Procurador de coisas

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

"Já estou cheio de me sentir vazio"


Quando me proponho a escrever, não me preocupo muito com o que vão pensar. Talvez eu diga isso porque já sou bastante criterioso com o que vou dizer com o teclado do computador. Mas aprendi tantas coisas com minha amiga Ana que tenho mudado um pouco a maneira de me expressar. Aqui não preciso me preocupar mesmo com o que vão pensar. Ao contrário, falo de coisas que observo, falo do meu ponto de vista e falo de coisas a respeito do que sou, do que sinto no momento, dos pensamentos, que podem ser convicções ou meramente voláteis. No bom sentido, esse não é um espaço democrático. É meu planeta, aqui mando eu. Mas a regra número dois é que todos são bem-vindos e livres pra expressar tudo da mesma forma, sendo amigo ou não.

Pra quem tem uma DII (doença inflamatória intestinal), é fundamental ter uma autoestima equilibrada. Isso não foi regra na minha vida. Acabava sempre por duvidar das minhas capacidades e talentos. Talvez eu tornasse mais relevante a amostragem ruim dos resultados que obtinha. Mas isso teve que mudar porque disso depende o sucesso das minhas coisas e a minha saúde, principalmente.

Lembro que, quando retomei minha carreira de músico, recebia os elogios do público e os rechaçava com toda educação. Fazia isso até minha amiga Gê ver. Levei uma bela bronca, pois ela dizia que eu tinha que simplesmente agradecer e pronto. Juntou-se isso ao fato de a banda passar não só a reconhecer, mas a demonstrar a excelência do meu trabalho e passei a perceber qual era a minha importância no meio musical, naquela banda, pra aquele artista. Antes eu fazia algumas comparações e me colocava em um patamar bem inferior... mas é bom ter amigos. Os verdadeiros reconhecem nosso valor e nos colocam no devido lugar.

Passei, então, a ver meu valor em tudo que faço. Porque se depender da opinião alheia pra saber quem sou, o que eu seria de verdade? Um Frankstein? Seria um remendo de coisas e não seria coisa alguma. Alguém volátil como o éter, um cruzamento de rodovias, um suco tão misturado que não se saberia distinguir o gosto.

Obviamente, a opinião alheia é importante. Ela nos move a melhorar em alguns pontos. Os elogios nos exaltam e o reconhecimento nos faz seguir em frente. Mas acima de tudo, o que eu penso a respeito de mim mesmo é o mais importante. Creio que isso é ter personalidade apesar de tudo, apesar das pessoas. A gente descobre muitas coisas com isso.

Eu descobri que sou um excelente músico. Posso não ser virtuoso, mas ainda assim o sou. Sou porque faço o que amo, porque faço com dedicação e porque é algo que faço com certeza. É o meu dom, é o meu talento e é comparando com um ou outro que vou definir quem sou. Defino o músico Cristiano pelo que ele é capaz, pelo que demonstra, pelo que desperta nas pessoas, pela presença de palco, pela boa afinação, pelo bom ouvido musical.

Descobri minha capacidade de fazer as pessoas rirem, de pensar rápido em trocadilhos, de ser inteligente na arte de fazer graça. Descobri que sei desenhar, que faço boas pinturas de óleo sobre tela, que sou criativo para logomarcas e na arte de improvisar. Sei da minha capacidade de atuar num palco.

Descobri que o Cristiano é um excelente amante porque ali está alguém pleno. Ali está um cara disposto a tornar aquele momento o melhor da vida de quem está comigo. Sou bom porque não me preocupo apenas com o prazer físico, mas de toda uma satisfação ambiental, emocional, estrutural. Ali estou eu disposto a ser o melhor homem do mundo e tornar a mulher a melhor do mundo. Sou o cara porque trato a mulher com megacarinho, com muito respeito e estou ali de corpo, alma e coração.

Descobri que sou um excelente escritor porque aprendi a ler a mim mesmo, porque sempre quis escrever bem, porque faço com dedicação, porque pesquiso o que não sei. Descobri porque é a mim que as pessoas recorrem quando têm dúvidas, porque sei corrigir os erros sem ser grosseiro. Percebi meu valor na escrita quando recebo os elogios, quando amigos me incentivam a retomar meu blog, quando comentam bem a respeito.

Descobri que não sou o ás da informática nem o rei do inglês, mas é o Cristiano que procuram quando precisam tirar dúvidas. Dúvidas simples até, mas lá estou eu, útil.

Descobri um cara lindo no espelho. Passei a ver um cara charmoso, que fica bem de barba ou sem, de cabelo arrepiado ou não, sorrindo ou sério. Percebi porque ouço isso de amigas (verdadeiramente só amigas). Tenho a perfeita noção, sem pretensão, que sou um homem que saber tratar uma mulher. Sei ser carinhoso, compreensivo e entender seus momentos. Sei conquistar, apesar dos meus defeitos. Tenho essa capacidade. Sei do valor que tenho como homem romântico e gentil. E isso não depende do que acham ou não.

Nada disso é deixar que as opiniões direcionem a minha vida. São simplesmente sintomas que se apresentam nas vidas das outras pessoas e que comprovam o que sou. Minhas convicções se confirmam nas reações das pessoas. E é preciso se notar isso, sim. Óbvio que sempre haverá quem pense o contrário, mas se todos pensassem igual que tédio seria. É importante ouvir as opiniões, mas elas devem refletir as convicções que temos de nós mesmos. Eu não tinha essas convicções e recebia com desconfiança os elogios.

Os defeitos? Ah! Esses são muitos! As críticas aos defeitos atingem diretamente o nosso ego. Tem horas que achamos que as pessoas não têm o direito de apontar nossas falhas. E talvez não tenham mesmo. Mas, uma vez digerido o baque de receber uma bela crítica, é hora de sentar e pensar sobre aquilo e ver que relevância tem aquilo pra melhorar nossas vidas e que importância tem para os que nos cercam, até que ponto afeta negativamente às pessoas que convivo, as que realmente importam.

O segredo pra eu me encontrar, saber quem sou de verdade e reconhecer meu valor foi conseguir assimilar os elogios e digerir as críticas. Mas seja por qualidade, seja por defeito, há sempre algo a se fazer pra melhorar.

Hoje é o último dia do ano. Quero, em 2011, a minha autoestima lá na estratosfera. Sem soberba, nada demais nem de menos. Simplesmente saber, entender e demonstrar quem eu sou.

3 comentários:

  1. Excelente, amigo!
    Feliz 2011 procê...
    "A maior descoberta de minha geração é que os seres humanos podem modificar suas vidas apenas mudando suas atitudes mentais"
    William James

    ResponderExcluir
  2. Estou adorando ver vc pondo pra fora o talento que sempre teve "excesso de humildade" de aceitar..os excessos SEJAM ELES QUAIS FOREM são prejudiciais...até amar em excesso é prejudicial..por que? porque perdemos a visão sensata, e tanto nós quanto nossos amados dependem desta dose de pé no chão, de sanidade, não podemos culpar outros por nossos excessos...
    Enfim me vi citada! hehehe (já tava com ciúme doentio e EXCESSIVO dessa tal de Ana - nada pessoal, imagiiinaaaa! só esperei trocentos anos e ela chega c tudo..tá tá..sou ariana e ciumenta..assumo! kkk)
    Enfim amigo...é vdd o que disse naquele dia...um dos maiores problemas dos bons de coração é se boicotar em seus desejos, possibilidades, talentos...e vc fazia isso de certa forma...
    O outro lado é a prepotencia, o excesso de auto-confiança (olha aí o excesso novamente, cuidado com ele!)...então a questão é medir a dose e seguir sem esquecer nossa verdadeira essência.
    FELIZ 2011! OBRIGADA POR TODO CARINHO, PACIENCIA E PALAVRAS...TE ADORO!

    ResponderExcluir
  3. Meu querido amigo...
    Você, o cara que tinha o maior poder de me fazer rir quando eu na verdade só queria levar meu pensamento pra bem longe de mim, dessa vez me fez pensar na minha vida, com tantas coisas acontecendo eu esqueci de ser feliz, não somente nas grandes coisas,mas nas pequenitas também , e olho pra você, e leio essas coisas, como te disse foi um tapa na cara. Obrigada por ser esse amigo louco, sensato, e muito muito muito "pedaço" rs.
    Amigo você é o cara, vou viciar nas visita aqui.

    Um 2011 M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!!!

    Lov ya!

    ResponderExcluir

Fala você que eu tô cansado...