Procurador de coisas

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O PIOR CEGO É AQUELE QUE SÓ ENXERGA O QUE QUER

Um ano atrás. Entro na sala do meu chefe, fecho a porta e sento na cadeira. Depois de mais de seis anos de emrpresa e há cinco sem nenhum aumento, achei que, por tempo, por minha evolução como profissional, por ter acumulado funções e outras particularidades não encontradas em qualquer um, seria a hora de pleitear um aumento. A justificativa para a recusa foi o fato de eu ter me licenciado algumas vezes por conta da retocolite. Parece um pretexto plausível, mas dá pra olhar isso mais de perto.

Primeiro, eu não tenho culpa de ter uma doença crônica. Mas há outros pontos. Não se considerou que, pra cada afastamento por crise eu trabalhei por meses me arrastando pelos corredores pra não deixar de cumprir com meu dever. Fora isso, também não se considera os estado crítico em que volto da licença, quando fico entupido de corticoide por meses, cujos efeitos nos limitam fisicamente. Minha evolução em cinco anos aliada ao "sacrifício" de estar no trabalho em condições precárias (lembro-me que quase desmaiei certa vez) não contam. Ser pontual nos dias que estive aqui também não. Deixar de vir apenas pela retocolite e vindo doente em outras condições também passa em branco.

Fico pensando no que fazer mais para merecer uma recompensa que não seja tapinha nas costas. Enquanto isso, vejo outras pessoas recebendo aumentos e promoções mantendo suas funções. Nada a mais é imputado a essas pessoas, no entanto, seus percentuais são garantidos. Entendo que fazer o melhor é importante, mas hoje tenho certeza que a empresa está perdendo talento. Não porque estou de saída, mas eu, mesmo ficando, não tenho mais a mesma dedicação. O ser humando é movido a estímulo. Também não acho nada de errado em fazer o básico. As relações trabalhistas são frias, racionais e não passionais. A empresa paga, eu exerço minha função e pronto. Não diz que eu tenha que me empenhar pra evoluir. Aliás, já fiz isso por natureza. Agora, como sei do risco de que uma crise pode se aproximar uma hora ou outra, mesmo que isso demore anos, e eles sempre vão contar com isso, nem me esforço pra melhorar. Nem digo a mim mesmo, porque isso eu busco em qualquer lugar, mas nenhum esforço a mais eu faço, como fazia, pra otimizar serviços, encurtar prazos, aproveitar o tempo. E estou com a consciência tranquila de que não é culpa minha.

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