "Você não deve se arrepender do que fez, mas do que não fez". É a frase mais arrogante que o ser humano pode dizer porque isso é não admitir erros. Mas a questão é uma outra frase que se repete aos montes por aí e em todos os segmentos: ninguém é insubstituível. Será?

A modernidade, a correria e a disputa acirrada pelo próprio espaço fizeram da rotatividade uma moda. Essa declaração separa a capacidade do ser humano. Frase moderníssima, mostrando que o mercado está aí com cobra comendo cobra e com alta concorrência. Aí, bons funcionários, bons namorados, bons músicos são tratados com mera peça que pode ser reposta a qualquer momento. Claro que se levarmos em consideração a capacidade humana para o trabalho, o amor ou qualquer outra coisa, outro pode assumir nossas funções, mas consideram isso demais e o ser humano vai perdendo valor.
Somos dotados de personalidade, temperamento, crença. Reagimos de maneira diferente entre nós e para uma mesma situação em ocasiões diferentes, com pessoas diferentes. Somos únicos. Creio que muitos outros têm a capacidade de exercer minha profissão de maneira até mais eficaz. Os músicos com os quais toquei recentemente certamente são bem melhores que eu. Na empresa onde estou e na banda que participei sou comediante, faço rir, sou resmungão e exijo bom tratamento e direito cumprido. Não se trata só do músico ou do colaborador da empresa, mas de toda a maneira única que lido com cada um, com cada coisa. Claro que existe alguém que toque mais violão que eu mas esse alguém também seria um dedicado legionário para buscar detalhes do que se toca? Eu duvido. E na empresa? Alguém tem a mesma capacidade de elaborar um bom relatório, sem erros de português, organizado?

Todos somos insubstituíveis. Pergunte a uma mãe se ela ficaria consolada em ganhar outro filho depois de perder um. Duvide que alguma mãe aceite trocar um por dois ou três. Eu sou insubstituíveis e as pessoas a quem prezo também são. Todos tem uma forma exclusiva de lidar comigo e eu tenho o mesmo com elas. Pra alguns, sou confidente e sei segredos que deixariam qualquer pessoa de queixo caído. Pra outros nem confiança eu inspiro.


Creio que devemos respeitar as pessoas pela sua essência e não meramente pelas capacidades que têm. Patrícias, Rodrigos, Anas, Luanas, Paulas... Quem pode fazer por mim o que meus amigos fazem? Eu posso falar sobre a minha doença com qualquer pessoa, mas ninguém me entenderá como Patrícia. Posso me queixar dos meus fracassos com qualquer pessoa, mas ninguém me apoiará incondicionalmente como Rodrigo. Posso receber boas orientações para a vida, mas minha psicóloga amiga sempre será Ana. Eu posso fazer muitos rirem mas ninguém demonstrará tanta graça com o que faço como Flor. E posso revelar muitos segredos e falhas mas ninguém me conhece tão intimamente como Paula.

Por aí vai. Eu posso até ter mais amigos, conhecer mais pessoas. Mas as que entram já cumprem papel exclusivo na minha vida. São todos insubstituíveis.

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