Procurador de coisas

domingo, 30 de dezembro de 2012

MAIS UM MARCO. MAS SÓ.

Mais um ano se encerra e os discursos se repetem. A palavra "esperança" toma corpo, vira moda e vira combustível para as mensagens de fim de ano e nos pensamentos de autoanálise.

Eu mesmo nunca acreditei nisso. Pelo menos não na magia do Ano Novo, em algo que torne a virada, a mudança de ano em uma ferramenta de transformação. Na quarta-feira, as rotinas voltarão, o trânsito seguirá mais engarrafado, as filas nos bancos vão estar grandes, o Datena vai continuar com seu sensacionalismo de más notícias. Em 2013 haverá campeonatos, novos programas de entretenimento, políticos corruptos impunes, falta de saneamento básico, desigualdades. O oriente médio vai continuar naquela interminável guerra, as crises afetarão os países e o ser humano... bem, o ser humano não muda. Quanto mais se fala em esperança no mundo melhor, mais ele piora por causa do egocentrismo de cada um de nós.

Obviamente, longe desse blogueiro com poucos, mas importantes leitores, querer transmitir uma imagem de pessimista resmungão. É que as belas mensagens desaparecerão antes que janeiro complete sua primeira semana. A rotina nos sufocará. O que resta pra gente, então?

Fazer a diferença para o mundo é uma ideia um tanto utópica. A gente tem mesmo é que modificar a nós mesmos e o finito mundo que nos cerca. Fazer diferença até onde nos for permitido. 

Mas a passagem de ano não é inútil. Serve ao menos para referência. Eu posso olhar pra trás e ver coisas. Fui demitido depois de mais de oito anos de empresa e o que parecia ser motivo de desespero logo se tornou algo bom, porque depois de 18 anos, passei em um concurso público. Voltei a ter meu cantinho, embora meu, meu ele não seja. Comprei coisas pra mim, estreitei minha relação com Vanessa e Eloá. Foi um ano decisivo para medir algumas amizades. Perdi amigos, ganhei amigos, enquadrei alguns em níveis maiores, outros, em menores.

Acredito nisso apenas como um mero balanço. É como uma empresa. Ela faz o balanço anual, mas em janeiro quer lucrar novamente. Ela não espera chegar dezembro pra fazer algo a respeito. É bonitinho esse negócio de "Ano Novo, vida nova", mas soa meio como começar regime na segunda. Os erros que cometemos não precisam esperar o dia 31 para se tornarem promessas que serão sufocadas pela nossa rotina. Aliás, nem existe prazo pras tais mudanças. A gente pode levar um solavanco da vida e se consertar no dia seguinte, mas tem erros de 2012 que a gente só vai se dar conta em 2020 e isso é a coisa mais natural do mundo, desde que o mundo assim o é. Vem a sensação de tempo perdido, de que poderia ter sido diferente. Isso não tem a ver com réveillon, nem com aniversário, nem Natal. Tem a ver com a nossa capacidade de mudar, da maturidade pra cada fase e âmbito da nossa vida, das circunstância permitirem.

O ano de 2013 vem aí e eu não espero nada diferente do que em 2012, o que não quer dizer que não vai melhorar e muitas coisas, mas vai piorar em outras tantas. Sem magias, eu espero que 2013 demore a chegar pra que esse feriado se prolongue ao máximo. Só isso...

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