Procurador de coisas

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

VOCÊ TEM QUE ME AMAR

O irritante Baby, da Família Dinossauro, sempre dizia: você tem que me amar. O amor é um lindo sentimento que deve ser cultivado todos os dias. Deixar que rotina e microproblemas se proliferem na vida do casal é não perceber as pequenas fissuras que vão se formando até ruir.

Achamos que, uma vez o amor despertado, a pessoa tem obrigação que esse amor dure apesar de qualquer coisa. Relaxamos do nosso físico e não buscamos manter o encantamento. O corpo, a saúde, a maneira de se vestir, a questão de ficar juntos sempre. Essas coisas vão ficando pra trás e ainda assim achamos que quem está junto de nós deve nos querer com a mesma intensidade.

A gente conhece uma pessoa de um jeito e, conforme a relação se desenvolve, as pessoas mudam, como se absorvessem outra personalidade. Às vezes se casam e se tornam alguém dentro da relação e outra fora. É claro que o amor envolve algo dentro da gente, mas é mais que certo que a gente se atrai pelo conjunto. Fico imaginado, sei lá, o André Marques, o apresentador do Video Show. Lembro dele dos tempos de Malhação, magro. Desconsiderando o fato de ele ter muito dinheiro, o que certamente seria um argumento forte para se manter alguém, fora a fama, penso que se alguém estivesse com ele há muito tempo e ele nem aí pra aparência.

Claro, isso é uma suposição bem aleatória. Mas se fosse pensar no meu caso. Gosto de me arrumar bem, de ficar perfumado, de estar com barba feita e cabelo cortado, arrumado com gel. Então, depois de alguns meses de namoro eu começo a relaxar. Compro qualquer roupa, engordo, deixo o cabelo crescer, a barba sempre por fazer. Não acho justo fazer isso. Penso que, em vez de se dizer que ela deve me amar apesar de tudo e se não quiser que vá embora, deveria me cuidar ao máximo para que Vanessa continue a me admirar, a se sentir atraída por mim e que tenha por mim sempre o encanto que a fez se interessar por mim. Claro que um monte dirá que eu deveria me cuidar independente de ela gostar disso ou não, aquele velho papo que se deve fazer por mim mesmo e não pelos outros. Pode até ser. Mas fazer por nós mesmos pode ser perigoso. O que pode ser bom pra mim pode não ser pra ela e vice-versa. Relação é isso, é pensar em si, mas no outro também. Se a vida é a dois, então deve-se pensar nos dois.

A gente precisa mudar, sim, quando necessário. Não existe esse papo de "você tem que me amar do jeito que eu sou". Se um conjunto faz alguém se interessar por alguém, a descomposição dele pode gerar desinteresse, pois cada um tem seu gosto. Tem mulher que gosta de homem sarado, conhece o cara sarado e se o cara relaxa nisso, ela pode, sim, perder o interesse por ele. A mulher que deixa de pintar os cabelos ou de se arrumar por causa do corpo, por exemplo, pode fazer com que o cara não tenha tanta atração.

É linda a história que o amor vem de dentro e acontece pelo que o outro tem por dentro. Pode ser. Tem casos em que isso permanece apesar de qualquer coisa. Mas algo pior pode acontecer. A relação se arrastar por anos com uma frieza tal que pode gerar problemas maiores, como traição. Obviamente a culpa não está em quem não se cuida, mas se facilitar, acontece, sim.

Aliás, demonstrar amor também é se cuidar pelo outro, sim. A gente pode muito bem se enganar sobre o que é suficiente para manter aquela pessoa do nosso lado com toda intensidade inicial. Estar barbudo pode não ser nada demais pra mim, mas pode fazer com que eu deixe de ganhar beijos, beijos que podem gerar carinhos, que podem levar a um momento mais íntimo. Esse detalhe que parece ser sem importância pra mim pode significar um afastamento gradual quase imperceptível.

O cotidiano é que faz a solidez da relação e não momentos programados chamados especiais. Aliás, a realização desses depende do que se recebe. Eu gosto de agradar, sim. Não vejo atender algum pedido de minha namorada com relação a minha aparência como perda de personalidade. Posso estar incorporando algo a ela, isso sim. Tenho amigos cabeças-duras que acham que não se deve mudar nada por ninguém.

Acho que a gente tem que se cuidar, sim. Por nós mesmos e pelos outros. Se a gente relaxa, é porque pra gente tá bom, mas na vida a dois será que tá bom pra quem está conosco? Eu prefiro não arriscar e me cuidar.

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