Procurador de coisas

domingo, 26 de dezembro de 2010

Organizar ícones

"...Só por hoje eu não quero me esquecer
Que há algumas poucas vinte e quatro horas
Quase joguei minha vida inteira fora..."

(Renato Russo - Só por Hoje)

A vida inteira é algo que eu passei a não considerar há um tempo. Tempos atrás, uma amiga minha passou por uma grande desilusão amorosa. Coisa cruel, coisa de novela. Foram semanas de conversas, ligações, mensagens, scraps para tirar dela a ideia de desanimar e inclusive de tirar a própria vida. Passionais como eu precisam aprender algumas lições com a vida. A vida inteira.

Em outros tempos, certamente eu agiria de forma parecida, mergulhando em profunda depressão. Mas a gente vive e se a experiência não nos serve pra nada, o tempo é realmente perdido. Usar o tempo em nosso favor significa analisar o passado e confiar no futuro. Olhando pra trás, entendi, finalmente, que o tempo cura tudo. O mesmo Renato disse que "o tempo é mercurocromo". É que o ser humano é impaciente mesmo, não consegue esperar, não suporta sentir dor e ela acaba se tornando eterna enquanto dura e muito mais intensa do que deveria ser.

Uma vez sabendo que o tempo cura, é preciso aprender outra lição importante. Essa "vida inteira" só existe se olhando de fora. Nós precisamos aprender a dividi-la em compartimentos, senão a gente sucumbe mesmo. Imagine se colocarmos tudo num só pacote arroz, feijão, peixe, ovos e fecharmos hermeticamente. Basta o peixe se deteriorar pra contaminar todo o resto. Aprendi a ver a vida como o oposto disso. Não deu certo a relação? Existe uma carreira pra se cuidar. O emprego está mal? Existe um amor pra consolar. Não vão bem os dois? Tem os amigos. Sempre se tem algo pra cuidar. O fato é que não podemos deixar de olhar pra frente. Nunca.

Dividir a vida em partes é questão de sobrevivência. Não fazer isso é gostar pouco de si mesmo e dar mais importância aos fatos do que a sua própria vida. A vida não é um quebra-cabeças, pois se fosse, ai de nós se perdesse uma peça. Ficaria um vazio que, por menor que fosse, a tornaria feia. A vida tem que ser como pastas de computador, que a gente organiza como quer, por ordem alfabética, por tamanho, por importância. Alguns arquivos são corrompidos, outros a gente tem que deletar, mas sempre existe a possibilidade de se criar uma pasta nova.

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