Procurador de coisas

quarta-feira, 25 de maio de 2011

EU TE DISSE, EU TE DISSE!

Dizem que se conselho fosse bom, seria vendido e não dado. Não acredito nisso, claro, mas conselho é igual favor: a gente não pode ficar chateado se não for atendido.

Tem gente que não atenta pras coisas gerais da vida. Alguns se encostam e não procuram emprego. Aí, vai a gente que tem o mínimo de coerência e diz: cara, a vida tá passando, você é jovem, aproveita agora porque depois fica mais difícil... Isso é um conselho que a experiência pode dar. É quase matemático, se é que é quase. Assim, a gente aconselha os mais novos a estudar, a aproveitar a juventude que têm porque sabemos o que vem depois...

Mas os mais velhos se esquecem justamente de que da mesma maneira que já foram jovens, pelo mesmo motivo deveriam entender que não tem jeito. Quem é jovem quer tentar por si mesmo, acha que entende de todas as coisas da vida. A sensação de liberdade e da eterna juventude é como um ópio. Mas a gente também se vê capaz de ter as soluções pra outras pessoas mais velhas também. 

Eu aprendi uma coisa que disse outro dia aqui no blog. Amor não tem regra, portanto, a gente pode avisar, pode conduzir mas não tem jeito. O coração quase sempre fala mais alto e ensurdece os ouvidos de quem está apaixonado. Danem-se os conselhos, dane-se a experiência alheia, dane-se se tudo leva a crer que a gente vai quebrar a cara lá na frente, dane-se se isso está óbvio. Não importa. Quando a gente está amando não há quem nos demova da ideia de continuar amando.

Os avisos, os alertas, os sinais... tudo parece ser inútil e acaba mesmo por dar aquela sensação de dever cumprido quando a merda estoura. Aí vem o irritante "eu te disse, eu te disse"

Eu me lembro quando na minha casa havia dois coqueiros e toda vez que eu ia tirar cocos pra tomar aquela água docinha vinha alguém e dizia: "Ó o dedo!". Como se o aviso evitasse o acidente, como se o dedo fosse cortado era porque eu não ouvi o que a pessoa disse.  Pois é, todo mundo acha o que é o melhor pra nossa vida. Acham que não conseguimos tomar decisões por nós mesmos. Também não entendem que conhecemos os riscos, estamos dispostos a correr esses riscos e, mais ainda, dispostos a arcar com as consequências. Quando a gente é jovem não tem muita noção do perigo, mas depois de velho, a gente sabe direntinho onde pisa. Se não sabemos, deveríamos. 

Acho que nunca vou deixar de dar e receber conselhos. Mas é a tal história do favor. A gente pede, se é favor, não pode ficar chateado se não for atendido. Tem gente que se irrita com isso, que se chateia com conselho não seguido. Fala sério! Eu falo pras pessoas o que eu estou vendo. Dizem que quem vê de fora, vê melhor (frase feita horrível, porque nem sempre é verdade), mas em última análise, ninguém tem que seguir nada.Cada um tem sua história e vai seguir seu caminho, que é único. O que a gente espera é que todos estejam cientes e preparados pras consequências.

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