Não que ele seja um poeta, mas Vanderlei Luxemburgo acertou em cheio uma vez, quando disse que o medo de perder tira a vontade de ganhar. E não é que na vida tem sido assim? Pelo menos comigo.
Passei muitos anos da minha vida me escondendo atrás do inesperado. Sempre pensando nas possibilidades, racionalizando. Ué! É óbvio que se usarmos a tal estatística, chegaremos à conclusão de que sempre tem a possibilidade de dar errado. O realismo é importante e eu o tenho aqui como armadura. Mas essa carapaça pode atrapalhar a vida da gente. Imagine ganhar na Mega sena. Pena que as chances são de 1:50.063.860. Muito? Que tal, então, pensar na possibilidade de 50% de chance? E não é? Ou você ganha, ou você não ganha! Pura matemática. Óbvio que essa matemática não se aplica se você for o Rubinho Barrichelo...
Mas como eu dizia, foram muitos anos justificando a inércia pelo medo. Os amores se perdem, as oportunidades passam, os empregos se mantém... E a gente passa aquela vidinha apoiados no cotidiano quase que o usando como muleta. Nada de novo. As motivações são terrivelmente sufocadas pelo risco de algo sair errado. Vai que...?
Agir assim é quase como fumar. Eu não fumo, mas aposto que quem fuma sente prazer (não existe outra explicação) e esse prazer vai matando, vai matando... É, mas tem gente que vive 80 anos fumando. Tanto pior! Imagine a qualidade de vida do infeliz sendo péssima durando tanto tempo. Pois é. Agir assim é como fumar mesmo. Num determinado ponto, a gente olha pra trás e sente a dor pior do arrependimento. Um lastro de consequências ficou pelo caminho e isso pode desanimar ainda mais. Terrível é olhar pra trás e perceber que o tempo passou e que o prazer de não mover uma palha pelo que se não tem hoje não compensou. Isso poderia ser pior se esse passado ainda governasse o nosso presente.
Quando se chega a um ponto de análise, pode-se ter duas atitudes. Desânimo total e achar que é tarde demais, ou... ser bem clichê e dizer que nunca é tarde pra recomeçar. Pelo menos não tarde demais. Tô eu aqui com quase 35. Pouco me esforcei pra ser o que gostaria. Tive medo de dar errado, medo de não me sustentar, medo de perder pessoas, medo de um futuro incerto. Sabe o que tem que ser o fiel da balança? A felicidade. Encontrei esse tal fiel e deixo ele lá pra cada situação. Eu posso até chegar aos 80 sem ser feliz, mas hoje eu posso garantir que não foi por medo de tentar.
"Vivemos infelizes por termos medo de mudanças, de ver nossa vida acabar em ruínas. Ruínas são um presente. São o caminho para transformação" (Comer, Rezar, Amar)
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