Procurador de coisas

terça-feira, 9 de abril de 2013

ARRISCAR?

Se tem algo em mim que não se confunde é o coração. Não me lembro de ficar indeciso quanto a isso. Amei, desejei, me apaixonei sempre com toda certeza do mundo. Pior de tudo é que esse coração está  sempre aberto para trabalhar intensamente. Pior, digo, porque as consequências, quando não dá certo, são terríveis. Eu que o diga. Mas esse velho coração cansado andou dando lugar ao cérebro. Felizmente? Sei lá...

Recentemente, conheci uma mulher interessante e nada genérica. Embora talvez as as afinidades não signifiquem muita coisa, essa tinha tudo pra dar certo. Mesmos gostos, mesmas vontades, mesmos anseios de vida e até o mesmo tipo de chocolate preferido. Instintivamente, meu coração deveria seguir esse rumo e sabe-se lá em que pé estaríamos hoje. Mas a razão, que havia acabado de trabalhar nesse coração meio casado, resolveu atuar e pedir trégua e atentar para os riscos do envolvimento. Logo eu, que nunca liguei pra isso, menos ainda para o fato de estar saindo de uma relação e mergulhar em outra. Então, por que, diabos, eu não arrisquei? Se eu não me apego aos critérios estabelecidos pelo senso comum, como o "vai com calma, você acabou de sair de um relacionamento...", por que não dei vazão ao sentimento?

Dizem os praticantes de esportes radicais que o medo é que traz a segurança. Acho que, depois de tantos anos, tive medo, um medo que protege. E eu estou bem assim? Não. Eu posso estar protegido por esse medo, mas nada contente com essa situação. Embora eu realmente esteja ciente que preciso refrescar mente e coração, admito não estar gostando nada disso. Resumindo, eu não nasci pra ficar sozinho.

O senso comum diz pra eu ir com calma. Sei lá se as pessoas realmente seguem isso, mas elas dizem sempre a mesma coisa. Que é preciso dar um tempo, que é bom ficar sozinho um período, que é pra se pensar no que se quer, que isso, que aquilo. Bem, eu continuo querendo o que sempre quis: uma companheira. O caso é que todo mundo me enxerga jovem. Para o mundo atual, um cara de 37 anos ainda tem muito pela frente, ou pior, está só começando, diferente do meu pai que, com a minha idade já era pai de seis, inclusive eu havia acabado de chegar ao mundo. Proles à parte, eu não me vejo jovem assim como a modernidade vê. Eu me pergunto se posso manter os mesmos critérios que tinha há alguns anos. 

Parece pouca a minha idade? Alguém me perguntou se quero ter filhos? E se isso parece simples, pense em eu estabelecendo uma relação com uma mulher com idade "compatível" com a minha (acima dos 30, segundo muitos gostam de estabelecer). Essa mulher já realizou seu sonho  na maioria dos casos. Com menos, até. As mais novas se acham jovens demais pra isso, pra idealizar o sonho do filho. Antes de tudo, todas querem se formar, se especializar... Trata-se de eu cair numa época meio ruim. As mais velhas já têm o que queriam, as mais novas buscam outras coisas. E nisso, fica difícil encontrar alguém que sonhe o mesmo sonho. Pelo menos esse sonho.

Não parece mais tão simples encontrar alguém. Não estou mais podendo arriscar, mas também já não estou podendo tanto escolher. E ainda preciso pensar em cada possibilidade o que o resto do mundo pensará a respeito. É lindo ouvir dos amigos que o importante é ser feliz, que o que interessa é encontrar alguém, que não importa o que dizem os outros. Lindo mesmo, mas se o cara aqui encontra uma de 18 anos apaixonada os olhos se arregalam. A palavra "INCOMPATIBILIDADE" fica estampada na testa das pessoas, como se esperassem o momento certo da relação terminar pra despejar seus critérios cheios de razão e dizer: não tinha mesmo como dar certo, ela era muito nova. Ou, quem sabe, como aconteceu comigo, quando tive alguém que morava longe. Era tudo lindo até acabar. Amigos davam a maior força mas quando terminou a primeira coisa que disseram era porque não tinha como dar certo por ser longe. Então, é muito bonitinho isso de que quem estabelece as coisas somos nós, mas vai enfrentar o povo. Vai enfrentar a família, cheia de critérios olhar torto pra sua namorada porque acham que ela não é mulher pra você.

Não, eu não estou satisfeito com a situação. Também não sei se tenho feito bem de usar a razão. Não sei se isso me protege ou se me prende ao ponto de me fazer sofrer com isso. O coração está livre depois de muito tempo. Talvez a diferença seja que ele não caminhe mais em direção a outro e está simplesmente esperando que algum outro vá até ele. Espero que a razão me sustente até lá. Ela me mostrou que vale a pena usá-la, embora ela faça sofrer quase tanto quanto a emoção, mas sofre-se por um período bem menor. 

Bem, vamos respirar um pouco e ver o que o teremos nos próximos dias.






3 comentários:

Fala você que eu tô cansado...